FLIP ACONTECE ESTE ANO DE 27/11 A 5/12 EM FORMATO VIRTUAL

 


A Flip - Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece este ano de 27 de novembro a 5 de dezembro em formato virtual, confirmou como primeiro autor convidado o chileno Alejandro Zambra. Hoje radicado na Cidade do México, Zambra nasceu em 1975, em Santiago. Escreveu os romances Bonsai, A vida privada das plantas, Formas de voltar para casa e Múltipla escolha; os contos reunidos em Meus Documentos; e os volumes de poesia Bahía inútil e Mudanza. Já sua produção crítica está organizada em No leer e Tema libre.

Em 2010, Zambra foi referido como uma das vozes mais promissoras em língua espanhola, segundo a publicação britânica Granta. De lá pra cá, suas obras foram traduzidas para vinte idiomas e seus textos foram publicados em prestigiados espaços literários, como The New Yorker e The Paris Review.

Após nove anos de sua vinda à Flip (ele esteve na festa em 2012), quando sentou-se com Enrique Vila-Matas para conversar - dentre outros assuntos - sobre livros ficcionais que tratam da literatura, Zambra retorna à Festa com Poeta Chileno, sua incursão imaginativa mais longa. Além disso, um volume que reúne toda produção ficcional do autor também chega às livrarias brasileiras nos meses que antecedem a Festa.

Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip comenta: "Nesse retorno à Flip depois de quase uma década e com novas publicações, Zambra nos oferece a oportunidade de refletir sobre dois movimentos: um é a trajetória artística dele, o outro são as transformações sociais, políticas e culturais do Brasil e do Chile, países tão próximos e semelhantes, mas que também guardam uma série diferenças que ajudam a entender a complexidade do nosso lugar no mundo".

O desejo do coletivo curatorial convidar o escritor chileno vai além, como explica Evando Nascimento: "Alejandro Zambra é um dos convidados da Flip 2021 por ser um dos escritores latino-americanos mais relevantes da contemporaneidade e também pelo fato de dois de seus livros trazerem plantas como metáforas de cunho literário e político: Bonsai e A vida privada das árvores. A questão vegetal relacionada à literatura hoje tem um forte componente ético-político, como será tematizado em algumas das mesas".

Sobre a 19ª Flip

A 19ª Flip - Festa Literária Internacional de Paraty, acontece em formato virtual entre os dias 27/11 e 05/12. Pela primeira vez, a Festa opta por trabalhar com um coletivo curatorial convidado e fazer uma homenagem coletiva. As duas escolhas vão ao encontro do conceito de toda a 19ª edição, que está expresso no texto "Nhe’éry, Plantas e Literatura" -na íntegra no site da Flip .Nhe'éry (pronuncia-se nheeri) quer dizer "onde as almas se banham" e é como o povo Guarani chama a Mata Atlântica, uma denominação que revela toda a pluriversalidade da floresta.

"Este ano a Flip volta seu olhar para a necessidade de se rever a dissociação entre humanidade e natureza. É um conceito que busca refletir sobre as questões mais urgentes do contemporâneo, sem ser um delineamento temático rígido. A intenção é se nutrir das florestas, que são sistemas abertos, colaborativos", diz Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip. "Por isso, e em um momento de incertezas mundiais, todas as opções feitas para a Festa têm um caráter laboratorial, buscando retratar outras perspectivas e narrativas que olham para a literatura e para a produção cultural em seus múltiplos formatos", explica.

Munhoz ainda destaca que o texto "Nhe’éry, Plantas e Literatura", que tem a função de propor um conceito norteador da 19ª edição, foi elaborado de forma colaborativa entre o coletivo curatorial, a direção artística da Flip e diversas outras instituições e indivíduos. Leia um fragmento abaixo.

A grande importância das plantas nas obras literárias precisa ser destacada: os buritis de Guimarães Rosa, o Jardim Botânico e as flores de Clarice Lispector, os arvoredos de Fernando Pessoa, as folhas de Mãe Stella de Oxóssi, a bananeira de Bashô, as palmeiras e matas de Amos Tutuola, o herbário de Emily Dickinson, a polinização cruzada de Waly Salomão, o planeta-floresta de Ursula K. Le Guin, "a floresta e a escola" de Oswald de Andrade, seguindo-se novos fios de palavras de ficcionistas e poetas da contemporaneidade. O texto literário sob forma de narrativa, poesia ou drama, em registro oral ou escrito, tem dado uma contribuição fundamental para o respeito e a valorização das diferentes formas de vida.

Trecho do texto "Nhe’éry, Plantas e Literatura", que fundamenta o conceito norteador da 19ª Flip (ler na íntegra ao final deste documento) .

Coletivo Curatorial

Inspirada pelas florestas e sua diversidade, a Flip trabalha pela primeira vez com um coletivo curatorial, uma verdadeira "floresta curatorial".

Hermano Vianna, antropólogo de formação, e misturador geral de informações, coordena o trabalho deste coletivo curatorial, integrado por Anna Dantes, colaboradora da Escola Viva Huni Kuin há mais de dez anos e uma das fundadoras do Selvagem - Ciclo de estudos sobre a vida; Evando Nascimento, escritor e filósofo, pioneiro na reflexão sobre literatura e plantas no Brasil; João Paulo Lima Barreto, Tukano do Alto Rio Negro, doutor em antropologia social pela Universidade Federal do Amazonas e fundador do Centro de Medicina Indígena em Manaus; e Pedro Meira Monteiro, professor da Princeton University e um dos organizadores da oficina Poéticas Amazônicas, no Brazil LAB da Universidade.

"Como Mário de Andrade disse, cada pessoa precisa ser 300 ou mais. Cada pessoa puxa um bonde, vários bondes, várias redes, muitos outros coletivos. Por isso, o trabalho do coletivo curatorial da Flip busca dialogar com o máximo de vozes possíveis que estejam olhando para as questões da contemporaneidade e a superação de suas crises. A ideia é se voltar para pensamentos e ações que têm proposto outros modelos de organização social e visões diferentes do conhecimento", diz o coletivo curatorial por meio do coordenador Hermano Vianna.

Homenagem Coletiva

Nesta 19ª edição, a Flip faz uma homenagem coletiva para todo(a)s o(a)s pensadore(a)s, conhecedore(a)s e mestre(a)s indígenas que tiveram suas vidas interrompidas pela Covid-19. Gente de várias florestas do Brasil, gente discípula das plantas. Inspirada em projetos como o Memorial Vagalumes, a homenagem deste ano busca cultivar e espalhar as sabedorias dessas "pessoas-enciclopédias" que não podem desaparecer.

Apenas alguns nomes: Higino Tenório, escritor, benzedor, especialista em arte rupestre, professor e fundador da primeira escola indígena do povo Tuyuka; Feliciano Lana, artista plástico e escritor do povo Desana, conhecido internacionalmente; Zé Yté, colaborador central dos mais importantes estudos sobre a etnobiologia Kayapó; Maria de Lurdes, guardiã das plantas de cura do povo Mura; Meriná, mestra de rituais de cura e benzimentos do povo Macuxi; Alípio Xinuli Irantxe, mestre das flautas do povo Manoki; Domingos Venite, Guarani, líder da maior terra indígena do estado do Rio de Janeiro, militante de novas políticas de saúde indígena.

Por meio desses nomes, a Flip também homenageia todas as vítimas da pandemia, entre elas gente de outras sabedorias e narrativas como Nelson Sargento, Aldir Blanc e Zé de Paizinho, mestre do samba de aboio sergipano, ou a poeta Olga Savary, o poeta Vicente Cecim e o ficcionista Sérgio Sant’Anna.

Formato

O público poderá aproveitar as mesas e intervenções videográficas da 19ª Flip de forma virtual, em um momento ainda delicado da pandemia de Covid-19. Tudo em caráter laboratorial e segundo recomendações de infectologistas. Será então uma Flip em defesa da arte, da vegetação que protege o planeta e, sobretudo, da vida em suas múltiplas configurações.

Receita e parcerias

O projeto é apresentado pelo Ministério do Turismo e Associação Casa Azul. Conta com o benefício da Lei Federal de Incentivo à Cultura e Vale+Cultura. Patrocínio oficial do Itaú e Instituto Cultural Vale, e é uma realização da Associação Casa Azul, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal, Pátria Amada, Brasil.

A direção da Flip estima uma queda significativa de receita, e por isso ainda está sendo realizado o trabalho de busca de apoios e interlocuções com a comunidade local. Apesar de ser uma edição virtual, estão sendo realizados todos os esforços para que a festa traga as características de sempre, que é ser parte da força genuína do território em que está localizada.

SERVIÇO

19ª Festa Literária Internacional de Paraty

Edição Virtual

Programa educativo: de 22 a 27 de novembro

Programa principal: De 27 de novembro a 5 de dezembro

Programação completa, locais virtuais e horários: em breve!

Acompanhe a Flip:


Instagram e Twitter: @flip_se

Fonte: Assessoria de Imprensa

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