Artista multidisciplinar, Élle de Bernardini transita
entre a dança e as artes visuais e retrata o corpo inteiro, trans, vivo e
pulsante. Por meio de telas, pinturas, esculturas, foto performances e
desenhos, ela faz alusão às questões da sexualidade que confrontam os padrões
que circundam o mundo contemporâneo e busca resgatar e reconstruir as
narrativas esquecidas, apagadas e silenciadas das minorias de gênero. O público
poderá conhecer uma seleção inédita destes trabalhos
na mostra Nem tudo que reluz é ouro, em cartaz a partir
de 19 de setembro na Galeria Kogan Amaro, com curadoria
de Ana Carolina Ralston.
"Memória e repetição. Essas duas palavras são
a base das obras reunidas na primeira mostra individual da
gaúcha Élle de Bernardini na Galeria Kogan Amaro São
Paulo. A mostra trata a artista como um corpo inteiro e pulsante, que
percebe na reafirmação dessas duas constantes uma forma de mudar a percepção de
um fato, criando, assim, novas verdades", escreve a curadora.
Bernardini traz aos seus trabalhos dor e
alegria, beleza e horror, emoções que remetem aos limites que atravessamos na
vida. O rosa e o azul surgem em suas criações como elementos simbólicos para
borrar as margens entre o feminino e o masculino, o certo e o errado e as
convenções, de modo geral, da sociedade normativa.
"O trabalho de Élle aborda a
intersecção entre questões de gênero, sexualidade, política e identidade com a
história da humanidade e da arte a partir de sua própria experiência",
pontua Ralston.
Élle faz uso de materiais diversos, como
plásticos, pvc, tecidos macios, frios e quentes ou ásperos para aludir à uma
beleza que incomoda. São recortados dando formas às partes do corpo sexual, são
agradáveis ao olhar, mas também desconfortáveis ao se aproximar no desejo de
tocá-los.
Em meio ao período de isolamento social imposto
pela pandemia do Covid-19, Bernardini percebeu-se por um momento
suspensa das pautas relativas à sexualidade e questões de gênero no mundo da
arte. Isolar-se a levou a um contato mais intenso e criativo com sua obra.
Decidiu, a partir disto, concentrar sua pesquisa no processo formal das
relações entre as cores rosa e azul, escolhendo formatos e dimensões que cabiam
em sua casa.
Tal qual um
casulo, Élle de Bernardini voltou-se para dentro. Passou a
se questionar como artista trans e a pensar se deveria abordar sempre em seu
trabalho as questões de gênero, de sexualidade e de sua identidade transexual.
Mas, tudo indica, não há resposta para essas perguntas. "Não há arte
inocente ou arte da inocência e sim, a arte é também um posicionamento do
artista perante do mundo", segundo Ricardo Resende, diretor
artístico da galeria.
"O próprio ‘Élle’, faz alusão a uma
ambiguidade que habita nosso ser. A palavra, uma espécie de raiz de seu nome de
batismo, coloca em cheque a língua portuguesa e a francesa e suas semelhanças e
oposições na percepção do masculino e feminino. É justamente sobre esse
virtuoso acasalamento que se encontra o ser artista", complementa a
curadora da mostra, Ana Carolina Ralston.
Sobre Élle de Bernardini
Nascida em Itaqui, Rio Grande do Sul, em 1991, vive
e trabalha em São Paulo, transita entre a dança e as artes visuais, além de ser
uma mulher trans, interessada em resgatar e reconstruir as narrativas
esquecidas, apagadas e silenciadas das minorias de gênero. Formada em balé
clássico pela Royal Academy of Dance, em Londres, e pelos mestres
japoneses de Butô, Yoshito Ohno e Tadashi Endo. A artista foi a única mulher
transexual a ser aceita para estudar balé clássico na escola inglesa, onde
retornou em 2011 e 2012, para a conclusão de sua formação, de 13 anos de balé.
Portanto, a linguagem artística de Élle de Bernardini começou
a ser modificada em 2013, ano em que ela se autodenominou como artista visual.
O trabalho de Élle de Bernardini já foi exposto em diversas
instituições nacionais, como o MASP, Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte do
Rio/ MAR, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea de
Niterói.
Serviço:
Nem tudo que reluz é
ouro, individual
de Élle de Bernardini
Curadoria: Ana
Carolina Ralston
Local: Galeria Kogan Amaro
Abertura: 19 de setembro, sábado, a
partir das 11h
Período expositivo: 19 de setembro a 31 de outubro
Endereço: Alameda Franca, 1054 - Jardim Paulista,
São Paulo
Horário: segunda a sexta, das 11h às 19h, e sábado,
das 11h às 15h
Informações: (11) 3045-0944/0755
Fonte: Assessoria de Imprensa -
Legenda: Sem título, 2019, Elle de Bernardini
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