A edição de
2019 da London Book Fair, segunda maior feira de livros do mundo,
confirmou movimentos que a indústria do livro tem vivenciado nos últimos anos.
Andando pelos estandes, é visível que o assunto emancipação feminina continua em pauta. Aliás, essa temática já se mostrava uma forte tendência
entre os expositores e agentes presentes na versão
do ano passado. Entretanto, senti que esse ano o assunto passou por um processo
de amadurecimento pelo número de títulos que tratam do empoderamento feminino
para leitores de diferentes faixas etárias. Livros infantis – que contam
histórias de princesas que já não precisam mais do príncipe para salvá-las,
porque aprenderam a abrir as portas (metafórica e literalmente) –; obras young
adult por todos os lados, abordando a importância da aceitação
corporal; muitos livros sobre a inserção de mulheres no mercado de trabalho;
sobre a realidade da maternidade; e com dicas de como conseguir atender a todas
as expectativas que o mundo moderno nos impõe.
Uma
percepção que tive nesse ano – e que não vi ano passado – é que aquele velho
conceito de que livros da temática feminista eram obras de “esquerda” caiu por
terra. Diversas editoras, inclusive as autointituladas conservadoras, estão
publicando títulos sobre histórias de mulheres que se destacaram em guerras e esportes, por exemplo. O debate do gênero, da
participação das mulheres, superou a polarização política, o que é um passo
significativo e interessante.
Para uma
editora, ir a uma feira internacional de livros tem alguns propósitos: o
networking com editores, agentes e todos os profissionais da cadeia do livro
mundial e a visualização das tendências internacionais – ou seja, o que está
sendo publicado mundo afora. Essa investigação das tendências perpassa questões
como conteúdo e plataforma. No cerne da participação, a missão de encontrar
bons títulos dentro da linha editorial trabalhada, trazendo-os para tradução e
publicação. Quando colocamos em um parágrafo,
esse objetivo parece simples, mas diante de uma feira como a londrina, até o
ato de se movimentar pelo Olympia Conference Centre é algo complexo e repleto
de significado.
Além dos
estandes, temos o desafio da visita ao Rights Centre. Definido
lindamente por Leonardo Neto, editor da PublishNews, como o “coração nervoso da
feira” – um lugar onde a feira pulsa, bombeia negócios – o local é onde os
editores encontram agentes em reuniões
milimetricamente marcadas com antecedência. Nesses encontros, o objetivo é
solicitar alguns títulos e ouvir deles o que têm para oferecer, sempre
levando em conta a linha editorial e temas que
o editor procura. São as reuniões mais produtivas possíveis e ocorrem em um período de até trinta minutos; uma verdadeira
maratona que desafia os fãs de reuniões longas! Embora a feira de Londres seja
menor se comparada a de Frankfurt, na Alemanha,
ela proporciona um ambiente mais intimista – claro que com toda aquela loucura
que uma feira deve ter, mas demandando um olhar atento em cada
estande dos expositores.
Como publisher da
Primavera Editorial, estar na London Book Fair, no
período de 12 a 14 de março, significou um perfeito alinhamento da editora com
a discussão mundial sobre desigualdade de gênero, colocação da mulher no mundo
corporativo, oportunidades e avanços na emancipação feminina. A pauta – compartilhada pela editora – não tem fim, e
(in)felizmente não terá tão cedo. Existe tanta coisa para ser falada, que as
editoras do mundo inteiro têm conteúdos diferentes e oxigenados para oferecer.
Voltei com a com a mala cheia: 57 livros para a equipe da Primavera Editorial
analisar e escolher os melhores para nossos leitores brasileiros!
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Larissa Caldiné graduada em Letras
pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo (USP) e atua, há quatro anos, como publisher da
Primavera Editorial – editora voltada para a publicação de títulos que
auxiliam na emancipação feminina.
Fonte/Fotos-reprodução/divulgação: Assessoria de
Imprensa
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