EM "O MENINO FEITO DE BLOCOS", AUTOR SE INSPIRA NA PRÓPRIA VIDA PARA CONTAR A HISTÓRIA DE PAI QUE SE RECONECTA COM O FILHO AUTISTA GRAÇAS AO MINECRAFT


O jornalista britânico Keith Stuart é editor de games do jornal The Guardian e, portanto, acostumado a ter uma série de jogos e consoles espalhados pela casa. Zac, o filho de Keith, é autista. Aos 6 anos, ele descobriu o Minecraft, e a relação do menino com o jogo foi uma revelação para a família: a nova experiência o ajudou a se expressar e, principalmente, fez com que os pais entendessem melhor quem ele era. A história da vida real é a inspiração para o romance “O menino feito de blocos”, lançado no Brasil pela Editora Record.
Na trama, Keith conta a história de Alex, um homem que incorpora perfeitamente o sentimento de “estar perdido”. Casado há 10 anos com Jody, ele é o pai de Sam, um menino autista de 8 anos. Alex nunca soube lidar com o filho. Para se afastar de todo o choro, dos ataques de fúria e das reações inexplicáveis, se afundou num trabalho burocrático do qual nem gosta. Sua ausência deixa o casamento por um fio, e Jody decide que os dois precisam de uma “separação experimental”. Não ajuda muito o fato de Alex ainda guardar um trauma de infância: a morte de seu irmão mais velho, George, quando eram crianças.
Agora, Alex está vivendo no colchão inflável do melhor amigo e precisa dar um jeito de se reerguer. E, ele logo percebe, grande parte disso passa por conhecer de verdade o próprio filho. Um dia, por acaso, os dois começam a jogar Minecraft.  O jogo é uma espécie de Lego mais elaborado e online, onde é possível construir mundos com blocos feitos de materiais diversos. Naquele ambiente, Sam se ilumina e se expressa como nunca fez antes. Ali, no “Mundo do Sam e do Papai”, como eles batizam sua criação, eles vão trabalhar juntos e se conectar de uma forma que acaba influenciando também a vida real, para além do virtual.
Keith narra com sensibilidade a jornada de Alex, um personagem que reflete de forma muito verdadeira algumas das angústias comuns aos adultos contemporâneos. Sua experiência também permite uma sinceridade tocante ao falar sobre as dificuldades de lidar com uma criança com autismo, e as delícias de conseguir criar uma relação verdadeira com os filhos.
TRECHOS:

“Enquanto trabalhamos, me dou conta de uma coisa. Em geral, quando brincamos juntos – nos preciosos momentos em que ele está disposto a se concentrar –, o que experimentamos é uma solidão compartilhada: ou eu observo, ou o guio, ou me preocupo com ele. Ou, quando brincamos com blocos de montar ou de LEGO, eu faço alguma coisa com a qual ele brinca por alguns minutos ou simplesmente a destrói. Mas aqui, por algumas horas, estamos trabalhando como se fôssemos um só – bem, contanto que eu faça o que tenho de fazer. Mas esse é outro ponto positivo. Nesse universo, onde as regras são precisas, onde a lógica é clara e infalível, Sam está no controle.”

“Típico da Jody – ela sempre conseguiu explicar o mundo para o Sam, converter as experiências dele em uma linguagem que ele utiliza e entende. Isso é algo que vivo esquecendo – que, de várias maneiras, ele é um turista no nosso mundo, um viajante desorientado sem noção das peculiaridades e dos costumes do lugar. Ela é o Google Tradutor dele. Enquanto eu paraliso, recuo e me retiro, Jody o pega pela mão e o guia. Eu sou um merda. Tenho que parar de ser um merda.”

Keith Stuart é editor de games do jornal britânico The Guardian e escreve sobre o assunto desde 1995. Ele recebeu enorme retorno, de diversos pais com experiências semelhantes, depois de contar sobre sua dinâmica com o filho autista no jornal. A repercussão acabou rendendo um convite da editora inglesa para que escrevesse “O menino feito de blocos”.

 Serviço

O MENINO FEITO DE BLOCOS
(A boy made of blocks)

KEITH STUART

Páginas: 378

Tradução: Ana Carolina Delmas

Editora: Record

Fonte: Departamento de Imprensa - Grupo Editorial Record 

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem