A Galeria
Arte Aplicada, em parceria com o Consulado da Argentina no Brasil., inaugura a
exposição “Depois da Arquitetura” da artista argentina Luciana Levinton, com
curadoria de Lara Marmor.
A artista
argentina Luciana Levinton considera a arquitetura como objeto de suas
pinturas. Plantas e cortes de edifícios de várias épocas e lugares se fundem em
paisagens que distorcem e às vezes devoram as linhas do desenho. A pintora
absorve os elementos da arquitetura deixando de lado a racionalidade das
construções para gerar uma imagem onde a referência se transforma em pista ou
ocupa a superfície como pegada, inclusive muitas vezes se faz fumaça.
Em um
movimento de retroalimentação, Levinton explora a relação entre a linguagem
pictórica e o arquitetônico. Ao olhar um edifício, traz um processo de
desconexão das formas, na sua cabeça tudo se sintetiza e se traduz em formas e
cores de uma imagem abstrata. Desarticula um objeto para criar imagens onde o
denominador comum é a ausência de pessoas e esta eleição retorna às paisagens
ainda mais enigmáticas.
As
pinturas que hoje expõe Levinton foram realizadas a partir de uma investigação
sobre a obra de Lina Bo Bardi, arquiteta, desenhista, colecionadora
de objetos e artista. Lina era uma acusadora da ostentação. Durante sua vida no
Brasil se voltou em defesa da arquitetura pobre. Luciana Levinton retoma o
espírito austero e lúdico de Bo Bardi em sutís e belas reinterpretações de
algumas das obras da arquiteta italiana como a conhecida Casa de Vidro ou o
Centro Cultural SESC Pompeia, localizado no terreno que foi uma velha fábrica
de tambores em São Paulo.
Lina
entendia que as joias eram objetos de transformação do corpo. Também nesta
exposição aparecem em primeiro plano as pedras preciosas com as quais Bo Bardi
se fascinou logo que chegou ao Brasil e a partir dos quais acreditava que se
estabeleceria um vínculo vital entre o sujeito e a natureza.
Na série
de Óleos sobre páginas de revistas de arquitetura, Levinton também resgata
projetos de algumas arquitetas que foram deslocados pela história da
arquitetura, aqueles cujo trabalho muitas vezes não superou a instância do
esboço ou cujas incríveis invenções não foram reconhecidas ou difundidas por
serem mulheres. Charlotte Perriand, Eileen Gray, Lilly Reich e Lina Bo Bardi
são algumas das homenageadas.
Levinton
desarma, seleciona e intervém as páginas com um projeto específico de mulheres
arquitetas em uma coleção de revistas de arquitetura editados na Argentina nos
anos 70, época durante a qual estas publicações eram um canal de informação
fundamental. Uma das peças deste arquivo tem como protagonista um desenho
baseado no design de um mobiliário transformável que Bo Bardi idealizou em 1957
para um concurso em Cantú – Itália. A arte dificilmente possa mudar a
realidade, porém tem sim o poder de tornar visíveis certos problemas e a
capacidade de lançar pistas para olhar e habitar o mundo de uma maneira
diferente.
Desta
maneira Luciana Levinton se soma à corrente revisionista e crítica que na
Argentina levam adiante distintas mulheres artistas, teóricas e historiadoras a
partir da qual se ocupam de resgatar o trabalho e a figura de mulheres que na
história não ocuparam o lugar que deveriam ocupar pelo fato de ser mulher.
Assim como em suas pinturas as formas originais da arquitetura tornam-se
esfumaçadas, com estas últimas obras Luciana Levinton tem a intenção de
devolver-lhe o corpo e dar-lhe presença às obras destas maravilhosas criadoras.
SERVIÇO
Depois da Arquitetura, Luciana Levinton
Visitação: 04 a 18 de maio de 2019
Local: Galeria Arte Aplicada, Rua Haddock Lobo,
1406 – Jardins
Funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 19h,
sábado das 10h às 14h
ENTRADA FRANCA
Classificação etária: livre
Fonte: Assessoria de Imprensa
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