A paralisação do setor
audiovisual brasileiro foi o principal tema do seminário promovido pela
Federação da Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), em parceria com o
Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual (Sicav). Produtores, diretores
e representantes de sindicatos criticaram a suspensão do repasse de recursos
públicos para projetos que estão em fase de análise orçamentária pela Agência
Nacional de Cinema (Ancine).
“A paralisação não é total. Mas o
ponto principal, que é a análise complementar dos projetos, está completamente
parada”, afirmou o presidente do Sicav, Leonardo Edde. “Não é um problema de
hoje. Os regulados serão sempre os penalizados. Nós somos a parte mais frágil
de toda a história”, observou Mauro Garcia, da Brasil Audiovisual Independente
(Bravi).
A indústria audiovisual
brasileira está paralisada praticamente há três meses, sem liberar verbas para
produção de séries e filmes. No dia 27 de março, o Tribunal de Contas da União
(TCU) deu uma decisão que foi interpretada pela Ancine como uma ordem para
suspender totalmente o repasse de recurso. Em 30 de abril, o TCU pediu
explicações à agência de cinema sobre a suspensão da liberação das verbas do
Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Em 16 de maio, o ministro André Luís
Carvalho, do TCU, argumentou que a Ancine fez uma “leitura equivocada” ao
suspender o repasse de recursos.
“O TCU não mandou parar nada”,
garantiu o secretário do Tribunal do Rio de Janeiro, Márcio Pacheco, que
participou do seminário para discutir o setor audiovisual. Ele disse que o TCU
defende o aperfeiçoamento do sistema de prestação de contas dos recursos do
FSA. “Onde há dinheiro federal, o TCU está. Foi verificado que há campo para
melhorar”, explicou Pacheco.
Segundo a produtora Mariza Leão,
ex-presidente do Sicav, as glosas em gastos determinadas em decisões do TCU
servem de pretexto para a Ancine não liberar recursos para os projetos. “A
Ancine parou de liberar recursos para projetos que contenham, por exemplo,
pagamento a sócios e a viagens. São glosas que foram feitas pelo Tribunal e que
se transformaram em determinação férrea para a Ancine. Ou seja, tá tudo
parado”, afirmou a produtora dos filmes “De Pernas Pro Ar 1 e 2”.
Na contramão dos produtores de
cinema, o presidente da Ancine, Christian de Castro, defendeu que o setor de
audiovisual brasileiro receba “cada vez menos recursos públicos”. “É preciso
criar as bases para crescer com segurança e trazer o investimento privado para
o nosso negócio”, disse Christian, que participou da abertura do
seminário.
Já o secretário de
Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Lucas Tristão, observou que as
políticas públicas de fomento do setor são essenciais para a economia do
Brasil. A indústria do cinema e audiovisual é responsável por um faturamento
anual de R$ 24,5 bilhões, além de empregar mais de 330 mil trabalhadores. “Os
números estão aí para comprovar a importância do setor. É uma indústria
que tem mais de 13 mil empresas, a maioria delas de micro e pequenos
empreendedores”, disse.
O presidente da Firjan, Eduardo
Eugênio Gouvêa Vieira, também defendeu a indústria do audiovisual e lembrou que
o Estado do Rio de Janeiro é um dos que mais produzem cinema no país. “70% da
produção nacional é aqui no Rio. Essa indústria é uma importante empregadora”,
afirmou.
Imagem: Reprodução/divulgação
Fonte: Assessoria de Imprensa
Postar um comentário