Uma das referências nacionais como retratista,
fotógrafo de nus e de moda, Bob Wolfenson transita com a mesma destreza entre a
publicidade e a arte. Ao longo de seus quase 50 anos de carreira, é responsável
por alguns dos retratos mais marcantes da iconografia brasileira recente.
Aquele que se define como especialista em breves
encontros, comemora sua trajetória em Bob Wolfenson: Retratos,
no Espaço Cultural Porto Seguro, a partir de 23
de agosto. Com curadoria de Rodrigo Villela, a exposição apresenta ao
público diferentes aspectos de uma atividade profissional intensa e convida a
um singular passeio pelos costumes e protagonistas das últimas décadas de nossa
história.
A mostra abarca e funde diferentes núcleos:
há espaço, por exemplo, para personalidades da cultura, do esporte, da
política e da moda, com fotos produzidas para editoriais ou por iniciativa do
fotógrafo. Entre os retratados, nomes como Hélio Oiticica, Fernanda Montenegro,
Caetano Veloso, Tais Araújo, Marília Gabriela, Lázaro Ramos, Camila Pitanga,
Anitta, Ludmila, Laerte, Zé Celso, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Paulo
Maluf, Luiza Erundina, Eduardo Suplicy, Pelé, Ronaldo e muitos outros.
A exposição traz mais de 200 retratos, vários deles
ainda inéditos, realizados pelo fotógrafo ao longo de 45 anos. "Partimos
de uma seleção inicial de mais de mil fotografias até chegarmos ao conjunto que
apresentamos aqui na exposição. Foi um trabalho árduo, mas extremamente
prazeroso", comenta o curador.
O mais antigo é um registro de 1973 do dramaturgo e
diretor teatral José Celso Martinez Corrêa. Em um dos piores períodos do regime
militar, Zé Celso estava impedido pela censura de apresentar seus espetáculos,
um ano antes do exílio em Portugal. Bastante conhecido pelo experimentalismo,
já era uma das referências do movimento tropicalista pela encenação de O
Rei da Vela, espetáculo-manifesto escrito por Oswald Andrade.
Um dos mais recentes foi o do também fotógrafo
Sebastião Salgado: há pouco mais de um mês da abertura da mostra, Bob viajou a
Paris, onde Salgado vive atualmente, especialmente para fazer o retrato.
"É um fotógrafo que admiro e que sempre desejei conhecer. Fazer um retrato
para a exposição foi um excelente pretexto", brinca Bob.
Para a escolha das imagens integrantes, Villela e
Wolfenson adotaram alguns critérios. Para além da escolha de retratos
emblemáticos, em que o fotógrafo trabalha e até mesmo discute a própria
linguagem, também fotografias realizadas em momentos importantes para o País.
"Com um arco temporal tão extenso, podemos observar no trabalho de Bob
também uma crônica de costumes, um viés possível inclusive para uma apreciação
histórica", aponta o curador.
Para além dos retratos, que se definem pelo
consentimento entre as partes, a mostra traz também um conjunto de fotografias
de um lado menos divulgado do fotógrafo: sua atividade de "paparazzo".
São relances de figuras encontradas por acaso e que ele não poderia deixar
passar, a exemplo de Charles Chaplin, Sophia Loren e Yoko Ono.
O retrato
"Fotografia não é realidade, é opinião",
afirma Bob. O fotógrafo compartilha da mesma tese de Roland Barthes, escritor e
semiólogo francês, que, no livro A câmara clara, escreve:
"A foto retrato é um campo cerrado de força.
Quatro imaginários aí se cruzam, aí se afrontam, aí se deformam. Diante da
objetiva, sou ao mesmo tempo: aquele que eu me julgo, aquele que eu gostaria
que me julgassem, aquele que o fotógrafo me julga e aquele de que ele se serve
para exibir sua arte."
O segredo para um bom retrato, o fotógrafo diz
desconhecer. "A imponderabilidade prevalece. Não há uma receita a
seguir", comenta. Sua única certeza é de que uma boa fotografia não é
necessariamente bela, nem tampouco deve enaltecer seu personagem. "Existe
uma certa magia que paira sobre o bom retrato. Algo que tem muito mais a ver
com intensidade e evocação do que com beleza em si", afirma. "Se tem
algo que eu não faço é captar a suposta essência, a alma daqueles que
fotografo. Todo encontro é marcado por uma conjunção de muitos fatores e,
também, pelo acaso. Um bom retrato é praticamente um milagre."
Sobre o artista
Nascido em 1954, o paulistano Bob Wolfenson é um
dos principais retratistas da contemporaneidade. Atualmente vive e trabalha em
São Paulo. Desde que iniciou sua trajetória profissional, aos 16 anos, no
estúdio da Editora Abril, trabalhou com os principais gêneros fotográficos. No
ano de 1982, deixou sua cidade natal para morar em Nova York e atuar como
assistente do fotógrafo norte-americano Bill King.
A trajetória de Wolfenson o consagrou como
referência em retrato, fotografia de moda e nus. Seu trabalho é bastante
abrangente, desde o campo das fotos encomendadas, como de moda e os editoriais,
aos projetos artísticos pessoais. Já foi publicado nos principais veículos do
país, como Folha de S. Paulo, Veja, Vogue, ELLE, Playboy, Harper's
Bazaar, Marie Claire e Rolling Stone. Também
expôs em mostras individuais, como A Caminho do Mar (2007)
e Nósoutros (2017), ambas na Galeria Millan, e em coletivas,
como Modos de Ver o Brasil (2017), na Oca, do Ibirapuera.
Foi co-curador da exposição sobre o fotógrafo Otto
Stupakoff ao lado de Sergio Burgi, em 2016, no Instituto Moreira Salles, no Rio
de Janeiro. Publicou livros como Jardim da Luz (Editora
DBA/Companhia das Letras, 1996), Moda no Brasil por Brasileiros (Cosacnaify,
2003), Antifachada-Encadernação Dourada (Cosacnaify,
2004), Cinépolis (Schoeler, 2009), Apreensões
(Cosacnaify, 2010), Belvedere (Cosac Naify, 2013), 24x36 (Schoeler
Editions,2013) e Bob Wolfenson (Terra Virgem Edições, 2017).
Wolfenson é, ainda, criador e editor da revista de
arte e moda S/N. Muitas de suas obras estão em acervos de importantes
instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Coleção Pirelli-MASP), Museu de
Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Museu de Arte Brasileira da FAAP, Museu de
Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-USP), Zacheta National Gallery of Art da
Varsóvia, além de diversas coleções particulares.
Serviço:
Bob Wolfenson: Retratos
Local: Espaço Cultural Porto Seguro
Endereço: Alameda Barão de Piracicaba, 610. Campos Elíseos – São Paulo
Abertura: 23 de agosto, a partir das 19h
Período expositivo: 24 de agosto até 9 de dezembro
Visitação: de terça a sábado, das 10h às 19h; domingos e feriados, das 10h às 17h
Entrada gratuita
Capacidade: 305 pessoas
Acessibilidade
O edifício é acessível para pessoas com mobilidade reduzida. A exposição oferece atendimento especial na visitação com mediadores bilíngues em inglês, espanhol e libras mediante agendamento prévio.
Estacionamento
Alameda Barão de Piracicaba, 634 (sede Porto Seguro). De segunda a sexta-feira, gratuito pelo período de até 1h30 (1ª, 2ª e 3ª hora adicionais R$ 10,00 a hora. A partir da 4ª hora adicional, R$ 5,00 a hora). A partir das 17h30 e aos sábados, domingos e feriados - R$ 20,00 (preço único).
Serviço de vans:
O Complexo Cultural Porto Seguro oferece vans gratuitas da Estação Luz até o Espaço Cultural Porto Seguro. Na Estação da Luz, o ponto de encontro das vans é na saída da Rua José Paulino / Praça da Luz / Pinacoteca, em frente ao Parque Jardim da Luz. Há instrutores no local para orientar o embarque. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (11) 3226-7361.
Horário de funcionamento do
serviço de vans:
Terça a sábado das 9h à 0h. Domingo das 9h às 22h.
Gemma Restaurante:
Aberto todos os dias: segunda, das 12h às 15h; terça, das 10h às 17h; quarta a sexta, das 10h às 21h; sábado, das 11h às 18h; domingo, das 11h às 16h.
Fonte/Fotos-reprodução/divulgação:
Assessoria de Imprensa – Legenda: Fernanda
Young, 2018, São Paulo | Luiz Melodia, 1995, São Paulo| © Bob Wolfenson
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