Se fosse preciso resumir a arte
contemporânea em uma única palavra, esta poderia ser liberdade. Marcada pela
multiplicidade de temas, linguagens e suportes, suas possibilidades são
infinitas. Um artista contemporâneo pode tratar de determinada problemática de
diversas formas, por diferentes ângulos. Tal versatilidade, inclusive, pode ser
encontrada na obra de um único artista. É o
que mostra a exposição formas / suportes, individual
de Macaparana em cartaz na Dan Galeria entre 23 de março e
30 de abril.
A mostra reúne
mais de 30 trabalhos do pernambucano reconhecido por uma obra que une o rigor
geométrico e a informalidade da abstração. Trata-se de um recorte de sua
coleção pessoal e do acervo da galeria, abarcando
obras produzidas dos anos 1970 até os dias atuais. Nesta seleção, há trabalhos
realizados em suportes variados, entre os quais tela, papel, madeira, acrílico,
vidro, cerâmica, entre outros.
"Em meio à pesquisa para
esta exposição, foi muito interessante perceber as diversas mudanças que se
deram em minha produção. A liberdade para trabalhar e compor de várias formas
me possibilitou alcançar diferentes resultados. Muitas vezes, eu mesmo fui
surpreendido neste processo. Essa dinâmica foi bastante enriquecedora, tanto no
que diz respeito ao processo de criação, quanto para o amadurecimento da minha
obra", afirma o artista.
Entre os trabalhos apresentados,
uma escultura em aço inoxidável, sem título (2005), que traz
duas formas ovais combinadas, materialização em três dimensões de duas telas de
formato semelhante, sem título (2005), cobertas por
pigmentos e tinta acrílica. De 1983, uma pintura sobre tela que parece figurar
tocos de madeira sobrepostos. Dois anos depois, em 1985, Macaparana criou
um trabalho semelhante, desta vez fazendo uso de pedaços de madeira de tipos
diversos.
"Cada trabalho tem uma
dinâmica própria. No meu caso, todos geralmente começam no papel, quase como um
rascunho livre. Aos poucos, ele vai se materializando, ganhando corpo e pedindo
suportes específicos. Tenho séries que nascem em um formato e ganham outro com
o tempo. Os resultados são completamente distintos. No que diz respeito,
inclusive, na relação que estabelecem com o
público", pontua o artista.
Sobre o artista
José de Souza Oliveira Filho
nasceu em 1952, em Macaparana, cidade a cerca de 120
quilômetros de Recife, Pernambuco. Protagonista de uma das trajetórias mais
notáveis da arte brasileira da segunda metade do século 20, foi autodidata,
aprendendo a desenhar e a pintar com lápis e papel, em um período de
convalescença durante a infância. Aos 18 anos de idade, expõe pela primeira
vez, na galeria da
Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), na capital
do Estado.
Em 1972, realiza sua primeira
individual no Rio de Janeiro, cidade onde passa a viver. Na capital
fluminense, Macaparana convive com os maiores
nomes do neoconcretismo brasileiro, como Lygia Clark (1920 - 1988), Lygia Pape
(1927 - 2004), Amilcar de Castro (1920 - 2002) e o poeta e crítico de arte
Ferreira Gullar (1930 -2016).
A mudança para São Paulo no ano
seguinte vem acompanhada por um ponto de virada em sua trajetória – que entra
em ascensão –, e em sua obra, com o abandono da pintura figurativa e a adoção
do abstracionismo geométrico. Na cidade – onde
vive até hoje –, conhece e se aproxima dos artistas Antônio Maluf (1926 -
2005), Willys de Castro (1926 - 1988) e Hércules Barsotti (1914 - 2010).
No final da década, em 1979, o
artista realiza sua primeira individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Nesta ocasião, tem seu nome trocado pelo de sua cidade natal no convite da
exposição – uma brincadeira de Pietro Maria Bardi, fundador e diretor do museu
e seu amigo próximo. A partir de então, todos assim o chamariam.
Em 1991, expõe na 21ª Bienal de São Paulo e apresenta uma
nova individual no MASP. Três anos depois, expõe na Pinacoteca
do Estado de São Paulo, também em uma mostra somente
sua. No exterior, já realizou mostras individuais na Galeria Cayón, de Madrid (2009); na
Galeria Jorge Mara, de Buenos Aires (2010) e na Galeria Denise René, de Paris (2011 e 2016). Em 2018,
realizou a mostra Afinidades no
Museu Lasar Segall, em São Paulo e, posteriormente, no Paço Imperial, no Rio de
Janeiro.
SERVIÇO
Local: Dan Galeria
Endereço: Rua Estados Unidos, 1638
Abertura: 23 de março, das 11h às 14h (somente para convidados)
Visitação: de 25 de março a 30
de abril
Horários: Seg. a sex. das 10h às 19h - sáb. das 10h às 13h
Entrada: Gratuita
Telefone: 11 3083-4600
Fonte/Foto-reprodução/divulgação:
Assessoria de Imprensa - Legenda: Macaparana, Sem título, 2015
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