CONHEÇA OS LIVROS QUE MARCARAM A INFÂNCIA DE ESCRITORES DA BIENAL DO LIVRO



Na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, olhares atentos se encontram à procura de boas histórias. De 13 a 22 de agosto, leitores, ilustradores e escritores estarão cercados por livros.

Muitas dessas obras marcarão a vida de seus leitores, que os levarão para sempre na memória. Um personagem que se parece com você, uma história que adoraria ter vivido, uma ilustração impressionante: são vários os motivos que um livro tem para se tornar inesquecível.

Conversamos com alguns escritores que estarão presentes na Bienal para saber que livros marcaram sua infância, e de que forma aparecem em sua obra.

Adriana Falcão:

Meus primeiros livros foram de Monteiro Lobato, é claro, e uma coleção da Laura Ingalls Wilder que fazia sucesso entre as meninas nos anos 1960. Mas me lembro de ter ficado absolutamente encantada pelo primeiro "Tintim" que ganhei, aos sete anos de idade. Acho que fui arrebatada pelo humor e pelo atrevimento do Capitão Haddock. Até hoje coleciono os livros de Tintim. Acho que eles me inspiram.

Adriana Falcão escreve para televisão, cinema e jornal. Para crianças, lançou "Mania de Explicação", entre outros. Ajudou a escrever o filme "Eu e Meu Guarda-Chuva", que estréia em 8/10.

Ana Maria Machado:

Um dos livros que mais me marcou foi "Reinações de Narizinho", do Monteiro Lobato. Sempre li também muitos contos de fadas. Principalmente os de uma coleção da Editora Vecchi, que tinha contos irlandeses, russos, poloneses etc. A grande diferença do Lobato é que ele escrevia como as pessoas falam. Além disso, o ambiente cotidiano e a mistura da realidade com a fantasia, tão presentes nos livros dele, também estão nos meus.

Ana Maria Machado é uma das escritoras mais importantes do país. Com mais de cem livros na carreira, é autora de alguns muito conhecidos, como "Bisa Bia, Bisa Bel".

Eva Furnari:

Minha mãe dava importância para os livros, contava histórias, o que acho que faz muita diferença. A gente morava no Brasil, mas ela tinha trazido os livros da Itália. Um dos livros que mais me marcou foi "Nuove Novelle" [Novas novelas], de Hans Christian Andersen, que traz contos muito bons. Este livro é para criança, mas é um volume grande, para os pais contarem. Essa coisa da fantasia influenciou a minha obra.

A ilustradora e escritora Eva Furnari criou sua personagem mais famosa, a Bruxinha, aqui nas páginas da Folhinha. Ela está em livros como "Bruxinha Atrapalhada".

Mauricio de Sousa:

Meus pais sempre me estimularam trazendo gibis e livros para casa. "Brucutu", "Dick Tracy", "Spirit", "Capitão Marvel", "Ferdinando" e "Corto Maltese" foram meus quadrinhos na infância. Mas logo senti que só os quadrinhos não bastavam. E aí comecei a ler livros do Monteiro Lobato, do Machado de Assis e tudo o que me caía nas mãos. Devorava ao menos um por semana. A leitura me deu vontade de também escrever histórias.

Mauricio de Sousa é o pai da Turma da Mônica e tem mais de 50 anos de carreira. Foi um dos criadores da Folhinha, em que começou publicando tiras do Horácio.

Pedro Bandeira:

"Reinações de Narizinho" me marcou e, além disso, Narizinho foi minha primeira namorada... Creio que tentei "imitar" o processo construtivo desse livro do Lobato em meu primeiro livro, "O Dinossauro que Fazia Au-Au". É claro que ele e tantos outros (Mark Twain, Robert Louis Stevenson etc.) me ajudaram a construir o que sou hoje, mas confesso outro professor: o cinema, com a rapidez dos roteiros, com os cortes.

Pedro Bandeira é um dos autores mais lidos no Brasil. Seu livro "O Fantástico Mistério de Feiurinha" virou filme estrelado por Xuxa. Publicou mais de 40 livros para crianças.

Ricardo Azevedo:

Entre os livros que mais marcaram minha infância está o Tesouro da Juventude, uma coleção maravilhosa de cerca de 18 volumes, principalmente por causa dos contos populares que li e reli. Tem também os livros da coleção Taquara-Poca de Francisco Marins, "A Cidade dos Anõezinhos" de William Dohaney, os três primeiros volumes da coleção O Mundo da Criança, vários livros de Monteiro Lobato --como "O Saci" e "Caçadas de Pedrinho"--, além dos álbuns "Aventuras de Tintim", de Herge.

Ricardo Azevedo é santista e autor de "Aviãozinho de Papel". Tem também vários livros sobre poesia e cultura popular. Além de escrever, ele ilustra seus livros.

Rubem Alves:

Comecei a ler quando meu pai perdeu todos os bens e tivemos que nos mudar para o interior de Minas Gerais. Como não tinha brinquedos, eu me divertia correndo e lendo muito. Mas os livros que li na infância não influenciaram minha obra. Um deles foi "Almanaque do Jeca Tatuzinho", de Monteiro Lobato. Decorei a história inteira. Tem também o "Tartarin de Tarascon", de Alphonse Daudet. Gostei tanto que é um dos melhores que li até hoje.

Rubem Alves escreve livros para crianças e de filosofia. Entre os infantis, "A Pipa e a Flor" foi adaptado para o teatro e até encenado em Portugal.

Ruth Rocha:

Um livro que marcou minha infância foi "Reinações de Narizinho", o primeiro da série do Sítio do Picapau Amarelo que eu li. Minha mãe comprava um por um. Não gostava de coleção. Eu acho que a minha obra tem muita influência do Monteiro Lobato, penso muito como ele. Porque é com Lobato que entra o humor na literatura. E ele me influenciou muito também porque usava sempre frases curtas. E eu gosto muito disso.

Ruth Rocha participou da criação da revista "Recreio", da editora Abril. Seu livro "Marcelo, Marmelo, Martelo" vendeu mais de 1 milhão de cópias.

Ziraldo:

Minha infância foi povoada de quadrinhos! Consegui guardar toda a minha coleção das "Edições Maravilhosas" - com a qual iniciei minha descoberta na literatura. É claro que li Monteiro Lobato, Viriato Correia e um autor mineiro chamado Clemente Luz, que escreveu o livro que mais marcou minha infância, "O Mágico". Meus verdadeiros amigos de infância, porém, foram Batman, Super-Homem, Capitão América, Fantasma, Capitão Marvel e a Mulher Maravilha. Por isso sonhei em virar autor de histórias em quadrinhos.

Ziraldo é o criador da Turma do Pererê e do Menino Maluquinho, personagem do livro que chega à 100ª edição. O garoto também aparece em revistas e filmes.

Bruno Molinero e Gabriella Mancini
Colaboração para A Folha
Martha Lopes
De São Paulo.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

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