Com
espetáculos de teatro e dança, performances e show de música, a sétima edição
do Cena Brasil Internacional acontece de 6 a 17 de junho, no
CCBB Rio de Janeiro. São 11 atrações do Brasil, Argentina, Chile, Estados
Unidos e França, com preços populares (R$ 20 e R$ 10) e entrada franca, que
traçam um expressivo panorama da arte cênica contemporânea. O Cena Brasil é uma
idealização do CCBB em parceria com o produtor Sergio Saboya, que assina a
curadoria junto com o jornalista, diretor e dramaturgo Luiz Felipe Reis.
O Banco do Brasil é o patrocinador do Cena Brasil
Internacional.
O
Cena Brasil apresenta ainda workshops, palestras e uma área externa de convivência com food trucks. As atrações nacionais
e internacionais contam com traduções de legendas eletrônicas em inglês e
português. Em 2018, o festival apresenta, pela primeira vez, a
plataforma Cena Universitária, que possibilita a um grupo
recém-saído da universidade a chance de participar de todas as oficinas e
residências artísticas e, também, a oportunidade de apresentar uma peça.
“Este ano, estamos aprofundando o conceito que norteia o
festival desde a sua primeira edição: promover o intercâmbio entre os artistas.
Os diretores Fernando Rubio e a Carolina Bianchi vão trabalhar somente com
atores do Rio em seus espetáculos”, conta Sergio Saboya. “A programação desse
ano conta com a presença de projetos que abordam a violência contra a mulher.
São temas atuais acolhidos pela inquietude dos artistas, e o teatro provocando
uma reflexão, trazendo esses assuntos à tona através das artes”, acredita o
diretor e idealizador.
“É com grande entusiasmo que recebemos mais uma edição deste
projeto, que já conquistou o seu espaço na agenda cultural da cidade, além do
público carioca. Desde 2012, o festival tem um importante papel na difusão das
artes cênicas; sem esquecer do intercâmbio promovido entre as companhias de
teatro nacionais e estrangeiras ao longo do evento”, diz Marcelo Fernandes,
Gerente Geral do CCBB.
Para
Luiz Felipe Reis, a sétima edição do evento traz reflexões importantes sobre
machismo, preconceito racial, escravidão, guerra civil, entre outros temas
atuais. "Em 2018 o Cena radicaliza a premissa de que ousadia estética e
capacidade poética são meios de projetar e de impulsionar transformações
políticas, sociais e humanas. Aliar estes termos — estética, poética e
contundência política —, portanto, é o que esta edição busca de modo obstinado,
pois assim atuam os artistas e companhias convidados para o festival", diz
o curador do festival.
Segundo
ele, esta edição apresenta um conjunto de experiências artísticas contundentes
e singulares, que buscam, a partir de diferentes formatos cênicos, ampliar o
que julgamos ser possível realizar no campo das artes da cena. "São
trabalhos desenvolvidos por importantes artistas e companhias ao longo de
duradouros e contínuos processos de pesquisa e de experimentação, e que chegam
à cena em formatos híbridos e não convencionais, mas com um objetivo comum:
afetar e desestabilizar o funcionamento do equipamento sensório-perceptivo do
espectador, suspender crenças e preconceitos e a partir daí, quem sabe,
transformar o modo como percebemos, sentimos e interpretamos a experiência da
vida e a realidade", comenta.
A
PROGRAMAÇÃO DE 2018
O
dramaturgo e diretor argentino Fernando Rubio volta ao
festival com dois projetos inéditos no Brasil. Conhecido por suas intervenções
artísticas ao ar livre e em centros culturais, o artista esteve no Cena em
2014, com o projeto “Todo lo que Está a mi Lado”, uma performance realizada na
rotunda do CCBB. Nesta edição, Rubio traz as intervenções artísticas “El
Tiempo entre Nosotros” e “Yo No Muero, Ya No Más”, suas
montagens mais recentes, que serão apresentadas no evento com atores
brasileiros.
Em “El
Tiempo entre Nosotros”, a rotunda do CCBB volta a ser ocupada por Rubio com
uma obra de longa duração. Durante cinco dias seguidos, uma casa de madeira construída
no local será a “moradia” do ator Rodrigo Santos – para cada dia de
apresentação, esse ator receberá um convidado de uma área diferente para
participar da performance. Habitando este lugar 24 horas por dia (o ator vai
dormir no centro cultural) na presença do público, ele fala, escreve, assiste a
um filme, come, passeia em volta da casa. “É um trabalho com muitas camadas,
que nos faz refletir sobre o nosso tempo, a memória, as decisões que tomamos”,
conta Rubio. A instalação-cenário ficará permanente na rotunda durante todo o
festival, entre 9h e 21h, com entrada franca.
Criada
no ano passado para o aniversário de 70 anos do Teatro Comedia Nacional
de Montevideo, no Uruguai, “Yo No Muero, Ya No
Más” ocupa a Sala B de exposições, no segundo andar do CCBB. Durante o
dia, o público pode conferir o cenário-instalação, uma grande caixa de vidro.
Nos dias de apresentação, quatro atrizes e três atores (serão dois elencos se
dividindo entre as apresentações) fazem um espetáculo sobre a violência contra as
mulheres. Trata-se de um alerta urgente para ver o que não é normalmente visto.
“É uma performance sobre a violência contra mulheres, mas, sobretudo, uma obra
a respeito do que acontece nas casas. A caixa transparente é como um quarto que
permite ver o que há dentro”, diz o diretor. O público pode participar
revelando suas histórias anonimamente. Os depoimentos, depositados nas diversas
urnas espalhadas pelo CCBB, são projetados na única parede branca da caixa de
vidro.
Da
França, o Cena Brasil Internacional apresenta dois espetáculos de dança criados
pela coreógrafa, cantora e bailarina africana Dorothée Munyaneza: “Samedi
Détente” e “Unwanted”. Nascida em Ruanda, ela tinha 12 anos quando
foi forçada a fugir, com o pai e os irmãos, do genocídio ocorrido no país em
1994. A família se refugiou em Londres, na Inglaterra, onde a mãe trabalhava em
uma ONG. Atualmente,
a artista mora na França e lá fundou sua própria companhia, Kadidi, em 2013. Um
ano depois, criou “Samedi Détente”, seu primeiro trabalho, cujo título (“sábado
de descanso”, em tradução livre) faz alusão a um programa de rádio popular de
Kigali, sua cidade natal. Nele, Dorothée volta à infância para relembrar
o genocídio e contar como cerca de 800 mil pessoas morreram em apenas cem dias,
narrando a perda de amigos e a fuga com a família. Ela divide a cena com o
bailarino Nestor Kouamé e o compositor francês Alain Mahé.
Em
“Unwanted”, sua segunda obra, Dorothée se concentra na vida de milhares de
mulheres de Ruanda que foram estupradas e engravidaram durante o genocídio.
Para criar esse projeto, ela voltou ao país para descobrir as histórias dessas
mães sobreviventes e, por meio de suas experiências, responder ao sofrimento
com a criação artística. Misturando música, dança e texto, a artista é acompanhada
novamente por Alain Mahé e também pela cantora americana Holland Andrews.
Além
da participação na montagem de Dorothée, a cantora,
musicista e performer Holland Andrews apresenta um show
no festival sob o pseudônimo de “Like a Villain”.
Influenciada por artistas como Diamanda Galás e Björk, espetáculos da Broadway
e música de ópera, Holland usa a voz, clarinete e glockenspiel (um instrumento
de percussão) para enfatizar as raízes dos sons orgânicos e criar um reino
emocional de cura e magia sonora. Baseada em Portland, nos Estados Unidos, ela
é conhecida por misturar vocais jazzísticos e operísticos em suas composições
experimentais.
O
chileno “Estado Vegetal” é um solo interpretado
por Marcela Salinas, que assina a dramaturgia com
a diretora Manuela Infante. A ideia do projeto partiu da vontade de falar sobre
o reino vegetal e a inteligência das plantas. Para as autoras, “se aceitarmos
que as plantas têm outras maneiras de pensar, sentir, comunicar, diferentes
formas de inteligência, consciência e noção de tempo, talvez possamos
transformar nossas próprias noções sobre esses temas”. O texto foi construído a
partir de encontros com biólogos e estudos das obras do filósofo russo Michael
Marder e do neurobiólogo italiano Stefano Mancuso.
Entre
os espetáculos nacionais, “Mansa” faz sua estreia nacional no
festival. Com dramaturgia de André Felipe e direção de Diogo
Liberano, a peça traz Amanda Mirásci e Nina Frosi nos papéis de duas irmãs
que matam o pai e enterram seu corpo nos fundos da casa. Mais do que apresentar
um mero crime, a montagem busca revelar a origem da violência contra a mulher.
O texto é construído por meio de fragmentos que se estendem por vários tempos:
a infância das meninas, a adolescência, o ato do crime e momentos posteriores a
ele: julgamento, prisão e o futuro. Amanda e Nina interpretam diferentes
personagens (todos masculinos) e, como detetives ou arqueólogas, cavam os
indícios deixados na terra e perdidos no tempo.
Fundada
em 2007 por André Guerreiro Lopes e Djin Sganzerla, a Cia. Estúdio
Lusco-Fusco esteve no Cena de 2015 com as peças “O Livro da Grande
Desordem e da Infinita Coerência” e “Ilhada em Mim – Sylvia Plath”. De volta ao
festival, a companhia traz “Tchekhov É um Cogumelo”. Com
direção, concepção e adaptação de André Guerreiro Lopes, a peça
mistura ficção, neurociência e memória para abordar de forma
original o universo da obra “As Três Irmãs”, de Anton Tchekhov. Em cena, Djin,
Helena Ignez (sua mãe) e Michele Matalon, atrizes de gerações distintas, criam
um jogo cênico que embaralha os diversos tempos: serão as três irmãs ou a mesma
mulher em três momentos da vida? O cantor Roberto Moura e os dançarinos Samuel Kavalerski
e Fernando Rocha completam o elenco. O espetáculo marca os 10 anos da Cia.
Estúdio Lusco-Fusco.
Quem
também volta ao festival com um trabalho inédito é a atriz, diretora e
dramaturga Carolina Bianchi, uma das fundadoras da Cia. dos Outros
(participou do Cena de 2016 com o solo “Mate-me de Prazer” e como diretora de
“Rêverie”). Em “Lobo”, Carolina se debruça poeticamente sobre o que
restou da civilização diante da barbárie total, refletindo sobre a dificuldade
de transgredir os papéis sexuais na sociedade e como isso se tornou fatal para
a história da humanidade. Assim como foi feito em São Paulo, o elenco (entre
dez e 15 performers masculinos, além da própria atriz) será escolhido por
Carolina durante uma oficina ministrada por ela no Cena. A dramaturgia de
“Lobo” foi desenvolvida em Buenos Aires na residência artística Panorama Sur.
Coreógrafa,
diretora, performer e cofundadora do Coletivo Ponto Art, na Bahia, Jaqueline
Elesbão apresenta o solo “Entrelinhas”. É um espetáculo
que traz como temática a violência psicológica, emocional e sexual contra a
mulher negra, estabelecendo um diálogo entre o passado e o presente. A montagem
aborda questões delicadas sobre a condição feminina e o sexismo, retratando
como a voz feminina é silenciada diante da força física, a mentalidade
escravocrata e o comportamento machista dominador, mesmo com os avanços
políticos atuais. Jaqueline utiliza seu corpo para revelar cicatrizes e
significados criados por um sistema opressor naturalizado.
Para
inaugurar a plataforma Cena
Universitária, a curadoria
convidou “Arame Farpado”, do autor e
diretor Phellipe Azevedo, resultado do trabalho de conclusão de curso (TCC) realizado sob
a orientação teórica de Mariana Henriques, na Unirio. A dramaturgia
foi criada a partir das memórias do diretor e de quatro universitários oriundos
da periferia, e do livro “Por que uns e não os outros”, de Jailson de Souza
Silva. A montagem aborda as dificuldades de como permanecer no espaço
universitário e de como estabelecer um diálogo entre a cultura periférica e a
academia.
LISTA
DA ATRAÇÕES
Nacionais
“Mansa”,
direção de Diogo Liberano (RJ) – Estreia nacional
“Entrelinhas”,
do Coletivo Ponto Art (Bahia) – Inédito no Rio
“Lobo”,
de Carolina Bianchi (SP) – Inédito no Rio
“Tchekhov
É um Cogumelo”, da Cia. Estúdio Lusco-Fusco (SP) – Inédito no Rio
“Arame
Farpado”, direção de Phellipe Azevedo (RJ) – Cena Universitária
Internacionais
“Yo
No Muero, Ya No Más”, de Fernando Rubio (ARG) – Inédito no Brasil
“El
Tiempo entre Nosotros”, de Fernando Rubio (ARG) – Inédito no Brasil
“Estado
Vegetal”, direção de Manuela Infante (CHL)
– Inédito no Brasil
“Like a Villain”, direção de Holland
Andrews (EUA) – Inédito no Brasil
“Samedi
Détente”, concepção de Dorothée Munyaneza (FR) – Inédito no Brasil
“Unwanted”,
concepção de Dorothée Munyaneza (FR) – Inédito no Brasil
SERVIÇO – CENA
BRASIL INTERNACIONAL
Data: de
6 a 17 de junho de 2018.
Local: CCBB
(Rua Primeiro de Março, 66 – Centro).
Teatro 1 -
Lotação: 178 lugares
Teatro 3 -
Lotação: 88 lugares
Rotunda -
Lotação: 25 lugares
Sala B - Lotação: 60
lugares
Informações: (21)
3808-2020.
Ingressos: R$
20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Entrada franca para
a performance “El Tiempo entre Nosotros”, com retirada de senha
na bilheteria meia hora antes de cada sessão.
Venda de ingressos: De
quarta a segunda, das 9h às 21h, na bilheteria do CCBB e pelo site:www.ingressorapido.com.br
SAC 0800 729 0722 –
Ouvidoria BB 0800 729 5678
Deficientes Auditivos
ou de Fala 0800 729 0088
Site oficial do
festival: www.cenabrasilinternacional.com.br
As apresentações
estrangeiras têm legendas eletrônicas em português, e as nacionais têm
legendas em inglês.
Confira a duração e a
classificação indicativa das atrações no site do festival.
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PROGRAMAÇÃO
DIÁRIA
Dia
6/6 (quarta)
19h30:
“Yo No Muero, Ya No Más” (Sala B). Duração: 1h.
20h:
“Mansa” (Teatro 3). Duração: 1h10min
21h:
“Samedi Détente” (Teatro 1). Duração: 1h15min.
Dia
7/6 (quinta)
20h:
“Mansa” (Teatro 3). Duração: 1h10min
21h:
“Samedi Détente” (Teatro 1). Duração: 1h15min.
Dia
8/6 (sexta)
19h:
“Like a Villain” (Teatro 1). Duração:
45min.
19h:
“Estado Vegetal” (Teatro 2). Duração: 1h30min.
20h:
“Mansa” (Teatro 3). Duração: 1h10min
21h:
“Samedi Détente” (Teatro 1). Duração: 1h15min.
Dia
9/6 (sábado)
19h:
“Estado Vegetal” (Teatro 2). Duração: 1h30min
19h30:
“Yo No Muero, Ya No Más” (Sala B). Duração: 1h.
20h:
“Mansa” (Teatro 3). Duração: 1h10min
21h:
“Unwanted” (Teatro 1). Duração: 1h15min.
Dia
10/6 (domingo)
19h:
“Estado Vegetal” (Teatro 2). Duração: 1h30min
20h:
“Mansa” (Teatro 3). Duração: 1h10min
21h:
“Unwanted” (Teatro 1). Duração: 1h15min.
Dia
11/6 (segunda)
19h30:
“Yo No Muero, Ya No Más” (Sala B). Duração: 1h.
21h:
“Unwanted” (Teatro 1). Duração: 1h15min.
Dia
13/6 (quarta)
Grátis: Das 9h às 21h: Instalação “El
Tiempo entre Nosotros” (Rotunda).
Grátis: 14h | 16h30 | 18h | 19h30 |
21h: Sessões da performance “El Tiempo entre Nosotros” (Rotunda).
19h30: “Yo No Muero, Ya No Más” (Sala B). Duração:
1h.
20h:
“Entrelinhas” (Teatro 2). Duração: 35min.
Dia
14/6 (quinta)
Grátis: Das 9h às 21h: Instalação “El
Tiempo entre Nosotros” (Rotunda).
Grátis: 14h | 16h30 | 18h | 19h30 |
21h: Sessões da performance “El Tiempo entre Nosotros” (Rotunda).
19h30: “Yo No Muero, Ya No Más” (Sala B). Duração:
1h.
20h:
“Entrelinhas” (Teatro 2). Duração: 35min.
Dia
15/6 (sexta)
Grátis: Das 9h às 21h: Instalação “El
Tiempo entre Nosotros” (Rotunda)
Grátis: 14h | 16h30 | 18h | 19h30 |
21h: Sessões da performance “El Tiempo entre Nosotros” (Rotunda).
19h:
“Tchekhov É um Cogumelo” (Teatro 1). Duração:1h30min.
20h:
“Entrelinhas” (Teatro 2). Duração: 35min.
Dia
16/6 (sábado)
Grátis: Das 9h às 21h: Instalação “El
Tiempo entre Nosotros” (Rotunda)
Grátis: 14h | 16h30 | 18h | 19h30 |
21h: Sessões da performance “El Tiempo entre Nosotros” (Rotunda).
19h:
“Tchekhov É um Cogumelo” (Teatro 1). Duração:1h30min.
19h30:
“Yo No Muero, Ya No Más” (Sala B). Duração: 1h.
20h:
“Arame Farpado (Teatro 2). Duração: 1h15min.
21h:
“Lobo” (Teatro 3). Duração: 2h.
Dia
17/6 (domingo)
Grátis: Das 9h às 21h: Instalação “El
Tiempo entre Nosotros” (Rotunda)
Grátis: 14h | 16h30 | 18h | 19h30 |
21h: Sessões da performance “El Tiempo entre Nosotros” (Rotunda).
18h:
“Lobo” (Teatro 3). Duração: 2h.
19h:
“Tchekhov É um Cogumelo” (Teatro 1). Duração:1h30min.
20h:
“Arame Farpado (Teatro 2). Duração: 1h15min.
21h:
“Lobo” (Teatro 3). Duração: 2h.
Foto/imagem:
Reprodução/divulgação.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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