PREMIADO NO OLHAR DE CINEMA, RIO DOCE SERÁ EXIBIDO NA MOSTRA COMPETITIVA NOVOS RUMOS DO FESTIVAL DO RIO

 


Paternidade, conflito de classes e a paisagem urbana periférica estão no centro do premiado RIO DOCE, escrito e dirigido por Fellipe Fernandes, que será exibido na Première Brasil do Festival do Rio. “O argumento original do filme é de 2014, e passou por diversas transformações, mas sempre esteve presente o desejo de fazer um retrato íntimo de um cotidiano doméstico com diversas camadas narrativas nas quais questões sociais se misturam com dramas familiares”, conta o diretor.

Eleito o melhor filme do Olhar de Cinema: Festival Internacional de Curitiba, vencendo o Prêmio Olhar e também como melhor longa brasileiro das Mostras Competitiva, Outros Olhares e Novos Olhares, RIO DOCE participa, agora, da mostra competitiva Novos Rumos, do Festival do Rio, que acontece entre 9 e 19 de dezembro. Esta será a primeira exibição pública em cinema do filme.

O personagem principal é Tiago, interpretado pelo rapper Okado do Canal, que mora em Rio Doce, periferia de Olinda, e leva uma vida dura. Pai de uma menina pequena, ele descobre a identidade de seu próprio pai, ausente em toda sua vida, quando é procurado por uma de suas meias-irmãs que também lhe conta que o homem morreu. A partir dessa descoberta, a vida desse rapaz se transforma, e ele passa a questionar sua própria identidade.

Fernandes, que além da direção assina o roteiro, explica que Okado foi fundamental no desenvolvimento do personagem e do filme. “A partir do momento que decidimos que ele interpretaria o protagonista, escrevi uma revisão do roteiro trazendo elementos que estavam diretamente relacionados com identidade e as experiências de vida de Okado, colorindo o contorno que já existia para o personagem e aproximando os universos.

Além disso, a preparação do elenco permitiu uma sintonia maior entre atores e atrizes, o que contribuiu para o sucesso de RIO DOCE. “Ao longo da pré-produção essa construção coletiva foi se consolidando. Não só com ele, mas com todo o elenco: a versão final do roteiro foi construída a partir dos ensaios e das dinâmicas de criação que estabelecemos com os atores, atrizes e preparadores de elenco”.

O diretor já trabalhou de assistente com importantes cineastas como Kléber Mendonça Filho (em “Aquarius”, e “Bacurau”, codirigido por Juliano Dorneles), Cláudio Assis (“Piedade”) e Tavinho Teixeira (“Sol Alegria”), confessa que essas experiências foram fundamentais para seu próprio trabalho como diretor. “Para mim, que nunca estudei a prática de cinema de maneira formal, pensando na realização, esses trabalhos funcionaram como uma escola. A oportunidade de poder acompanhar de perto o processo criativo desses realizadores me ajudou a entender as possibilidades de caminhos a serem percorridos na criação de um filme.”

Responsável pelos curtas “O delírio é a redenção dos aflitos”, exibido em Cannes, e Tempestade, exibido em Tiradentes, o diretor conta que a estreia em longas não lhe trouxe dificuldades pelo formato. “O fato de estar cercado de amigos, pessoas com as quais eu trabalho desde 2007, quando comecei a fazer assistência de direção, fez tudo fluir de uma maneira mais tranquila”.

RIO DOCE, esteticamente, é bastante marcante com uma fotografia que chama a atenção por suas cores e textura. O cineasta explica que a parceria com o diretor de fotografia Pedro Sotero, e o diretor de arte Thales Junqueira foi fundamental nisso. “Nosso trabalho foi no sentido de construir uma textura específica que reforçasse a existência do meio. A ideia era assumir uma certa artificialidade orgânica na criação da imagem, trabalhando as composições de luz e cores para a criação de textura, em contraponto aos diálogos e às atuações naturalistas, encenados em espaços e paisagens também cotidianos e banais.”

No filme, Fernandes apontas questões estruturais da sociedade brasileira contemporânea. “Acompanhamos a jornada emocional de um homem negro periférico em crise com o modelo de masculinidade que se vê reproduzindo, sufocado pela solidão, pela dificuldade de comunicação e pela falta de compreensão dos próprios sentimentos. Tudo isso em meio à sua relação com três gerações de mulheres e diante de um conflito de classes.”

RIO DOCE será lançado no Brasil pela Vitrine Filmes.

Sinopse

Tiago é um jovem trabalhador que descobre a identidade do pai ausente, quando conhece as suas meias irmãs, fato que o leva a questionar a sua própria identidade às vésperas de completar 28 anos. Morando em Rio Doce, na periferia de Olinda, região metropolitana do Recife, ele luta para encontrar seu lugar no mundo. Nesse processo, ele fortalece laços afetivos, transformando assim sua forma de ser e de ver o mundo.

Ficha Técnica

Direção: Fellipe Fernandes

Roteiro: Fellipe Fernandes

Produção: Dora Amorim, Julia Machado, Thaís Vidal

Empresa Produtora: Ponte Produtoras 

Produção Executiva: Dora Amorim, Julia Machado, Thaís Vidal 

Direção de Produção: Luiza Ramos 

Primeiro assistente de direção: Milena Times

Direção de Fotografia: Pedro Sotero 

Montagem: Quentin Delaroche 

Direção de Arte: Thales Junqueira 

Figurino: Rita Azevedo 

Maquiagem: Ebony 

Som Direto: Lucas Caminha 

Desenho de Som: Nicolau Domingues 

Elenco: Okado do Canal, Cíntia Lima, Cláudia Santos, Carlos Francisco, Nash Laila, Thassia Cavalcanti, Amanda Gabriel

País: Brasil

Ano: 2021

Duração: 90 min.

Biografias

Fellipe Fernandes

Fellipe Fernandes é um realizador e jornalista nascido em Recife no ano de 1988. Nos últimos doze anos trabalhou como assistente de direção em obras audiovisuais como Bacurau (2019), dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, Piedade (2019), de Cláudio Assis, Sol Alegria (2018), de Tavinho Teixeira, Aquarius (2016), também de Kleber Mendonça Filho, e Represa (2016), de Milena Times. Seu primeiro curta-metragem como diretor e roteirista, O delírio é a redenção dos aflitos, estreou na Semana da Crítica do Festival de Cannes de 2016. Foi exibido e premiado em dezenas de festivais nacionais e internacionais. Recebe, por exemplo, o troféu de melhor roteiro, melhor direção e melhor direção de arte do Festival de Brasília de 2016, além do prêmio principal do Goiana Mostra Curtas. Em 2019, seu segundo curta, Tempestade, estreou na Mostra de Cinema de Tiradentes. Rio Doce é seu primeiro longa-metragem. Em sua estreia, no 10º Olhar de Cinema, ganhou os prêmios de Melhor Filme da Competição e Melhor Filme brasileiro do festival.

Ponte Produtoras

A Ponte Produtoras foi criada por Dora Amorim, Julia Machado e Thaís Vidal no Recife, em 2015, para produzir o trabalho de jovens realizadores. Seus filmes já foram exibidos em importantes festivais brasileiros e internacionais (Brasília FF, Rio IFF, Semana da Crítica de Cannes, Chicago IFF, IndieLisboa, Rotterdam IFF, Locarno FF).

Vitrine Filmes

A Vitrine Filmes, em dez anos de atuação, já distribuiu mais de 160 filmes e alcançou mais de quatro milhões de espectadores. Entre seus maiores sucessos estão 'O Som ao Redor', 'Aquarius' e 'Bacurau' de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Outros destaques são 'A Vida Invisível', de Karim Aïnouz, representante brasileiro do Oscar 2020, 'Hoje Eu Quero Voltar Sozinho', de Daniel Ribeiro, e 'O Filme da Minha Vida', de Selton Mello. Entre os documentários, a distribuidora lançou 'Divinas Divas', dirigido por Leandra Leal e 'O Processo', de Maria Augusta Ramos, que entrou para a lista dos 10 documentários mais vistos da história do cinema nacional.

Além do cinema nacional, a Vitrine Filmes vem expandindo o seu catálogo internacional ao longo dos anos, tendo sido responsável pelo lançamento dos sucessos “O Farol”, de Robert Eggers, indicado ao Oscar de Melhor Fotografia; “Você Não Estava Aqui”, dirigido por Ken Loach, e premiado com o Oscar de Melhor Filme Internacional 2021: 'DRUK - Mais uma rodada', de Thomas Vinterberg.

Em 2021, a Vitrine Filmes apresenta mais novidades, começando a atuar diretamente na produção audiovisual e também na capacitação de profissionais, com o programa de formação Vitrine Lab. Entre as estreias deste ano estão a Sessão Vitrine edição especial de 10 anos com lançamento coletivo de quatro longas, entre eles "A Torre", de Sérgio Borges, "Entre Nós, um Segredo", de Beatriz Seigner e Toumani Kouyaté, "Chão", de Camila Freitas e "Desvio", de Arthur Lins; o novo documentário sobre o impeachment da Dilma, "Alvorada", de Anna Muylaert e Lô Politi; “First Cow”, da diretora Kelly Reichardt; “O Livro dos Prazeres”, de Marcela Lordy e muitos outros títulos.


Fonte/Foto-Reprodução-divulgação: Assessoria de Imprensa 

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