EMPREENDIMENTOS GASTRONÔMICOS VIRAM TELAS PARA ARTISTAS INDEPENDENTES

 

A ambientação correta também faz parte da experiência em bares e restaurantes. O atendimento presencial permite aos espaços gastronômicos inovar não apenas no cardápio, mas também na decoração. A busca por uma identidade exclusiva que converse com o conceito dos empreendimentos encontra nos artistas urbanos uma interessante solução.

Depois de desenvolver o conceito da Pizzaria da Mathilda, incluindo a criação da personagem que estampa a marca, o pizzaiolo Daniel Mocellin queria valorizar ainda mais o aspecto visual da rede. A primeira loja, no Centro (Av. Vicente Machado, 859) ganhou um painel do Pablo “Biz” Daniel, artista e designer. “Foi um lance mais referenciando pop art, ligando alguns ícones do rock a uma das obras mais famosas de Michelangelo, com logos da Mathilda e um personagem mais cartunesco, inseri ainda um gato e os cachorros do Daniel na imagem”, explica Biz.

Focando na identidade de cada loja, a segunda unidade ganhou um desenho bem diferente. “No Juvevê, eu pintei uma linha que produzo, mais abstrata. São muitas cores sólidas de fundo, com traços em preto em uma série de desenhos interligados produzidos de linhas curvas à retas”, define o artista. “O que eu mais gosto desses trabalhos é a valorização e o apreço pela arte dados pelo proprietário”.

O período de quarentena foi especialmente difícil para setores como entretenimento, arte e gastronomia, e o apoio entre artistas e empresários foi essencial para superar esses momentos, como comenta Biz: “os dois trabalhos da Mathilda foram feitos em meio a pandemia e me ajudaram a manter a sanidade. A importância vai além da estética propriamente dita para com o conjunto arquitetônico do ambiente. É uma valorização mútua dessas artes, dos produtos servidos, do pensar no bem estar de seus frequentadores e da valorização do próprio negócio, do cliente, até do movimento cultural local”.

A unidade mais recente da Pizzaria da Mathilda, no Água Verde, tem uma ilustração feita por João Paulo Moser. “Fiquei muito feliz em ser chamado para fazer o mural da nova sede, com uma pintura feita para conversar com o interior da pizzaria e com os clientes”, comenta. “A Mathilda, personagem principal da história, corre livre em seu cavalo branco, representando novos caminhos e a força necessária para superar as dificuldades das novas aventuras”.

E essa nova fase chegou para ambos. A loja do Água Verde é a terceira da marca em dois anos, que conseguiu crescer e se estabelecer no mercado local mesmo durante a pandemia. O artista também teve maior visibilidade: “foi uma ótima experiência para aplicar novas técnicas de pintura e conceito, e ainda tive mais visualização e atenção para os meus outros trabalhos”.

Mais de 100 artes

A rede Go Coffee, que tem como um dos sócios o arquiteto André Henning, também destaca a arte em suas lojas, de maneira bem inventiva. Com mais de 130 unidades pelo país, a marca dedicada ao café “to go” conta com intervenções variadas em suas paredes, valorizando o clima da cidade contemporânea e sua dinâmica para dentro dos espaços.

O primeiro grafitti foi feito pelo artista Michael Davis com um desenho exclusivo. Há outros trabalhos que tiveram seus direitos de uso comprados pela Go Coffee e podem ser reproduzidos nas lojas, desde que aprovados pela equipe de arquitetura. A curadoria interna garante a qualidade de execução e que o estilo do artista esteja alinhado com a linguagem da marca.

“Sempre coloco artes nos meus projetos, sejam urbanas como grafiti e murais pintados, até obras de arte”, destaca Henning “Vejo que a valorização do projeto é muito maior. Esses itens alegram, trazem personalidade, conceito e exclusividade para os ambientes”. A exclusividade é um dos pontos trabalhados no conceito de convidar diferentes artistas para as lojas. “Desde a primeira loja da Go Coffee a arte está presente. Valorizar a arte, os artistas e as formas de expressão é algo que está em nosso DNA”, Henning completa.

Enocultura

Novidade no cenário curitibano, o Boudet Art & Wine foi inaugurado recentemente trazendo um conceito que valoriza a arte junto com a programação noturna. Música e vinhos fazem companhia às obras espalhadas pela casa: há diversos painéis assinados por Feyk Johny (que já fez murais no Rio de Janeiro, Alagoas e até Santiago, no Chile). Além disso, uma parceria com o Solar do Rosário apresenta quadros de diferentes artistas, que estarão à venda. “A cada três meses, vamos atualizar as obras expostas, dando ao bar ares de galeria”, destaca Felipe Floriani, o DJ Flem, sócio proprietário do empreendimento.

Cafés e grafite

Outro estabelecimento que tem chamado atenção por sua arte é a Rituais Casa de Café. Logo na fachada pode-se ver uma arte exclusiva criada por Rimon Guimarães, pintor e grafiteiro curitibano que tem obras suas em mais de 20 países. O estilo autoral dele chamou atenção de Estela Cotes, à frente da Rituais. “O grafite sempre foi um estilo de arte que eu gosto muito. Poder colocar isso como fachada da nossa casa é uma forma de incentivar a arte, de promover a cultura”, explica.

O desenho alia o conceito dos cafés especiais com as linhas autorais do artista. “O Rimon já tem esse contato com café especial como consumidor, frequenta o ambiente da cafeteria, então foi rápido estabelecer essa conexão”, define Estela. “A linguagem visual dele é muito colorida, com elementos da cultura africana, que já eram elementos que eu gostaria de trazer para cá”.

A fachada ilustrada tem chamado atenção não apenas dos clientes como também das pessoas que passam em frente à Rituais. “Quem gosta de arte, grafite, para pra tirar foto, compartilha nas redes sociais. Isso agrega valor à marca, ao espaço, e ainda gera relevância para a cidade”, comenta Estela.

Foto/crédito: Brunow Camman - Legenda: Mathilda Água Verde - mural Moser

 Fonte: Assessoria de Imprensa


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