GRUPO GALPÃO LANÇA O FILME “A PRIMEIRA PERDA DA MINHA VIDA”

 

Numa praça de Berlim, Franz Kafka (1883-1924) comove-se com o choro de uma menina, que acaba de perder a boneca predileta. Comovido, o grande escritor tcheco busca consolá-la, ao inventar que a companheira de pano havia viajado, mas escreveria cartas – das quais ele seria o portador – para explicar o sumiço e contar as aventuras, peripécias e descobertas que vivesse. Inspirado em tal delicada história – que ninguém garante ser verídica, mas simboliza a bela ponte entre arte, vida e empatia –, o Grupo Galpão desenvolveu o curta-metragem A primeira perda da minha vida, que estreia no canal da companhia no YouTube, nesta terça-feira, dia 12 de outubro de 2021, às 10h, quando o filme poderá ser visto por 24 horas. A temporada segue de 16 de outubro a 7 de novembro, sempre aos sábados e domingos, em dois horários, às 10h e às 16h, também pelo youtube.com/grupogalpao.. No elenco do filme, que conta com roteiro de Eduardo Moreira e direção de Inês Peixoto, estão a atriz convidada Bárbara Luz e os atores Antonio Edson, Júlio Maciel, Simone Ordones e Teuda Bara, integrantes do Grupo Galpão.
 
O filme integra o projeto “Dramaturgias – Cinco passagens para agora”, que conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e patrocínios da AngloGold Ashanti e do banco BV, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O projeto realiza, de junho a dezembro de 2021, cinco espetáculos em diferentes formatos nas redes sociais.
 
A primeira perda da minha vida é o mergulho poético do Galpão no mundo do cinema e do teatro, realizado, justamente, por meio das cartas da boneca perdida. Feitas no teatro do Galpão Cine Horto, as filmagens fundem as duas linguagens artísticas, em aprofundado exercício de fantasia e imaginação. O curta-metragem nasce de roteiro escrito há bastante tempo, por Eduardo Moreira, para Bárbara, sua filha com a atriz Inês Peixoto. “Eu o concluí quando minha filha tinha cerca de seis anos, e meu intuito era realizar o filme com ela no papel principal. A ideia me veio depois de ter lido algo sobre esse provável encontro entre Kafka e a menina, numa praça de Berlim”, conta o ator e diretor.
 
No que diz respeito ao argumento principal do filme, reza a lenda de que Kafka teria passado uma semana escrevendo e lendo cartas da boneca para a menina, com o intuito de consolá-la. “Um dos maiores escritores dispõe de seu precioso tempo para atenuar o sofrimento de uma menina. Para mim, sendo verdadeira ou não, a história é um extraordinário exemplo da capacidade que a ficção e a empatia humana têm de curar feridas”, destaca Eduardo, ao lembrar que, quando foram definidas as bases do projeto “Dramaturgias”, a atriz Inês Peixoto lançou a ideia da realização do curta, a partir daquele antigo roteiro. “O projeto me pareceu bastante instigante, ao possibilitar a participação de boa parte do elenco do Galpão, e da própria Bárbara, que, mesmo já com 19 anos, encaixou-se com maestria no papel da menina”, completa.
 
Inês Peixoto conta que, desde que Eduardo Moreira escreveu o roteiro, ela demonstrou vontade de dirigir o curta-metragem. Com o surgimento do projeto “Dramaturgias”, propôs ao grupo, então, que o projeto fosse desengavetado: “Todo mundo gostou muito da possibilidade de fazermos um curta, como uma fábula, para crianças de todas as idades”, explica a atriz e diretora, ao comentar que, desde o início de tudo, Júlio Maciel fora pensado como intérprete de Kafka, assim como a filha, Bárbara, viveria a garotinha: “Foi uma grande emoção retomarmos essa história com nossa filha, que já é atriz, e está na profissão. Como é lindo vê-la entrar nesse universo e viver a vida de uma criança de 10, 11, 12 anos, na passagem da infância à adolescência”.
 
No que diz respeito à linguagem, Inês destaca a vontade, no desenrolar do curta, de trazer o cinema para dentro do teatro – e vice-versa.  “Sempre pensei nas possibilidades que o espaço do teatro nos traria, uma vez que temos o Galpão Cine Horto, um espaço incrível, repleto de lugares poéticos e com estética muito interessante. Isso fortaleceu o desejo de fazer a interseção entre teatro e cinema”, conta, ao frisar que a história se desenrola na década de 1920, nos primórdios da sétima arte, estética já em transformação à época: “Havia muitas experiências de colorização da imagem cinematográfica, assim como de sonorização. Daí veio a inspiração, no curta-metragem, de, para além da interseção entre teatro e cinema, estarmos em um espaço teatral, mas com uma câmera cinematográfica”.
 
Nasce, assim, a ideia de experimentar o desenvolvimento do cinema e buscar aproximar o curta da atmosfera dos filmes que começavam a ser colorizados. “A partir de tais inspirações, exploramos tudo que esse espaço tinha a nos oferecer como paisagem, e formei uma equipe majoritariamente feminina”, conta Inês, que, em sua primeira direção cinematográfica, convidou Carol Silva para direção de fotografia, Taísa Campos, para direção de arte, e Sayonara Lopes, para construção do figurino. O curta conta, ainda, com trilha original do músico Wilson Lopes. “O Galpão me deu toda a liberdade para escolher o casting e a minha própria equipe”, completa a diretora.
 
Na fotografia, investiu-se em câmera muito livre, solta, com vida, capaz de atravessar o Galpão Cine Horto e explorar o espaço teatral. “Buscamos esse jogo entre o espaço teatral e a câmera de cinema. Já no ‘mundo da boneca’, imaginado pela menina, apostamos nos primeiros experimentos das obras com câmera fixa, que filmavam quase em formato de teatro, quando se faziam planos dos corpos inteiros”, descreve Inês Peixoto, ao comentar que, assim, foi possível inserir as imagens da boneca em icônicos filmes do começo da experimentação do cinema, como A chegada do trem na estação, dos Irmãos Lumière, The sea horse, de Jean Painlevé e Fantasmagorie, de Émike Cohl. “A boneca espera a chegada do trem, por exemplo, na estação filmada pelos irmãos Lumière. Para tal, criamos um pequeno estúdio, onde projetávamos os filmes antigos. Além disso, a Carol usou a técnica de pixelation, para desarticular as imagens”, explica.
 
Certos filmes também foram muito importantes no trabalho de pesquisa de toda a equipe, a exemplo de obras de Ingmar Bergman e de Luiz Fernando Carvalho – que, segundo Inês Peixoto, aposta muito na interseção teatro, cinema e televisão. “Trabalhei na série Hoje é dia de Maria, experiência que me inspirou muito, a partir da ideia de fazer a teatralização da história”, explica. Na direção da arte, Taísa Campos investiu na pesquisa em tipos de papel, que aparecem não apenas nas cartas, mas, também, no sapato e nos adereços da menina, nos origamis, nos peixes e na barata dentro de um baú de livros. “Fazemos, neste sentido, uma homenagem à Metamorfose, do Kafka”, frisa a atriz e diretora.
 
O figurino, por sua vez, foi inspirado no universo das fábulas e do próprio escritor tcheco. “Pensamos nos deslocamentos desse homem, alguém que gostava muito de teatro, de feiras e parques, e era uma pessoa muito elegante. Durante esse processo, também tivemos uma palestra do Maurício Arruda de Mendonça, que revelou muitas curiosidades sobre a vida de Kafka”, diz. Houve, ainda, o processo de pesquisa dos filmes usados como suportes de projeção em imagens do mundo da boneca. “De modo geral, foram meses de muita preparação e pesquisa. Tivemos uma semana dentro do Cine Horto para montagem de luz, da praça, e dos nichos de que a gente precisava. Também descobrimos um canto maravilhoso para o escritório do Kafka. Foi um momento muito bonito de exploração do espaço e com diálogos muito amorosos entre a equipe”, resume Inês Peixoto.
 
O roteiro seduziu a atriz, desde sempre, por se tratar de história de amor ao outro, de solidariedade e gentileza: “É tão simples ajudar outra pessoa a atravessar um momento difícil! Além disso, a poesia, a arte e a delicadeza têm feito falta no mundo. É preciso, também, desse olhar para a infância, como momento importante ao diálogo com o mundo e seu entorno. A história se passa com Kafka, mas poderia ser com você”, completa. Importante destacar, ainda, que, ao ver o curta, as próprias crianças podem se interessar pela incrível obra de Kafka, escritor que refletiu sobre os meandros humanos de forma muito particular. O Galpão faz espetáculo para todas as idades, mas é o primeiro projeto voltado ao público infantil. Por isso, será lançado, justamente, em 12 de outubro, o “Dia das Crianças”.
 
Intérprete de Kafka em A primeira perda da minha vida, o ator Júlio Maciel diz ter sido um enorme prazer participar da experiência cinematográfica, dirigida por Inês Peixoto: “Faço o personagem de Kafka no final da vida, quando já estava doente. Depois de encontrar a menina numa praça, ele vira carteiro de uma boneca, e, dia a dia, entrega, à garota, um texto que fala sobre as experiências da vida e a importância da separação. A história é muito linda e sensível!”. Ele lembra, ainda, que se trata de “prato cheio” para o próximo Dia das Crianças: “Foi lindo trabalhar com Bárbara Luz, atriz forte, interessante, que vai brilhar muito por aí, e a quem vi nascer e crescer. Também foi um prazer compartilhar as cenas com Teuda, Toninho e Simone. A Inês juntou um elenco lindo do Galpão, além de uma equipe maravilhosa e profissional, para que pudéssemos contar essa história tão sensível”.
 
Intérprete da inconsolável garotinha que perde a boneca mais querida, Bárbara Luz ressalta que a experiência cinematográfica se revelou bela e bastante intensa. “Desde muito nova, estou com este texto perto de mim, e da minha família. Entender, hoje, que essa personagem ainda cabe no que sou foi uma felicidade muito grande – assim como a possibilidade de entrar em contato com o que, talvez, fui quando criança”, diz, ao comentar que ficou muito grata e feliz por ter sido convidada, pelos pais, à linda oportunidade de se dedicar ao papel: “Foi muito interessante a conversa íntima entre mim e essa menina. E surpreendente, também, pois pensei que não conseguiria mais vivê-la, mas deu. Além disso, é lindo voltar no tempo, reviver e ser criança de novo”.
 
Nas redes sociais, diversão para toda a família
 
Em parceria com o estúdio de animação Treco, da diretora de arte Taísa Campos, foram desenvolvidas atividades paralelas para as crianças e suas famílias nas redes sociais do Grupo Galpão, como tutoriais no IGTV, que ensinam a fazer origamis de objetos que estão no filme, filtros de Instagram e gifs relacionados ao filme. Estes conteúdos serão postados no Instagram da companhia ao longo da temporada.
 
Sobre

“Dramaturgias – Cinco passagens para agora”
 
O projeto “Dramaturgias – Cinco passagens para agora” convida dramaturgos e diretores nacionais de grande destaque a desenvolver trabalhos coletivos. Entre os artistas convidados, estão nomes como Yara de Novaes, Newton Moreno, Marcio Abreu, Pedro Brício e Silvia Gomez. A escolha dos parceiros permite ao grupo compor um significativo painel das artes e da cultura brasileiras, por meio da exploração dos mais diferentes tipos de expressão. Além dos artistas convidados, alguns integrantes do Galpão também assinam dramaturgias e direções. Paulo André é responsável por uma das dramaturgias em parceria com Marcio Abreu que assina a direção. Fernanda Vianna divide com Clarissa Campolina a direção da dramaturgia de Silvia Gomez. E o Grupo lança no dia 12 de outubro o curta-metragem “A primeira perda da minha vida”, com direção de Inês Peixoto e roteiro de Eduardo Moreira.
 
Grupo Galpão
 
Criado em 1982, o Grupo Galpão tem sua origem ligada à tradição do teatro popular e de rua. Há quase 40 anos desenvolve um teatro que alia rigor, pesquisa e busca de linguagem, com montagem de peças que possuem grande poder de comunicação com o público. Formado por atores que trabalham com diferentes diretores convidados – como Gabriel Villela, Cacá Carvalho, Paulo José, Yara de Novaes e Marcio Abreu (além dos próprios componentes que também já dirigiram espetáculos do Grupo) – o Galpão formou sua linguagem artística a partir desses encontros diversos, criando um teatro que dialoga com o popular e o erudito, a tradição e a contemporaneidade, o teatro de rua e o palco, o universal e o regional brasileiro.
 
FICHA TÉCNICA – PRIMEIRA PERDA DA MINHA VIDA
 
ELENCO / PERSONAGEM
Bárbara Luz / Menina
Teuda Bara / Boneca
Antonio Edson / Namorado
Júlio Maciel / Kafka
Simone Ordones / Narradora
 
EQUIPE
Roteiro - Eduardo Moreira
Direção - Inês Peixoto
Direção de Fotografia – Carol Silva
Direção de Arte – Taísa Campos
Figurino – Sayonara Lopes
Trilha sonora original - Wilson Lopes
Iluminação – Rodrigo Marçal
Maquiagem – Gabriela Dominguez
Assistente de direção - Bruna Horta
Assistente de câmera - Letícia Ferreira
Assistente de arte - Janaína Rolla
Assistente de figurino – Gilma Oliveira
Assistente de Maquiagem - Ana Rosa
Costureira – Jane Jay
Som direto e desenho de som - Yara Torres e Isabela Renault
Montagem - Letícia Ferreira, Carol Silva e Inês Peixoto
Pós-produção -  Sem Rumo - Projetos Audiovisuais
Correção de cor - João Gabriel Riveres
Finalização - Giordano Lima
Comunicação – Fernando Dornas e Letícia Leiva
Assessoria Imprensa – Polliane Eliziário (Personal Press)
Identidade visual – Carolina Moraes Santana e Délio Faleiro
Assistente de Produção – Lica Del Picchia
Produção Executiva – Beatriz Radicchi
Direção de Produção – Gilma Oliveira
Produção – Grupo Galpão
Co-produção – Limonada Audiovisual
 
O curta-metragem A Primeira perda da minha vida foi produzido considerando medidas de segurança em função da pandemia de COVID-19.
 
GRUPO GALPÃO
 
ATORES
Antonio Edson – Arildo de Barros – Beto Franco – Chico Pelúcio – Eduardo Moreira – Fernanda Vianna – Inês Peixoto – Júlio Maciel – Lydia Del Picchia – Paulo André – Simone Ordones – Teuda Bara
 
EQUIPE
Gerente Executivo – Fernando Lara
Coordenadora de Produção – Gilma Oliveira
Coordenador de Comunicação – Fernando Dornas
Coordenadora Administrativa – Wanilda D'Artagnan
Coordenadora de Planejamento – Alba Martinez
Coordenador Técnico – Rodrigo Marçal
Produtora Executiva – Beatriz Radicchi
Comunicação on-line – Letícia Leiva e Matheus Carvalho
Assistente de Produção – Lica Del Picchia
Assistente Financeiro – Cláudio Augusto
Serviços Gerais - Danielle Rodrigues
Assessor Contábil – Wellington D'Artagnan
Gestor Financeiro de Projetos – Artmanagers
 
Lei Federal de Incentivo à Cultura | Patrocínio máster: Instituto Cultural Vale | Patrocínio: AngloGold Ashanti, banco BV | Realização: Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal, Pátria Amada Brasil.

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Fonte/Foto-reprodução-divulgação: Assessoria de Imprensa 

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