KARIM AÏNOUZ CONQUISTA PRÊMIO INÉDITO DE MELHOR FILME NA MOSTRA UM CERTAIN REGARD NO FESTIVAL DE CANNES 2019


Após ser aplaudido por mais de 15 minutos em sua première mundial em Cannes, na última segunda-feira (20/5), ‘A VIDA INVISÍVEL DE EURÍDICE GUSMÃO’sétimo longa-metragem de Karim Aïnouz, conquistou nesta sexta-feira o prêmio de Melhor Filme na mostra Un Certain Regard – a primeira vez que um filme brasileiro é contemplado com o prêmio máximo nesta categoria.

“É um importante prêmio do cinema mundial e muito importante para o cinema brasileiro em um ano em que tivemos uma representação maravilhosa, com o filme do Kleber Mendonça e do Juliano Dornelles, o da Alice Furtado e o filme produzido pelos irmãos Gullane. Antes de qualquer coisa, é importante que este prêmio possa incentivar o futuro do cinema brasileiro, a diversidade da nossa cultura para que tenhamos um Brasil melhor do que estamos vivendo agora. Queria dedicar especialmente para a minha amada Fernanda Montenegro, para todas as atrizes do filme e para todas as mulheres do mundo”, comemora o diretor.

“Esse prêmio é muito importante para o Brasil, principalmente no momento atual, quando a cultura precisa ser abraçada. Um filme brasileiro vem para Cannes e ganha esse prêmio prova que o investimento que se fez em educação e cultura no Brasil foi muito importante. E que a gente continue fazendo isso para que a cultura brasileira permaneça muito bem representada lá fora”, faz coro Rodrigo Teixeira, produtor do longa.

Na última segunda-feira, a sessão teve reação entusiasmada da plateia, que aplaudiu o filme por mais de 15 minutos. Após a exibição, o diretor dedicou o trabalho às mães solo e às mulheres que resistem:

“O Brasil é um dos países que mais mata mulheres no mundo e também um dos países com o maior número de mães solo. Eu dedico este filme as estas e a todas as mulheres. Eu gostaria de homenagear não a sobrevivência, mas a resistência. É importante também falarmos sobre a intolerância, esse sentimento devastador que ameaça e divide não só o Brasil, mas o mundo inteiro e contra o qual o amor é uma das formas mais poderosas de resistência”, disse Karim, que também fez questão de agradecer a generosidade de Fernanda Montenegro, atriz convidada do longa.

O diretor ainda dedicou a sessão a todos os que estiveram na rua durante o 15M, lutando pela continuidade da educação no Brasil e pelo futuro. “Somos sempre mais fortes juntos do que separados”, disse Karim.

O filme já recebeu elogios de algumas das mais prestigiosas publicações do segmento de cinema no mundo. Segundo David Rooney, do The Hollywood Reporter, “‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’ é um drama assombroso que celebra a resiliência das mulheres, mesmo quando elas suportam existências combalidas”, diz Rooney, que ainda chama a atenção para as texturas brilhantes, as cores ousadas e os sons exuberantes que servem para ”intensificar a intimidade do deslumbrante melodrama de Karim Aïnouz sobre mulheres cujas independências mentais permanecem inalteradas, mesmo quando seus sonhos são destruídos por uma sociedade patriarcal sufocante”.

Já para Lee Marshall, do Screen Daily, Karim prova que o “eletrizante e emocionante” filme de época pode ser apresentado de forma verdadeira e ao mesmo tempo ser um deleite. “Com a forte reação crítica e o boca-a-boca que essa contundente e bem-acabada saga familiar parece suscitar, é quase certo que o filme viaje para além do Brasil e dos territórios de língua portuguesa”, prevê o crítico, que adverte: “É melhor você deixar um lenço separado para as cenas finais”.

Livre adaptação do romance homônimo de Martha Batalha, ‘A VIDA INVISÍVEL DE EURÍDICE GUSMÃO’, que tem previsão de lançamento no circuito comercial em novembro deste ano, é uma produção da RT Features, de Rodrigo Teixeira, em coprodução com a alemã The Match Factory e os brasileiros Sony Pictures Brasil, Canal Brasil e Naymar (infraestrutura audiovisual).

Sobre o filme:

Definido pelo cineasta como um melodrama tropical, a obra traz nos papeis principais duas jovens estreantes no cinema. Tanto Carol Duarte, reconhecida por seu trabalho na TV aberta, como Julia Stockler, experiente atriz de teatro, foram escolhidas após participarem de um concorrido teste com mais de 300 candidatas. O elenco traz ainda Fernanda Montenegro, como atriz convidada, Gregorio Duvivier, Bárbara Santos, Flavio Bauraqui e Maria Manoella.

“Eu trabalhei com um maravilhoso grupo de atrizes e atores. Eles são todos muito diferentes, de diferentes gerações, diferentes registros de atuação - e o desafio foi alcançar o mesmo tom, a mesma vibração”, conta o diretor.

“Eu fiquei profundamente tocado quando eu li o livro. Disparou memórias intensas da minha vida. Eu fui criado no nordeste dos anos 60, numa sociedade machista e conservadora, dentro de uma família matriarcal. Os homens ou haviam indo embora ou eram ausentes. Numa cultura patriarcal, eu tive a oportunidade de crescer numa família onde as mulheres comandavam o espetáculo - elas eram as protagonistas”, recorda Aïnouz. “O que me levou a adaptar ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’ foi o desejo de dar visibilidade a tantas vidas invisíveis, como as da minha mãe, minha avó, das minhas tias e de tantas outras mulheres dessa época. As histórias dessas personagens não foram contadas o suficiente, seja em romances, livros de história ou no cinema”, completa.

Segundo o diretor, trata-se de um melodrama tropical porque a abordagem mistura preceitos clássicos do gênero, mas com um olhar que busca se adaptar a uma contemporaneidade brasileira.

“Eu sempre quis fazer um melodrama que pudesse ser relevante para os nossos tempos. Como eu poderia me engajar com o gênero e ainda torná-lo contemporâneo? Como eu poderia criar um filme que fosse emocionante como uma grande ópera, em cores florescentes e saturadas, maior que a vida? Eu me lembrava de Janete Clair e das novelas lá do início. Eu queria fazer um melodrama tropical filmado no Rio de Janeiro, uma cidade entre a urbis e a floresta”, pondera.

Rodrigo Teixeira foi o responsável por amarrar o projeto com o diretor. Ao receber o manuscrito de Martha Batalha, o produtor acreditou que Aïnouz seria a melhor pessoa a contar a história, não apenas pelo estilo de sua filmografia, mas também pela interseção entre o livro e a história familiar do diretor, onde observou a invisibilidade das mulheres conduzidas por uma geração machista.

“Quando eu li o livro eu pensei muito no Karim, tanto pela narrativa ter relação com a história pessoal de vida dele, especificamente com o momento que ele estava vivendo naquela época, e também porque o universo me remetia muito a dois filmes dele: ‘O Céu de Suely’ e ‘Seams’, o primeiro de sua carreira, ambos projetos que falam de mulheres fortes, que lutam para sobreviver na nossa sociedade”, explica Teixeira. “Além disso, há tempos Karim me dizia que gostaria de filmar um melodrama, que queria realizar um longa que se aproximasse de Fassbinder, de Sirk. E vi nessa história da Martha Batalha um potente melodrama a ser adaptado. Por tudo isso, tive a certeza que era um filme para ele dirigir. Fazia tempo que estávamos buscando uma grande história para voltarmos a trabalhar juntos, então enviei para ele o manuscrito e ele topou na hora”, continua o produtor.

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As irmãs Guida e Eurídice são como duas faces da mesma moeda – irmãs apaixonadas, cúmplices, inseparáveis. Eurídice, a mais nova, é uma pianista prodígio, enquanto Guida, romântica e cheia de vida, sonha em se casar e ter uma família. Um dia, com 18 anos, Guida foge de casa com o namorado. Ao retornar grávida, seis meses depois e sozinha, o pai, um português conservador, a expulsa de casa de maneira cruel. Guida e Eurídice são separadas para sempre e passam suas vidas tentando se reencontrar, como se somente juntas fossem capazes de seguir em frente.

Com roteiro assinado por Murilo Hauser, em colaboração com a uruguaia Inés Bortagaray e o próprio diretor, o longa – ambientado majoritariamente na década de 50 – foi rodado no Rio de Janeiro, nos bairros da Tijuca, Santa Teresa, Estácio e São Cristóvão.

A direção de fotografia é da francesa Hélène Louvart, que assina seu primeiro longa brasileiro e acumula trabalhos importantes na carreira, como os filmes ‘Pina’, de Wim Wenders; ‘The Smell of Us’, de Larry Clark; ‘As Praias de Agnes’, de Agnès Varda; e ‘Lázaro Feliz’, de Alice Rohwacher, entre outros. A alemã Heike Parplies, responsável pela edição do longa-metragem ‘Toni Erdmann’, do diretor Maren Ade, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, assina a montagem.

A VIDA INVÍSIVEL DE EURÍDICE GUSMÃO’ é uma coprodução entre Brasil (Sony Pictures e Canal Brasil) e Alemanha (Pola Pandora), na qual a empresa alemã The Match Factory é responsável pelas vendas internacionais.

SINOPSE

Rio de Janeiro, 1950. Eurídice, 18, e Guida, 20, são duas irmãs inseparáveis que moram com os pais em um lar conservador. Ambas têm um sonho: Eurídice o de se tornar uma pianista profissional e Guida de viver uma grande história de amor. Mas elas acabam sendo separadas pelo pai e forçadas a viver distantes uma da outra. Sozinhas, elas irão lutar para tomar as rédeas dos seus destinos, enquanto nunca desistem de se reencontrar.

FICHA TÉCNICA

Direção: Karim Aïnouz
Roteiro: Murilo Hauser
Co-roteiro: Inés Bortagaray e Karim Aïnouz
Baseado na obra homônima de Martha Batalha
Elenco: Carol Duarte, Julia Stockler, Gregorio Duvivier, Bárbara Santos, Flávia Gusmão, Antônio Fonseca, Flavio Bauraqui, Maria Manoella e participação especial de Fernanda Montenegro.
Produtor: Rodrigo Teixeira
Co-produtores: Michael Weber e Viola Fugen.
Empresas produtoras: RT Features, Pola Pandora, Sony Pictures, Canal Brasil e Naymar.
Produtores Executivos: Camilo Cavalcanti, Mariana Coelho, Viviane Mendoça, Cécile Tollu-
Polonowski, André Novis
Produtor Associado: Michel Merkt
Diretora Assistente: Nina Kopko
Direção de Fotografia: Hélène Louvart (AFC)
Direção de Arte: Rodrigo Martirena
Figurino: Marina Franco
Maquiagem: Rosemary Paiva
Diretora de Produção: Silvia Sobral
Montagem: Heike Parplies (BFS)
Montagem de som: Waldir Xavier
Som direto: Laura Zimmerman
Música Original: Benedikt Schiefer
Mixagem: Björn Wiese
Idioma: Português
Gênero: Melodrama
Ano: 2019
País: Brasil

SOBRE:

DIRETOR

Formado em Arquitetura pela Universidade de Brasília, Karim fez mestrado em Teoria do Cinema pela Universidade de Nova York e participou do Whitney Independent Study Program. Cineasta premiado mundialmente, roteirista e artista visual, realizou diversos curtas-metragens, documentários e instalações. Dirigiu os longas-metragens ‘Madame Satã’ (2002), ‘O Céu de Suely’ (2006), ‘Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo’ (2009, codirigido com Marcelo Gomes), ‘O Abismo Prateado’ (2011, produzido pela RT Features), ‘Praia do Futuro’ (2014), além do documentário ‘Aeroporto Central’ (2018). O próximo longa-metragem, ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, tem previsão de lançamento em novembro de 2019. Para a televisão, dirigiu a minissérie ‘Alice’, filmada no Brasil e transmitida pelo canal HBO em 2008. Aïnouz é um dos tutores do laboratório de roteiros do Porto Iracema das Artes em Fortaleza e membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

RT FEATURES

Fundada e dirigida por Rodrigo Teixeira, a RT Features é uma produtora nacional e internacional de conteúdo cultural e entretenimento para cinema e televisão, com base em São Paulo, Brasil, e escritório em Nova York, nos EUA. Dentre outras produções, seu currículo conta com os longas-metragens ‘O Cheiro do Ralo’ (2006), ‘O Abismo Prateado’ (2010), ‘Tim Maia’ (2014), ‘Alemão’ (2014), ‘O Silêncio do Céu’ (2016) e a série ‘O Hipnotizador’ (para a HBO Latin America em 2015).

No mercado internacional, a RT Features produziu os longas ‘Frances Ha’ (2013), ‘Love is Strange’ (2014), ‘Love’ (2015), ‘Mistress America’ (2015), ‘The Witch’ (2016), ‘Patti Cake$’ (2017) e o indicado ao Oscar ‘Call Me By Your Name’ (2017). Em 2018 a RT Features produziu o novo filme de James Gray, ‘Ad Astra’, e no Brasil o longa-metragem ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, de Karim Ainouz, ambos com previsão de estreia em 2019.

Dedicada a trabalhar com jovens e talentosos diretores desde a sua criação, a RT Features formou uma joint venture com a Sikelia Productions, de Martin Scorsese, com o objetivo de produzir filmes de cineastas emergentes em todo o mundo. O primeiro longa-metragem desta parceria, ‘A Ciambra’, estreou na última edição da Quinzena dos Realizadores, e os próximos estão em fase de produção.

Fonte/Foto-reprodução/divulgação: Assessoria de Imprensa

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