No próximo dia 18 de junho, às 11h, será lançada na Bienal do Livro do Rio a coletânea “1964 – O que ainda nos resta dizer?”, organizada pela historiadora Luciene Carris e publicado pela editora Metanoia. A obra, que será apresentada na Calçada Literária (Pavilhão 4, stand 18, no Riocentro), reúne textos de 11 autores que analisam de forma plural e crítica o período da ditadura militar no Brasil, conectando passado e presente por meio de temas como cultura, repressão, resistência, liberdade de expressão e direitos fundamentais.
A cultura foi uma arma poderosa que os artistas encontraram de driblar a censura, transformando a arte em uma poderosa arma de resistência simbólica. Durante os 21 anos da ditadura civil-militar (1964–1985), a censura foi uma ferramenta central do governo para silenciar vozes contrárias e controlar o que era divulgado na mídia, na televisão, no teatro e no cinema. Nesse contexto, artistas, escritores e jornalistas enfrentaram inúmeros desafios para se expressar livremente.
Segundo a historiadora Luciene Carris, a criatividade foi uma forma de resistência política e cultural, apesar da repressão brutal no período. A arte, a escrita e a comunicação se tornaram instrumentos de luta pela liberdade de expressão, desafiando o silêncio imposto pela ditadura.
“Contudo, é importante lembrar que, naquele período sombrio que durou 21 anos, o controle sobre a educação e a mídia (televisão, rádio e jornais) era intenso. Havia censores espalhados por diversas instituições, como escolas, universidades, repartições públicas e privadas, além de jornais, canais de televisão e rádios. Assim, muitas informações eram distorcidas pelo governo, especialmente no ensino, que não deveria ser crítico”, explica.
"1964: O que ainda nos resta dizer?" busca não apenas revisitar o passado, mas também instigar um debate sobre o presente. O livro aponta para os desafios que ainda enfrentamos para garantir uma sociedade democrática e livre de repressões, com foco em temas ainda atuais, como a liberdade de expressão, a resistência política e a luta por direitos fundamentais. Em tempos em que o passado é frequentemente revisitado, a coletânea traz uma contribuição importante para o entendimento da história recente do Brasil, estimulando a reflexão crítica sobre a marca da ditadura militar e suas reverberações até os dias de hoje.
Em seus capítulos, o livro aborda também a demolição do prédio da Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, destruindo, junto aos escombros, memórias e identidades; um curta-metragem que, em 1968, abordava o tema do homossexualismo no contexto da contracultura, algo inovador até então; a investigação no campo das artes plásticas em eventos ocorridos em Salvador e Belo Horizonte, em 1966 e 1968, respectivamente; canções de vozes femininas na resistência ao autoritarismo, recorrendo a discos de vinil, o Long Play (LP), como fonte documental; o genocídio dos povos originários, em particular os Kinia e os Krenak; a luta dos trabalhadores pela posse da terra, que não começou com o MST; as remoções de moradores das favelas da Zona Sul do Rio de Janeiro para lugares longínquos, violência perpetrada durante a ditadura dos militares com a conivência da sociedade; e, por fim, a luta da comunidade do Horto, também na Zona Sul da cidade, para garantir seu lugar de moradia.
Com esse panorama multifacetado, “1964 – O que ainda nos resta dizer?” não apenas revisita o passado, mas propõe um debate urgente sobre o presente. Em tempos de revisão histórica e ameaças à liberdade de expressão, a obra surge como um convite à reflexão crítica e à defesa da democracia.
Serviço:
Lançamento do livro: “1964 – O que ainda nos resta dizer?”
Organização: Luciene Carris
Editora: Metanoia
Data: 18 de junho de 2025
Horário: 11h
Local: Calçada Literária – Pavilhão 4, Stand 18 | Bienal do Livro do Rio (Riocentro)
Fonte/Imagem-divulgação: Assessoria de Imprensa - Legenda: Luciene Carris, organizadora da coletânea
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