PREFEITURA DE SOBRAL APRESENTA MOSTRA 'UM SÉCULO DE ARTE BRASILEIRA NA COLEÇÃO FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ'

José Pancetti: Itapoã, Bahia (1952)
A Prefeitura de Sobral, no Ceará, promove, entre 19 de julho e 7 de outubro, a exposição “Um Século de Arte Brasileira na Coleção Fundação Edson Queiroz”, na Casa de Cultura do município. Compõem a mostra trabalhos de nomes como Antonio Bandeira, Anita Malfatti, Tomie Ohtake, Hélio Oiticica, entre outros.

Estarão expostas 60 obras, entre pinturas, desenhos, gravuras e esculturas. “Esta exposição objetiva apresentar um recorte da arte brasileira de 1917 até os dias atuais, tornando acessível a contemplação de uma das mais importantes coleções de arte do Brasil, pela primeira vez deslocada para uma cidade do interior do Ceará”, diz o curador da mostra, Max Perlingeiro.

Sobral, ressalta Max, tem uma forte vocação cultural, sendo sede de dois importantes museus: o Dom José, com um acervo de arte sacra dos mais relevantes no país, e o Madi, que abriga obras doadas por artistas ligados aos movimentos geométricos europeu e latino-americano. Além disso, o sítio urbano da cidade é tombado como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

“É uma satisfação enorme da Prefeitura de Sobral trazer uma exposição com esse gabarito para nossa cidade. É uma oportunidade única! Gostaria de agradecer à Fundação Edson Queiroz, que foi muito solícita conosco, por toda a colaboração e empenho”, afirma o prefeito Ivo Gomes.

O vice-reitor de extensão da Unifor, professor Randal Pompeu, destaca a importância dessa exposição em Sobral, que cumpre a missão da Unifor de democratizar o acesso às artes a cada vez mais pessoas, especialmente estudantes, aliando arte e cultura a educação e promovendo a atuação extramuros da Universidade. “Em razão da importância do acervo de artes visuais da Fundação Edson Queiroz, ficamos felizes em proporcionar sua apreciação pelos mais diversos públicos”, completa.

Como atividades complementares, estão programadas palestras, encontros com artistas e projeção de filmes durante o período expositivo. Será apresentada também a premiada peça “Tarsila”, encenada pelo Grupo Mirante de Teatro Unifor, com texto de Maria Adelaide Amaral e direção de Hertenha Glauce.

O espetáculo apresenta importantes personagens da história brasileira, revelando as intimidades, os anseios e as aflições de Tarsila do Amaral, pintora e expoente do modernismo brasileiro. A peça, que ganhou prêmios como os de melhor espetáculo adulto e melhor atriz coadjuvante para Lena Iorio no Troféu Carlos Câmara, leva o expectador a viajar através das memórias da pintora modernista e de seus afetos mais próximos.

A organização da mostra teve ainda a preocupação de estruturar um eficiente serviço de atendimento e arte-educação especialmente para a rede de educação, possibilitando, assim, uma melhor compreensão por parte de professores, alunos e público em geral. Esse trabalho já foi implantado com sucesso no Espaço Cultural Unifor, por meio de parcerias com escolas públicas e privadas, garantindo, inclusive, acesso gratuito à cultura a jovens da periferia de Fortaleza e do interior do Ceará, a partir de convênios com as secretarias de Educação do município e do Estado.

SOBRE

NÚCLEOS TEMÁTICOS

A mostra que será apresentada em Sobral tem início em 1917, não à toa um ano que registrou dois momentos importantes para as artes. Há cem anos, o pintor cearense Raimundo Cela obteve no Salão Nacional de Belas Artes o cobiçado Prêmio de Viagem à Europa, que possibilitou ao artista o reconhecimento como pioneiro no ensino oficial da gravura em metal no Brasil. Paralelamente, em São Paulo, a mostra da jovem pintora Anita Malfatti inspirava o infeliz artigo de Monteiro Lobato “Paranoia ou Mistificação”.

A exposição abrangerá ainda importantes movimentos culturais registrados no Brasil, como o modernismo de Lasar Segall e sua exposição em 1913, Anita Malfatti e a mostra de 1917, e a Semana de Arte Moderna 1922.

O Salão Revolucionário de 1931, nome pelo qual ficou conhecida a 38ª Exposição Geral de Belas Artes, realizada na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, também é contemplado. Tradicional reduto da arte acadêmica, o salão daquele ano foi excepcionalmente dominado pelos artistas modernistas, devido a orientação dada ao evento pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa, que havia assumido a direção da ENBA, em dezembro de 1930, e procurava promover a renovação da instituição.

Max lembra que esse salão foi responsável pelo lançamento e a consagração de toda uma geração de artistas modernistas como Tarsila do Amaral, Antônio Gomide, Ismael Nery, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Guignard, Flávio de Carvalho, entre outros.

Os ateliês livres e os núcleos operários também se fazem presentes, pelas artes do Núcleo Bernardelli, no Rio de Janeiro, e do Grupo Santo Helena, em São Paulo. Fechando a exposição estão obras de arte abstrata, informal, geométrica, de representantes da arte contemporânea consagrados no Brasil e no exterior.

E, claro, não poderia faltar o núcleo de artistas cearenses, com a presença de toda uma geração de artistas que inclui Raimundo Cela, Sérvulo Esmeraldo, Antonio Bandeira e Aldemir Martins.

COLEÇÃO FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

A Coleção Fundação Edson Queiroz vem sendo estudada por notórios curadores, que apresentam diferentes recortes. Em março de 2013, por exemplo, foi realizada a exposição “Trajetórias – Arte Brasileira na Coleção Fundação Edson Queiroz”, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Marcelo Campos, no Espaço Cultural Unifor. Em julho de 2014, Lauro Cavalcanti fez a curadoria de “Abstrações – Coleção Fundação Edson Queiroz e Coleção Roberto Marinho”, exposta no Espaço Cultural Unifor. Mais recentemente, em 2015, foi criada a mostra itinerante “Arte Moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz”, com curadorias diferentes. Regina Teixeira de Barros fez a curadoria nas apresentações na Pinacoteca de São Paulo, na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, e no Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba. Já na Casa Fiat de Cultura de Belo Horizonte, a curadoria ficou sob a responsabilidade de Valeria Piccoli. Por último, a Casa França Brasil, no Rio de Janeiro, abrigou a mostra, sob a curadoria de Marcelo Campos.

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

Como poucas instituições no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, a Fundação Edson Queiroz construiu um amplo acervo de arte brasileira, sobretudo do século 20, com obras de artistas do porte de Lygia Clark, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, entre outros. A articulação entre a educação superior e as artes faz parte da essência da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), onde a comunidade acadêmica convive em harmonia com as artes visuais, o teatro, a música e a dança, por meio da realização de exposições no Espaço Cultural Unifor, de espetáculos no Teatro Celina Queiroz e do apoio permanente a seus grupos de arte – Big Band, Camerata, Cia. de Dança, Coral, Grupo Mirante de Teatro, Orquestra Infantil de Sanfonas, Grupo Infantil de Flautas, Grupo Infantil de Violinos e Grupo Infantil de Piano. A Fundação mantém ainda a Biblioteca de Acervos Especiais, composta por livros raros adquiridos da coleção de Francisco Matarazzo Sobrinho, aberta à visitação pública sob agendamento.

SERVIÇO

“Um Século de Arte Brasileira na Coleção Fundação Edson Queiroz”

Realização: Fundação Edson Queiroz

Planejamento e organização: Pinakotheke Cultural

Iniciativa cultural: Prefeitura Municipal de Sobral

Curadoria: Max Perlingeiro

Abertura para convidados: 18 de julho, às 19h

Período da exposição: de 19 de julho a 7 de outubro de 2017

Horário: de terça a sábado, das 9h às 19h, e aos domingos, das 16h às 20h

Casa de Cultura de Sobral - Av. Dom José 881, Centro, Sobral, Ceará

Mais informações: (88) 3611-3324 e (88) 3611-2275

Fonte: A4&Holofote



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