MÚSICOS REIVINDICAM UMA AGÊNCIA NOS MOLDES DA ANCINE

A criação de uma agência para a música, a internacionalização do setor e o apoio para difusão e garantia à diversidade da música brasileiras nas mídias. Essas foram algumas das demandas levantadas, em Brasília, por um público de artistas, gestores e produtores que lidam com música no Brasil, durante o Encontro com a Música. O evento, promovido pelo Ministério da Cultura e pela Fundação Nacional das Artes (Funarte), faz parte do processo de consulta à sociedade para a construção da Política Nacional das Artes (PNA).

O evento contou com a presença do presidente da Funarte, Francisco Bosco; do diretor do centro de música da Funarte, Marcos Lacerda, e do articulador de música da PNA, Cacá Machado, e reuniu músicos de todos os segmentos. O objetivo foi ouvir demandas e discutir propostas para a área da música na Política Nacional das Artes (PNA).

Francisco Bosco definiu o encontro como um pontapé inicial, muito importante e parte de um processo complexo. “Quando a gente fala na necessidade de criar uma Política Nacional das Artes, estamos diante de um desafio enorme porque não encontramos um cenário preparado para isso. Muita coisa tem que ser construída, o que torna o desafio imenso”, afirmou.

Bosco destacou que o setor da música é um dos que melhor se organizou nos últimos anos e ressaltou a necessidade de tentar definir uma agenda com maior precisão de propostas e reivindicações.
 
Para tornar a conversa mais objetiva e qualificada, sem prejudicar a participação social, Cacá Machado sugeriu uma sequência inicial de cinco encontros com entidades do setor que tenham apresentado carta à Funarte e que façam um recadastramento do setor junto a Fundação. A ideia seria debater os 10 pontos da Carta de Recife. “A Carta de Recife é um espelho do plano setorial de música e partiu de questões muito debatidas com a classe”, comentou. A ampla participação social seria realizada num período posterior, com realização de Caravanas pelo Brasil e com implementação de plataforma digital.

DEMANDAS
 
Uma das principais demandas do público é a criação de uma agência para a música a exemplo da Agência Nacional do Cinema (Ancine), um dos pontos presentes na Carta de Recife. Diante dessa demanda, Bosco ponderou o momento de crise econômica, em que talvez fosse melhor fortalecer o setor com estruturas já existentes.
 
Outro ponto levantado pelo presidente foi o de que a criação de uma agência poderia enfraquecer a Funarte e não seria justo para com as demais linguagens artísticas, que tampouco têm agências. Por fim, o presidente levantou que a questão é de desenho institucional e que a decisão de uma criação caberia ao próprio ministro da Cultura, Juca Ferreira. Bosco sugeriu ainda que a classe crie uma argumentação sobre a necessidade e importância da agência e construa a argumentação com mecanismos que viabilizem a sua construção.

O diretor do centro de música da Funarte, Marcos Lacerda, lembrou que o centro precisa de maior autonomia e força. “O centro não tem status de secretaria e muitas coisas são impostas”, lamentou.
Outro tema abordado pelo público foi a necessidade de um olhar mais atento para a música sinfônica.
 
Em, relação a esse quesito, Bosco sugeriu criar um encontro específico para debater o tema. Além disso, também foi apontada a questão da necessidade da internacionalização do setor. A sugestão seria uma ação conjunta para lançamento de editais entre Ministério da Cultura, Funarte, Apex e Ministério das Relações Exteriores.

O público ainda falou sobre a necessidade de garantir a diversidade da música na mídia, regulação de mídia e sobre a importância de garantir a difusão, que poderia ser feita por uma agência de música. Outro problema apontado foi relacionado aos direitos autorais e recursos de artistas do setor que possam ir para um fundo para o próprio setor.

Ao concluir o debate, o presidente da Funarte elogiou o público e mostrou mensagem otimista diante da demanda de criação de uma agência. “Queria parabenizar pela capacidade de articulação, pela qualidade do debate, é inspirador. Política pública é isso. Entrei pensando de uma maneira e saí pensando de outra – e é para isso que isso serve. Vocês têm possibilidades de criar mecanismos dentro da própria economia do setor para criar uma agência, isso muda todo o cenário”, afirmou Bosco.

Texto: AsCom/MinC
 
 
Foto: Reprodução/divulgação.

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