FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ APRESENTA EXPOSIÇÃO SOBRE ARTE MODERNA



De 21 de março a 11 de agosto de 2019, a Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza, apresenta uma exposição com 77 obras de sua coleção no Espaço Cultural Unifor. A mostra Arte Moderna na Coleção Fundação Edson Queiroz reúne algumas das mais expressivas obras de arte moderna criadas por artistas brasileiros ou radicados no Brasil entre as décadas de 1920 e 1960.

Com curadoria de Regina Teixeira de Barros, a exposição esteve em itinerância pelo Brasil e Europa desde 2015. Agora o público cearense terá a oportunidade de apreciar essa exposição viajante, gratuitamente. A mostra terá o patrocínio da Valgroup e do Banco Safra.

A coleção na mostra

Ao longo dos últimos 30 anos, a Fundação Edson Queiroz vem constituindo uma das mais sólidas coleções de arte brasileira do país. Das imagens sacras do período colonial à arte contemporânea, a coleção percorre cerca de quatrocentos anos de produção artística, com obras significativas de todos os períodos. A exposição Arte Moderna na Coleção Fundação Edson Queiroz apresenta um recorte desse precioso acervo, destacando um conjunto de obras produzidas entre as décadas de 1920 e 1960, por artistas brasileiros ou estrangeiros residentes no país.

A mostra inicia-se com trabalhos dos chamados anos heroicos do Modernismo brasileiro – década de 1920 – em que as tentativas de renovação formal estão na ordem do dia. Muitos dos artistas da primeira geração modernista residiram por algum tempo em Paris, onde entraram em contato com as vanguardas históricas e delas se alimentaram.

Paralelamente à modernização da linguagem, alguns artistas dessa geração também se interessaram pela busca de imagens que refletissem ideias de "brasilidade". Nesse momento, o debate nacionalista girava em torno da recuperação de elementos nativos, anteriores à colonização portuguesa, somados à miscigenação racial, fator que passara a ser considerado decisivo na formação do povo brasileiro.

As décadas de 1930 e 1940 foram marcadas por uma acomodação das linguagens modernistas. As experimentações cedem lugar a um olhar para a arte do passado e, nesse momento, surgem "artistas-professores", como Ernesto de Fiori, Alberto da Veiga Guignard e Alfredo Volpi, que se tornariam referenciais para os seus contemporâneos e para pintores de gerações vindouras. Desse período, merecem destaque os trabalhos de Alfredo Volpi e José Pancetti, que, além de estarem presentes com um número significativo de obras na Coleção da Fundação Edson Queiroz, estabelecem uma transição entre a pintura figurativa e a abstração.

O núcleo da exposição dedicado à abstração geométrica – tendência que desponta nos últimos anos da década de 1940 e que se consolida na década de 1950 – abrange pintores do grupo Ruptura, de São Paulo, e artistas dos grupos Frente e Neoconcreto, ambos do Rio de Janeiro. A exposição reúne ainda uma seleção de artistas que não aderiram a grupo algum, mas adotaram uma linguagem abstrato-geométrica singular, mesclando-a, muitas vezes, com certo lirismo. O último segmento da mostra é consagrado à abstração informal, que ganha espaço na década de 1960, e a artistas que conceberam a tela como um campo para experimentações com materiais diversos, apontando para práticas que se multiplicariam nas décadas seguintes.

Em 2015, a Fundação Edson Queiroz começou exposição itinerante por todo o Brasil, passando por São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro, e chegou à Europa, inicialmente em Lisboa e, depois, em Roma. A itinerância da exposição oferece a oportunidade para que mais pessoas conheçam e tenham acesso a um dos acervos de artes visuais mais importantes do Brasil, uma forma de disseminar e democratizar o acesso às artes.

Sobre a itinerância na Europa, a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha, destacou a importância da exposição para a arte e a cultura brasileiras. "Eu sinto que esta exposição, inicialmente em museu brasileiros e depois em Lisboa e Roma, foi de muita importância não só para a Unifor e para a Fundação Edson Queiroz, mas para o Estado do Ceará e de certa forma para o Brasil porque levamos 77 importantes obras do modernismo brasileiro para um continente que transpira arte", destacou.

O chanceler da Universidade de Fortaleza (Unifor), Edson Queiroz Neto, destaca que a internacionalização da coleção da Fundação Edson Queiroz foi um projeto sonhado por vários anos pelo seu pai, Airton Queiroz, um dos maiores colecionadores do Brasil, falecido em julho de 2017. "Uma das maiores alegrias dele foi saber que a exposição iria para Lisboa", lembra o chanceler, acrescentando que a realização desse sonho contribuiu para a divulgação da arte moderna brasileira na Europa. "Agora, os cearenses vão poder também usufruir desse privilégio", ressalta.

O tema da exposição proporciona uma aproximação com as diversas vertentes, influências e movimentos da arte brasileira do início do século XX. "O recorte escolhido pela curadora possibilita fazer as mais diversas associações entre a trajetória de nossos artistas e o contexto histórico e artístico internacional. Essas foram décadas marcadas por profundas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais em todo o mundo", frisa o vice-reitor da Unifor, professor Randal Pompeu.

Um dos destaques da mostra é a obra Duas Amigas, de Lasar Segall, pintura referencial da fase expressionista do artista. Por um lado, Segall emprega cores não realistas, imbuídas de valor simbólico, por outro, lança mão de princípios cubistas, simplificando as figuras por meio de planos geometrizados. A exposição percorre também os chamados anos heroicos do modernismo brasileiro, apresentando obras de Anita Malfatti, Antônio Gomide, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Ismael Nery, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.

Para a curadora Regina Teixeira de Barros, as histórias que delineiam a vizinhança física dos trabalhos artísticos das obras proporcionam diversas possibilidades, uma vez que muitas são as opções apresentadas a um só tempo. "O olhar pode vagar de uma pintura a outra, pendurada ao lado, instalada na parede oposta ou entrevista na sala seguinte. De uma única obra, podem-se desdobrar múltiplas narrativas, que se entrecruzam, se espelham, se confundem ou se confrontam à medida que o olhar avança, retrocede, salta ou recomeça", ressalta.

Artistas participantes

Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Anita Malfatti, Antonio Bandeira, Antonio Gomide, Bruno Giorgi, Candido Portinari, Cícero Dias, Danilo Di Prete, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto de Fiori, Flávio de Carvalho, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, Alberto Guignard, Hélio Oiticica, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Ismael Nery, Ivan Serpa, José Pancetti, Judith Lauand, Lasar Segall, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Lygia Clark, Maria H. Vieira da Silva, Maria Leontina, Maria Martins, Maurício Nogueira de Lima, Milton Dacosta, Mira Schendel, Rubem Valentim, Samson Flexor, Sérgio Camargo, Sérvulo Esmeraldo, Tomie Ohtake, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret, Willys de Castro.

Sobre a Fundação Edson Queiroz

Como poucas instituições no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, a Fundação Edson Queiroz construiu amplo acervo de arte brasileira, sobretudo do século 20, com obras de artistas do porte de Lygia Clark, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Hélio Oiticica, Candido Portinari, Alfredo Volpi, entre outros. A articulação entre a educação superior e as artes faz parte da essência da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), onde a comunidade acadêmica convive em harmonia com as artes visuais, o teatro, a música e a dança, por meio da realização de exposições, espetáculos e do apoio permanente a seus grupos de arte – Big Band, Camerata, Cia. de Dança, Coral, Grupo Mirante de Teatro e Grupos Infantis de Sanfona, Flauta, Violino e Piano. Criado em 1988 e instalado no campus da Universidade, o Espaço Cultural Unifor apresenta exposições de grandes artistas internacionais, como Rembrandt, Rubens e Miró, artistas brasileiros e jovens talentos locais. A Fundação mantém ainda a Biblioteca Acervos Especiais, composta por cerca de 8 mil livros raros, que datam desde o século XV, incluindo parte significativa da coleção que pertencia a Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccilo Matarazzo, aberta à visitação pública sob agendamento.

Serviço

Exposição: Arte Moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz

Abertura: 21 de março de 2019, às 19h

Período expositivo: 22 de março a 11 de agosto de 2019

Horário de visitação: de terça a sexta: 9h às 19h – Sábados e domingos: 10h às 18h

Foto/crédito: Unifor – Legenda: Duas Amigas | Lasar Segall

Fonte: Assessoria de Imprensa

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