PROTAGONIZADO POR MONICA IOZZI, MAR DE DENTRO FAZ UM RETRATO HUMANIZADO DA MATERNIDADE


Mais de uma década atrás, quando começou a pensar no longa que viria a ser MAR DE DENTRO, a diretora e corroteirista Dainara Toffoli foi questionada inúmeras vezes se a maternidade, em si, daria um filme. “Queriam saber qual seria a trama, qual seria a grande história. Para a maioria das pessoas, falar sobre maternidade não seria suficiente. Foram muitos anos para conseguir o financiamento. Percebi que a maternidade real, não idealizada, era um tema tabu. Mas eu precisava falar sobre isso e tinha uma intuição forte de que as mulheres iriam se identificar. Não é à toa que a Eliane Ferreira, produtora do filme, é mulher e mãe. Desde o início, sentíamos a mesma urgência. E esta parceria foi muito importante para que não desistíssemos depois dos inúmeros nãos.”

O longa chega aos cinemas em 7 de abril, com distribuição da Califórnia Filmes e produzido pela Muiraquitã Filmes em coprodução com a Elástica Filmes e o Telecine.

Protagonizado por Monica Iozzi, MAR DE DENTRO tem como personagem central Manuela, uma mulher independente e bem sucedida, que descobre uma gravidez não-planejada. Uma série de problemas emergem, até que a maternidade se concretiza em sua vida, e ela descobre que terá de aprender como ser mãe, mesmo sem gostar da maternidade.

Monica, cada vez mais se destacando como atriz e surpreendendo quem a conhece apenas da comédia aponta MAR DE DENTRO como um começo em busca de outros gêneros em sua carreira. “Quem me conhece da novela na televisão nunca me viu nesse outro registro. Então deverá ser uma surpresa pra quem me acompanha. Mas acho que devo deixar claro que gosto sim de fazer humor, que sou muito grata a tudo que o humor me proporcionou até agora.” 

Para a atriz, o fato de ser uma história que mostra uma mulher que vive uma situação limite a atraiu muito para o projeto. “Mas o primeiro ponto que me chamou a atenção é que a Manu não tem o perfil que estamos acostumados a ver das mulheres. Ela é uma mulher realmente que adora o trabalho, que é bem sucedida e muito exigente. E ela também tem uma relação livre com um cara e está tudo bem com isso também. Então, me atraiu muito poder mostrar uma mulher assim com um olhar mais contemporâneo.”

Dainara, que assina o roteiro com Elaine Teixeira, acredita que há muita solidão e, até mesmo, um luto na maternidade. “Chegamos do hospital com um bebê no colo e uma dura e solitária rotina desaba sobre nossas cabeças. Para a sociedade, a mulher grávida ou com criança pequena é um certo fardo destituído de suas antigas capacidades. Assim, quando a mulher decide ter um filho, ela precisa saber que é uma rotina que vai enfrentar, na maior parte das vezes, sozinha. A licença paternidade é de cinco dias. Um bebê exige 24 horas de atenção. Ter um filho custa caro e não há uma rede de apoio. Quando vemos, estamos tentando dar conta de tudo e abrindo mão das nossas aspirações. Com tanta idealização, o que sobra para a mulher é cobrança, cansaço e um sentimento de culpa constante.”

A produtora Eliane Ferreira aponta que MAR DE DENTRO traz uma outra visão sobre a maternidade, comumente romantizada no cinema. “Ou é a maternidade excessivamente idealizada, em que o filme normalmente acaba quando o filho nasce. É a realização de ser mãe, ‘pronto, consegui, sou feliz para sempre’. Ou é algo retratado totalmente fora do padrão, problemática. Mas acredito que esta repetição de abordagem possa ter a ver com o fato de o cinema ter sido feito, por muito tempo, majoritariamente por homens. O olhar masculino sempre foi tão dominante que, mesmo para as mulheres que fazem cinema, talvez falar sobre maternidade desta forma realista como fazemos em aqui, ou em outras abordagens de outros projetos de cinema, poderia parecer fragilidade.”

Dainara acrescenta que, esta suposta fragilidade não condiz com a realidade. “Na verdade, a maternidade é de uma potência enorme. Por isso, quis mostrar o puerpério, algo absolutamente do espaço da mulher e dos homens trans sobre o qual falta reflexão. Hoje se fala do puerpério, mas esta é uma palavra muito nova na nossa cultura. Ser mãe é virar bicho. Peito inchado, melecado e vertendo leite. Exaustão. Fadiga. Aquela sensação constante de se ver como a vítima em um filme de vampiro: sugada e insone. É horrível e, pode ser, belo ao mesmo tempo,” completa ela.

O equilíbrio entre força e doçura é uma das chaves da narrativa de “Mar de Dentro”. Ainda que a situação financeira de Manuela seja confortável, ao encarar a maternidade praticamente sozinha em uma cidade que mais isola do que une as pessoas, ela vive um processo crucial de autodescoberta. Em vez de romantizado, o processo de se tornar mãe é visto com humanidade e com todas as contradições que ele traz.

Mônica aponta que há uma pesquisa que revelou que aproximadamente 47% das mulheres são demitidas ou então acabam perdendo posições na hierarquia do trabalho nos dois anos seguintes à maternidade. “É justamente em tudo isso que Mar de Dentro dá uma pincelada.”

A diretora ressalta que em seu filme, além da maternidade em si, está discutindo outras questões relacionadas ao tema, como a vida profissional da mulher que acaba de ter um filho, ou o desejo e o prazer feminino. “Este é um filme de mulheres. Há dez anos ninguém falava sobre isso. Tateamos um lugar que depois se tornou mais que um assunto, virou uma luta. Foi um processo duro, mas recompensador”, finaliza.

Monica, por sua vez, acrescenta que, apesar de ter a mulher e assuntos relacionados com ela, ao centro, MAR DE DENTRO é um filme que deve ser visto também pelo público masculino. “Há alguns temas que são difíceis de interessar aos homens porque para a grande maioria são questões que pertencem ao universo feminino única e exclusivamente. Há a velha questão do pai que é um puta paizão se ele troca uma fralda ou a do ‘meu marido é ótimo, ele me ajuda tanto.’ Mas acho também que tem uma coisa que talvez esse filme consiga furar um pouquinho, que é essa bolha. Isso porque realmente não é uma história que vai na linha de ‘que linda a maternidade’. Tem outras questões.

O ator Rafael Losso, que interpreta o principal personagem masculino do filme, destaca a importância de ter uma diretora mulher à frente dessa história. “Pensando na história do cinema, quantos homens não quiseram contar ou contaram histórias de mulheres? E receberam prêmios por isso. Ou quanto a gente já não roubou histórias que, na verdade, deveriam estar sendo contadas por mulheres. As mulheres têm o direito de fazer o que elas quiserem. Pensando em MAR DE DENTRO e na vivência da Dainara, pensando também em outras mulheres, um diretor poderia contar a história da Manuela, mas não da forma como ela conta. Foi um prazer trabalhar com ela.

Desde sua estreia na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o filme recebeu diversos elogios. José Geraldo Couto, no site do Instituto Moreira Salles, escreveu que o longa tem “narrativa eficiente [...] que faz aflorar questões sobre o lugar da mulher numa sociedade machista.” Isabel Wittmann, em Estante da Sala, diz que “O ponto forte do filme está nos pequenos detalhes: nas rotinas, nas descobertas, nas delicadezas, na forma como mostra como cada pessoa tem um palpite, mas, no final, o que resta é a solidão da mãe e suas escolhas, ainda que em um contexto tão privilegiado. MAR DE DENTRO não romantiza a maternidade, mas a trata com uma beleza melancólica.”

Luiz Zanin, de O Estado de S. Paulo, escolheu MAR DE DENTRO como um de seus longas favoritos do festival: “Um tratamento simples e honesto sobre a questão da maternidade. Em meio a muitas firulas e poucos resultados, o cinema brasileiro (pelo menos pela amostra apresentada), esse tipo de obra, que deseja se comunicar sem baratear suas ideias, merece ser destacado. É melhor que muito filme-cabeça pretensioso.”


Mar de Dentro

Manuela é uma profissional de sucesso que, ao se descobrir grávida de um colega de trabalho, tem de lidar com a transformação de seu corpo e sua vida. Em meio a tantos desafios, ela se defronta com uma fatalidade que afetará ainda mais seu destino. Quando o bebê nasce, ela tem de aprender a ser mãe mesmo sem gostar, a priori, da maternidade.

Direção: Dainara Toffoli

Elenco: Monica Iozzi, Rafael Losso, Gilda Nomacce, Fabiana Gugli; Participação Especial: Zé Carlos Machado e Magali Biff

Gênero: Drama

País: Brasil

Ano: 2020

Duração: 90 min

Ficha Técnica

Direção: Dainara Toffoli

Roteiro: Dainara Toffoli e Elaine Teixeira

Produção: Eliane Ferreira, Pablo Iraola e Dainara Toffoli

Produção: Muiraquitã Filmes e Elástica Filmes

Co-produção: Telecine

Elenco: Monica Iozzi, Rafael Losso, Gilda Nomacce, Fabiana Gugli, Zé Carlos Machado e Magali Biff

Produção Executiva: Eliane Ferreira

Direção de Fotografia: Glauco Firpo

Direção de Arte: Fernando Timba

Montagem: Willem Dias, AMC

Edição de Som: Beto Ferraz

Mixagem: André Tadeu

Trilha Sonora: André Namur e Yaniel Matos

Figurino: Aline Canela

Caracterização: Britney Federline

Produção de Elenco: Diana Galantini

Gênero: drama

País: Brasil

Ano: 2020

Duração: 90 min.

Biografia

Dainara Toffoli

Dainara Toffoli é diretora, roteirista e produtora. Recentemente dirigiu as séries Manhãs de Setembro para o Amazon Prime Vídeo, protagonizado pela cantora Liniker e indicado ao prêmio APCA de Melhor Série de TV; De Volta aos 15, para a Netflix, protagonizado por Maísa e Camila Queiroz e se prepara para rodar a segunda temporada de As Five, para a Globoplay.

Iniciou sua carreira no aclamado Ilha das Flores, de Jorge Furtado, depois disso exerceu diferentes funções até roteirizar, junto com José Roberto Torero e Gustavo Cascon, e dirigir, junto Diego de Godoy, seu primeiro curta, Um Homem Sério. A adaptação de Machado de Assis, ganhou cinco prêmios no Festival de Gramado, entre eles, Melhor Filme pelo Júri Popular e Melhor Ator para Ari França, além de ter sido selecionado para os festivais de Clermont Ferrant, Roterdã, Vila do Conde, entre outros. Dainara coproduziu e dirigiu o média metragem Dona Helena, sobre a vida da violeira Helena Meirelles, eleito o Melhor Filme no II FEMINAFEST e selecionado para a mostra competitiva do É Tudo Verdade e para festivais na Holanda, Espanha, EUA, Bélgica e Finlândia. Em televisão, Dainara criou, roteirizou e dirigiu a comédia Amigo de Aluguel (Universal) e foi uma das diretoras das séries Antônia (Globo); Lili, a Ex(GNT); Dia UM (HBO), As Five, 1ª temporada (Globoplay).

Muiraquitã Filmes

A Muiraquitã Filmes é uma produtora brasileira dedicada a produzir filmes e séries de ficção e não-ficção com perspectivas únicas e autênticas, em colaboração com cineastas talentosos e parceiros em todo o mundo.

Em abril irá lançar nos cinemas “Mar de Dentro” de Dainara Toffoli.Suas mais recentes produções foram o longa “Sol” de Lô Politi, que estreou em 2021 na Mostra de São Paulo e ganhou o prêmio de melhor ator para Rômulo Braga no Festival do Rio 2021; e o documentário “Os Arrependidos” de Armando Antenore e Ricardo Calil que ganhou melhor documentário no É tudo verdade 2021. Entre outros projetos recentes podemos destacar o documentário “Fico te devendo uma carta sobre o Brasil” de Carol Benjamin, que estreou no IDFA e foi selecionado para o festival É Tudo Verdade, recebendo menção especial do júri em ambos - feito em coprodução com a Daza Filmes e a VideoFilmes; "Cine Marrocos" de Ricardo Calil, que estreou no Dok Leipzig e ganhou o Golden Dove da Next Masters Competition, além de prêmios de melhor documentário nos festivais É Tudo Verdade e Festival Internacional de Guadalajara; e o longa ficção “Querência” de Helvécio Marins Jr.; em co-produção com a VideFilmes e a Autentika Filmes da Alemanhã, que teve sua estreia na seção Forum do Festival de Berlim e recebeu o prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Jeonju.

A Muiraquitã Filmes também produziu os longas “Vermelho Russo” de Charly Braun, completamente filmado na Rússia, e o documentário “A Luta do Século” de Sergio Machado, ambos estrearam no Festival do Rio, ganhando os prêmios de melhor roteiro e melhor documentário, respectivamente. Produziu ainda o documentário “Fabricando Tom Zé” de Décio Matos Jr., vencedor do prêmio de melhor documentário pelo júri popular no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Em fase de pós-produção, estão os longas “Bala sem nome” de Felipe Cagno,  “Eneida”, de Heloisa Passos, “Duas Irmãs” de Ana Flavia Cavalcanti e Felipe Barbosa.

Atualmente produzindo os documentários “Testament”, de Meena Nanji e Zippy Kimundu, em coprodução com o Quênia, Estados unidos e a Alemanha, que recebeu apoio de importantes fundos como: HotDocs BIG, IDFA Bertha Fund, IDA Enterprise, Afridocs, Docubox Kenya, Chicken and Egg Acelerator Lab, Ford Foundation e recentemente World Cinema Fund, e “Sobre Memória e Esquecimento”, de Ricardo Martensen, ganhador das bolsas de desenvolvimento do Sundance Documentary Fund e do IDFA Bertha Foundation.

Elástica Filmes

Elástica Filmes é uma produtora de filmes e séries para cinema e TV, focada em temas contemporâneos, ciências, povos, saúde e artes. Fundada em 2006 pelas irmãs gêmeas Dainara e Tatiana Toffoli, com a intenção de desenvolverem seus próprios projetos, a produtora estreou no Festival É Tudo Verdade com o documentário "Dona Helena", de Dainara Toffoli, em coprodução com a M.Schmiedt Produções. O filme ganhou melhor documentário no Festival Tudo Sobre Mulheres, participou de diversos festivais nacionais e internacionais e vem sendo, desde então, veiculado em canais de tevê como GNT, Canal Brasil, TV Brasil e TV Cultura.

Ao longo de 16 anos, a Elástica produziu 11 médias-metragens para televisão, 2 curtas-metragens e agora lança o primeiro longa de ficção em coprodução com a Muiraquitã Filmes. Desenvolvido e dirigido por Dainara Toffoli, Mar de Dentro estreou na Mostra de Cinema de São Paulo e será lançado em abril nas salas de cinema.

Produziu os documentários média-metragem "Louceiras" (Menção Honrosa no 14º FICA – Festival de Cinema Ambiental da Cidade de Goiás); "Baré, Povo do Rio" (Melhor Realização Artística no Telas -Festival Internacional de Televisão de São Paulo).

Em abril, lança a série documental "Amazônia: Arqueologia da Floresta" que acompanha a equipe do arqueólogo Eduardo Góes Neves e, ainda no primeiro semestre, a série "Respiração em 4 Atos", com concepção de Ivaldo Bertazzo, ambas para o SescTV.


Fonte: Assessoria de Imprensa 

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