Mostrar o mundo
como uma estrutura passível à mudança e posicionar-se como resistência diante
da profusão de contradições formais, políticas e socioculturais. Enquanto
artista, colocar-se como um radar de seu tempo, sempre trazendo à tona uma
reflexão daquilo que vive. É neste contexto que nasce Em Choque, coletiva que a
Choque Cultural estreia no dia 16 de março no Projeto Estúdio|Itaim, com
trabalhos recentes e inéditos de Alê Jordão, coletivo Bijari, Daniel Melim,
Jaca, Mariana Martins, Narcélio Grud, Rafael Silveira e Tec.
A exposição
marca um novo momento da galeria. No ano em que completa 15 anos em atividade,
a Choque Cultural consolida seu espaço na arte pública e fortalece seu
manifesto embrionário por atuar no coletivo. Como um projeto híbrido, as
exposições extrapolam as paredes da galeria e ocupam as vias urbanas e espaços
expositivos complementares. Os artistas abrem seus estúdios e os transformam em
partes do todo. É o chamado Projeto Estúdio, que na ocasião da mostra ocupa o
galpão industrial onde também funciona o ateliê de Alê Jordão.
Os estúdios onde
criam os artistas Tec e Bijari também se juntam ao projeto, que atende ainda a
uma demanda por fortalecer um canal direto entre público e criadores. No
futuro, tais espaços também funcionarão como ambientes expositivos temporários.
"O corpo de artistas da Choque tem uma visão cultural independente, ora
distinta, ora similar, mas sempre complementar", afirma Laura Rago,
curadora que se junta à equipe da Choque Cultural. "Funcionamos como um
organismo vivo, colaboratório e pautado na inclusividade", acrescenta
Baixo Ribeiro, fundador da galeria.
Em diálogo com o
cenário atual que o Brasil atravessa, o corpo de artistas toma como um de seus
objetivos aproximar o espectador dos fatos históricos que o rodeiam. As
memórias encapsuladas de Mariana Martins, materializadas em obras com resina
transparente, preservam e passam adiante suas lembranças. Ela também exibe
trabalhos da série Diplomas, feitos a partir da combinação de linguagens que a
acompanha todo o tempo: o desenho, a pintura, a caligrafia e a colagem. Com
eles, a artista levanta questionamentos sobre o sistema educacional
tradicional.
Em suas diversas
singularidades, a arte também surge como ferramenta para o desenvolvimento de
novas perspectivas de dinâmicas sociais e de poder entre a cidade e seus
habitantes. Com trabalhos da série Navalha Estética e Política, o coletivo
Bijari, grupo multidisciplinar e de postura politizada, instiga o público a
refletir sobre as circunstâncias políticas do presente. Exibem, ainda, Poderes,
obra na qual juntam dois cassetetes formando uma cruz em referência às
organizações que detêm o poder.
A cidade também
é base recorrente para estes artistas. O argentino Tec, autor de uma obra que
reafirma sua relação com a metrópole, convida o espectador a uma interação pela
transgressão de escalas. Na exposição, ele reflete sobre temas que reverberam
nas ruas paulistanas e exibe uma videoinstalação inédita, posicionada no piso
de um ringue que ocupa parte do espaço expositivo. O artista apresenta ainda
vídeos da série Culatra, uma sequência de desenhos recentes, feitos no asfalto
e registrados com o auxílio de um drone - ferramenta inserida nos últimos anos
em sua obra.
A desconstrução
e a ressignificação de objetos surgem no trabalho do cearense Narcélio Grud
aliadas ao convite por interações com o ambiente expositivo. No conjunto
inédito Fé Cega, Faca Amolada, o artista apresenta uma série de objetos
construídos com tábuas de carne e facas que, combinadas, formam kalimbas. Em
suas mãos, as lâminas se tornam esculturas sonoras e evidenciam sua relação com
a cinética.
Os clichês
usados na publicidade que, quase sempre, remetem a um mundo ingenuamente feliz,
aparecem na pesquisa de Daniel Melim. O artista criado no ABC Paulista, palco
de importantes acontecimentos políticos do País, cria resíduos de imagens
desfocadas e borradas, por vezes desfiguradas e transformadas em ruído visual.
Se assemelham aos muros mal-acabados e construções míseras de sua cidade natal.
Na exposição, o artista apresenta telas inéditas, nas quais transforma os
clichês em estêncil a partir da combinação de acrílica, látex e spray.
O imagético pop
e ligado ao mundo da propaganda volta a parecer nas narrativas criadas por Alê
Jordão. O artista constrói estruturas frágeis a partir da desconstrução de
estruturas de metal e apresenta, ainda, trabalhos em neon, muitos dos quais
tangenciam o universo do consumo.
Mesmo diante da
realidade atual que o País atravessa, o espectador é convidado a entrar Em
Choque e se deixar tomar por um universo onírico e ambíguo. Jaca, artista que
transita entre o desenho, a pintura, o design gráfico, a caligrafia e a
colagem, incita o público a entrar em seu universo através de personagens
fantásticos, cenários e situações imaginárias que abriga em suas telas. Rafael
Silveira reforça a necessidade de falarmos dos sonhos, mesmo em tempos
difíceis. O artista passeia pela intimidade dos pensamentos e apresenta obras
inéditas - de suas já características telas surrealistas até crochês e bordados
produzidos em parceria com a artista Flávia Itiberê.
Além de reunir a
produção recente de todos os artistas representados, a mostra apresenta uma
obra inédita, de autoria do corpo artístico. "Acreditamos que a arte é uma
potência transformadora capaz de incitar a ação crítica do público e queremos
propor uma imersão em novos meios de experienciá-la", diz a curadora.
Em sintonia com
este novo momento, Laura Rago, além de se juntar a galeria, anuncia que, em
breve, deve coordenar um programa curatorial de caráter institucional
encabeçado pela Choque Cultural.
Serviço:
Em Choque, com
Alê Jordão, Bijari, Daniel Melim, Jaca, Mariana Martins, Rafael Silveira e TEC
Local: Choque
Cultural - Projeto Estúdio | Itaim
Abertura: 16 de
março, sábado, a partir das 11h
Período
expositivo: de 16 de janeiro a 03 de maio
Horário de
visitação: de terça a sábado, das 11h às 18h (fecha durante o carnaval)
Legenda: Detalhe da obra La Dolce Vita, de Rafael
Silveira e Flávia Itiberê
Fonte: Assessoria de Imprensa
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