O
registro de casal de antas, formado por um macho albino e uma fêmea de coloração normal, no Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, é motivo para comemorar, pois é indício de que o animal albino está tendo qualidade de vida e conseguindo
se reproduzir. O registro é fruto da parceria do Legado das Águas com o Onçafari – projeto dedicado ao estudo
e conservação da vida selvagem – para monitoramento de fauna.
As armadilhas fotográficas [como são chamadas as
câmeras automáticas camufladas na floresta] do projeto com o Onçafari, tem
possibilitado importantes registros da fauna na Reserva. Entre os mais recentes
estão os do Canjica (um dos machos albinos do Legado das Águas) com uma fêmea.
Então vem filhote albino por aí? Não é bem assim! Antes da parte fofa da história, tem a
importância ecológica. De acordo com Mariana Landis, bióloga pesquisadora do
Instituto Manacá, responsável pelo estudo com as antas no Legado das Águas, o registro tem dois pontos importantes: o
primeiro é que o Canjica não está sendo rejeitado pelas
fêmeas, e outro é a sua aparência saudável.
“É importante ponderar que ciência ainda não
tem todas as respostas quando se trata de antas albinas. Isso porque a descoberta é recente, sendo necessários muitos estudos. Mas, podemos
sugerir algumas interpretações com base no conhecimento que já temos da espécie. É possível dizer que o registro sugere que o macho albino está desempenhando seu comportamento como
qualquer outra anta, buscando formar um par reprodutivo. Além disso, o Canjica aparenta que
está saudável, o que é importante a ser monitorado, já que animais
albinos costumam ser mais sensíveis”, contou.
Filhotes
albinos?
Mariana explica que o registro do Canjica com a fêmea pode significar a
formação de um casal, já
que antas são animais solitários, e só se
juntam no período reprodutivo. No entanto, a pesquisadora pondera que o albinismo é hereditário e recessivo. Isso significa que o macho e a
fêmea precisam ter o gene que causa a falta de pigmentação para gerar um filhote albino.
Mas, o Canjica está na “Terra das Antas Albinas”. Além dele, no Legado das Águas há
outro macho albino, o Gasparzinho, e no Vale do Ribeira, há registro de mais duas antas albinas.
E tem mais. O Canjica não foi o único que ‘’deu match”. O Gasparzinho, outro
macho albino identificado no Legado das Águas,
também já foi registrado com uma fêmea¹ diversas vezes. O registro foi feito
pelo projeto Floresta Viva, criação do fotógrafo Luciano Candisani, que
consiste em um estúdio fotográfico camuflado na
floresta e equipado com flashs e câmeras profissionais, que fotografam
automaticamente o animal quando passa pelos sensores de movimento e, também,
pela equipe do Instituto Manacá durante o monitoramento de sua pesquisa na
reserva.
Monitoramento
O projeto de monitoramento em parceria com o Onçafari, inclui 20 câmeras
instaladas nas áreas do Legado das Águas, fornecidas pela Log Nature, e faz parte do Onçafari
Science, braço científico da instituição que tem como objetivo a observação do
comportamento de animais, avaliando seu estado de saúde e desenvolvendo pesquisas
ecológicas.
De acordo com Victória Pinheiro, bióloga responsável pelo Onçafari no Legado das Águas, o projeto visa realizar o levantamento populacional de
onças-pardas e pintadas na Reserva para ações de proteção desses felinos na
Mata Atlântica, incluindo atividades de ecoturismo como ferramenta para a
conservação. Em adicional, o projeto tem gerado registros significativos de
outros animais. “As câmeras, que estão instaladas em diferentes pontos da
Reserva, geram um mapeamento mais abrangente
que é importante para o nosso objetivo
principal, pois onças dependem de uma floresta saudável, com disponibilidade de
alimento. Por outro lado, o monitoramento contínuo também gera dados que podem
contribuir com uma maior compreensão de outras espécies, como a anta”, diz a
bióloga.
Para David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, a parceria com o Onçafari
está fortalecendo os dados de outros estudos realizados na Reserva. “Desde
2014, realizamos pesquisas científicas com diferentes parceiros, que resultaram
em descobertas muito relevantes para a conservação da Mata Atlântica. Os
projetos com o Instituto Manacá e o fotógrafo Luciano Candisani são um ótimo exemplo, com a descoberta das antas albinas. Agora, com monitoramento contínuo pelo
projeto com o Onçafari, ampliamos as possibilidades e oportunidades de novas
descobertas, seja por dados que se sobrepõe ou os que complementam com novas
informações”, finaliza.
¹ O registro em fotografia do Gasparzinho, assim como a descoberta das duas antas albinas,
foi descrito em artigo científico, disponível em: https://bit.ly/3i46Mlq.
Sobre
Legado das Águas –
Reserva Votorantim
O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com extensão
aproximada à cidade de Curitiba (PR), é um dos ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale
do Ribeira, no sul do Estado de São
Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então
pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve sua floresta e rica
biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a manutenção da bacia
hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas hidrelétricas. Em
2012, o Legado das Águas foi transformado
em um polo de pesquisas científicas, estudos
acadêmicos e desenvolvimento de projetos de valorização da biodiversidade, em
parceria com o Governo do Estado de São Paulo.
Hoje,
o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas Votorantim, criada para
estabelecer um novo modelo de área
protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e
econômicos de maneira sustentável.
Onçafari
O
Onçafari atua no Pantanal, Cerrado,
Amazônia e Mata Atlântica com o objetivo de promover a conservação do meio
ambiente e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está inserido por meio do ecoturismo e de estudos
científicos. O projeto é focado na
preservação da biodiversidade em diversos biomas brasileiros, com ênfase em
onças-pintadas e lobos-guarás.
Foto/crédito: Luciano Candisani - Legenda: Canjica é um dos machos albinos do Legado das Águas
Fonte: Assessoria de Imprensa
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