RICARDO CAMARGO GALERIA REALIZA MOSTRA “POP, NOVA FIGURAÇÃO E APÓS” COM 25 ARTISTAS DE REFERÊNCIA DA VANGUARDA BRASILEIRA

Ricardo Camargo Galeria realiza mostra “Pop, Nova Figuração e Após” com 25 artistas de referência da vanguarda brasileira de 24 de novembro a 31 de janeiro. Mostra histórica traz 58 obras de nomes como Wesley Duke Lee, Cláudio Tozzi e Antonio Dias, sendo 18 inéditas.
 
Em 2015 duas megaexposições internacionais – The World Goes Pop, da Tate Modern de Londres e a mostra itinerante pelos Estados Unidos International Pop, promovida pelo Walker Art Center, de Minneapolis – colocaram a Pop Art no centro das artes plásticas mundiais. Foram apresentadas ao público do mundo todo obras de Antonio Dias, Wesley Duke Lee, Cláudio Tozzi, Nelson Leirner, Raimundo Colares e Glauco Rodrigues, entre outros artistas que reinventaram a arte brasileira entre os anos 1960 e 1970, período de forte renovação cultural do país, seguido à repressão da ditadura civil-militar (1964-85). As duas mostras estrangeiras dialogam com a coletiva Vanguarda Tropical, realizada pela Ricardo Camargo Galeria, em 2007, iniciativa pioneira que reuniu 44 trabalhos de oito artistas plásticos expoentes da arte brasileira da década de 1960, e com a mostra Arte no Brasil: Uma história na Pinacoteca de São Paulo. Vanguarda brasileira dos anos 1960 – Coleção Roger Wright, inaugurada em agosto, trazendo um recorte de 80 obras realizadas entre as décadas de 1960. É este universo que a Ricardo Camargo Galeria retoma com a mostra Pop, Nova Figuração e Após, que reúne 58 obras dos 25 nomes que transitaram de maneira transformadora no Pop Art e a Nova Figuração ou foram além – como Mira Schendel com o desenho Símbolos, de 1974, feito em caneta hidrográfica, e Ivald Granato homenageado em um emblemático óleo de 1977.

A mostra se coaduna com a trajetória do galerista Ricardo Camargo, que mantém contato contínuo há 50 anos com os artistas da vanguarda nacional, iniciado na galeria Art-Art – a primeira galeria de arte contemporânea de São Paulo, inaugurada em dezembro de 1966 – e em seguida na Galeria Ralph Camargo, que a sucedeu. A exibição de Pop marca o fechamento de um ciclo e a abertura de novas fronteiras da galeria e da arte de vanguarda.

Na exposição, a contundência do inédito óleo de Antonio Henrique Amaral, Banana grafite com cordas, de 1973, sintetiza seu vigoroso repúdio ao regime militar e mantém diálogo com o objeto Catraca, de Claudio Tozzi, travada por um cadeadono ano de 1968, quando a ditadura iniciou a sua fase mais repressiva. Tozzi ainda está presente com Multidão(1968) e no trabalho inédito Viet Paz (1966), que retrata a desigual e brutal Guerra do Vietnã, entre demais obras. Seu colega de geração, Rubens Gerchman se impõe com a majestosa tela Mata e o arrojo de Gnosis, emspray sobre alumínio, pintadas em Nova York nos anos 70, além da pintura e colagens Policiais identificados da chacina, da série Registro Policial, de 1988.

Na vertente Pop, Maurício Nogueira Lima, um puro concretista, exibe um conjunto portentoso de seis pinturas, entre elas as exuberantes telas Bang!, Goool e Tchaf! Negativo, todas de 1967, e o exclusivo retrato de Marilyn Monroe, feito em 1969. As obras do artista foram registradas pelo Instituto Maurício Nogueira Lima.

Já José Roberto Aguilar expande a sua novíssima figuração mágica no óleo Destruidor de mitos, de 1965, e Cenas Urbanas, sua primeira pintura com spray sobre tela, elaborada em 1966. São obras que mantêm proximidade com as de Tomoshige Kusuno, autor do monumental painel de telas a óleo esticadas em estrutura de madeira, de 1970, e das delicadas obras Vibração de Resíduos, Herança da perspectiva e Diamante nº 6, feitas nos anos 1960.

O mestre Wesley Duke Lee ressurge na mostra com a arte ambiental Retrato de Luzia (a Santa Amarense) ou a respeito de Titia– liquitex sobre tela e planta viva em um vaso – que participou da exposição Iconografia Botânica na inauguração da Galeria Ralph Camargo em 1970. Além da obra Retrato de um amigo (GuidoSanti, presidente da Olivetti na época), de 1967, inteiramente Pop, com sua moldura recortada; e o exemplar da Série das Ligas, de 1960, a obra mais antiga da exibição.

Ex-alunos de Wesley, Luis Paulo Baravelli mostra o raríssimo trabalho Ceci e Peri, de 1968, em madeira bruta pintada, azulejos e madeira balsa, enquanto Carlos Fajardo expõe o singular óleo Santos Dumont, pintado em 1967.

Com a obra mais recente na mostra, o irônico espírito contestador de Nelson Leirner surge em Jogos Americanos, de 2001, nas 40 unidades de silk-screen sobre fórmica que indaga “Você tem fome de que?”, que foram expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Outras preciosidades da exposição são os três trabalhos de Antonio Dias, dois deles dos anos 1960 – um característico guache e um ladrilho esmaltado a fogo – além da deslumbrante xilogravura Fósforos, de 1978, em spray acrílico azul. Nesse mesmo patamar também estão três pinturas de Glauco Rodrigues dos anos 1960, duas da série Astronauta– que estiveram na sua primeira individual na famosa Galeria Relevo, no Rio de Janeiro, de Jean Boghici, em 1966 – e a inusitada Cara e careta. Além de duas obras de Raimundo Colares de 1966 – em lápis, nanquim e aquarela – com seu vibrante grafismo inspirado nas cores dos ônibus cariocas.

A mostra da Ricardo Camargo Galeria traz ainda obras significativas de artistas importantes, mas pouco vistos, realizadas na década de 1960, como Maria Helena Chartuni e Samuel Szpigel. Totalmente pop, Maria Helena exibe um Díptico de Roberto Carlos, um Tríptico do Chacrinha e seus calourose um exuberante Ostentório de Marilyn Monroe, com óleo sobre tela recortada montada em estrutura de ferro pintado. Já Szpigel realiza uma retumbante e mordaz crítica política nas telas Aliança para o Progresso e Liberdaaaade.

Com a exposição Pop, Nova Figuração e Após a Ricardo Camargo Galeria reafirma a aposta na ousadia de diferentes enfoques da vanguarda brasileira dos anos 1960, que agora ganha merecido reconhecimento internacional.

SERVIÇO
 
Pop, Nova Figuração e Após

Abertura: 23 de novembro, a partir das 19h às 22h
 
Período expositivo: de 24 de novembro a 31 de janeiro. A galeria estará fechada entre os dias 24 de dezembro e 2 de janeiro.
 
De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 14h.
 
Telefone: (11) 3031-8079
 
Imagem/Legenda: Samuel Szpigel. Liberdaaaade, 1966 (tinta acrílica s/madeira e colagem, 46 x 168 x 3,8 cm)
 
Fonte: A4&Holofote

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