A consolidação da internet e das redes sociais, agora comuns na vida
de significativa parcela da população mundial, traz também uma nova
configuração de relações de poder e demanda novos
parâmetros de segurança. Esse é o principal
argumento defendido pelo professor e especialista
em Tecnologia da Informação, Cristóbal Cobo, em seu novo livro, "Aceito as Condições - Usos e abusos
das tecnologias digitais", que chega ao Brasil neste mês por meio da
Fundação Santillana.
Na obra, Cobo detalha a popularização da internet -
bem como o acesso facilitado a aparelhos digitais nos últimos anos - e como essas mudanças afetaram o comportamento social
humano de forma geral. Cobo também aborda as
implicações de uma circulação massiva de dados pelo meio digital, impactando
não só na segurança dos
usuários, mas também naturalizando a exposição de informações pessoais dos
indivíduos, muitas vezes com autorização quase inconsciente dos próprios.
Segundo o autor, as configurações atuais de uso
dos meios digitais acabam gerando novas e abusivas relações de poder,
principalmente por conta de assimetrias geradas pela pouca quantidade de agentes
que controlam os serviços disponíveis na rede e a imensa quantidade de indivíduos que cedem informações
preciosas sem qualquer tipo de recompensação: "Vinte anos depois da
massificação da internet, essa plataforma deixou de
ser concebida apenas como uma ferramenta de inclusão. Hoje gera e amplifica novas formas de poder e controle: vigilância, influência e manipulação,
extorsão, perda do autocontrole ou sobrecarga
cognitiva. Ignorar esses assuntos estabelece novas brechas digitais. Vivemos um
tipo de feudalismo digital no qual poucos administram os dados e uma grande população os entrega sem receber uma
compensação econômica", defende Cobo na introdução do livro.
Durante todo o texto, Cobo explora
quais são as brechas digitais geradas pelos
"termos de aceite" e a suposta
gratuidade de serviços oferecidos pela rede - cujo pagamento se dá
indiretamente por meio da autorização de uso dos dados do usuário.
A pouca clareza sobre como esses dados serão utilizados, mesmo que com o
consentimento do usuário, faz com que se crie
distorções que permitem relações de abuso
de poder e crimes
digitais dos mais diversos.
O autor também aborda como há pouco espaço para
inclusão no meio digital, provocando desigualdades em diversos níveis: a rede,
no atual estágio, tanto exclui (sobretudo nos locais com vulnerabilidade
social e de infraestrutura, sem investimentos
públicos ou privados em internet de
qualidade e com preços acessíveis), como também
diferencia os usuários que acessam o ambiente online, valorizando aqueles que
possuem melhor formação e ajudando a criar
monopólios que favorecem grandes grupos empresariais, tais como Google, Amazon,
Google e Microsoft. "A atual
concentração do poder digital
em poucas companhias não está apenas gerando novas formas de poder e controle que exacerbam
as já existentes, mas também criando novas formas de exclusão e periferia", explica Cobo.
Porém, como reforçado ao longo de toda a obra, a
intenção do texto não é demonizar o sistema
digital (que trouxe importantes revoluções no contexto social,
facilitando e muito nossas rotinas e processos), mas promover a discussão crítica e democrática sobre o tema, elencando quais são os principais problemas em termos de
acessibilidade e qual deve ser o papel de cada
um para mudar o atual quadro.
Assim, por meio da união entre sociedade,
instituições públicas e agentes privados, seria
possível conceber um ambiente digitais mais inclusivo e seguro,
onde usuários interagem com dados e algoritmos
de forma consciente; gerando melhores oportunidades de negócios e fazendo com que as redes possam efetivamente ajudar a
diminuir as muitas desigualdades presentes no mundo - online e offline.
Webinário de lançamento: com a presença de Thales Gomes, coordenador de compras
públicas do Cieb (Centro de Inovação para a
Educação Brasileira), Miguel Thompson, diretor Acadêmico da Fundação
Santillana e André Lázaro, diretor de Políticas
Púbicas. Assista no Facebook da Fundação Santillana ou no canal do YouTube da Moderna
Ficha técnica
"Aceito as Condições" - Usos e abusos
das tecnologias digitais
Autoria: Cristóbal Cobo
Tradução: Maria Alice Manzone Rossi
Número de páginas: 170
Para mais informações, acesse: https://mod.lk/aceitoas
Sobre a Fundação Santillana
A Fundação Santillana dedica-se à produção,
organização e difusão de informações que
contribuam para que a Educação alcance os desejados padrões de qualidade e equidade. Constituída em 1979, atua na Ibero-América e no Brasil, aonde chegou em 2008. Por meio de suas
publicações, cursos, seminários e oficinas e de parcerias com organizações nacionais e internacionais, busca compartilhar experiências
inovadoras e difundir informações relevantes
para a promoção do direito à Educação,
componente indispensável para o fortalecimento de sociedades democráticas,
justas e sustentáveis.
Fonte:
Assessoria de Imprensa
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