Coletânea
inédita que inaugura novo projeto gráfico da obra de Paulo Freire, Direitos
Humanos e educação libertadora reúne escritos e falas de Paulo Freire no
período à frente da Secretaria de Educação da cidade de São Paulo na gestão de
Luiza Erundina, no fim da década de 1980. A nova capa de inspiração panfletária
valoriza a imagem, a assinatura e o título de patrono da Educação brasileira.
Livro será lançado no dia 30 de agosto, na Bienal Internacional do Livro Rio
2019, com a presença de Ana Maria Araújo Freire, uma das organizadoras da
coletânea e autora da biografia Paulo Freire – Uma história de vida.
“A política de privatização do ensino obviamente afetaria, em cheio, os
interesses das classes populares, uma vez mais pagando o conforto e as regalias
das chamadas ‘favorecidas’ [...]. A escola pública não anda bem, não porque
faça parte de sua natureza não andar bem, como muita gente gostaria que fosse e
insinua que é. A escola pública básica não anda bem, repitamos, por causa do
descaso que as classes dominantes neste país têm por tudo o que cheira a povo”
A convite de Luiza Erundina de Souza, prefeita de São Paulo entre 1989 e
1992, Paulo Freire assumiu o cargo de Secretário de Educação, um marco na
história política de educação da cidade. Seu grande sonho era mudar a cara da
escola da rede municipal de São Paulo, ressaltando a necessidade de se
construir uma educação inclusiva e participativa, independentemente de classe
social, idade, gênero, orientação sexual, local de nascimento ou moradia. Os
desafios para colocar em prática sua reconhecida metodologia na maior metrópole
brasileira é a matéria-prima de Direitos humanos e educação libertadora –
Gestão democrática da educação pública na cidade de São Paulo, coletânea
inédita organizada por Ana Maria Araújo Freire e Erasto Fortes Mendonça,
reunindo entrevistas concedidas pelo autor de ‘Pedagogia do oprimido’, escritos
e documentos.
Entre as principais realizações de Freire, pode-se destacar o alto
percentual de aprovação e a diminuição significativa da evasão escolar entre os
alunos de 1ª a 5ª série. A melhoria nos índices foi consequência de uma nova
orientação pedagógica que valorizava o magistrado e participação popular. A
gestão de Freire também foi responsável pela introdução do ensino de
informática e pela aquisição de mais de 500 mil livros para as bibliotecas
escolares.
Direitos humanos e educação libertadora menciona também a tentativa de
ingerência do Banco Mundial nas diretrizes da Secretaria, que condicionou a
concessão de um empréstimo a mudanças na orientação pedagógica. “Paulo Freire
se contrapôs, enfaticamente, às três propostas, argumentando contrata a
indevida intervenção daquele banco e lembrando e lembrando que quem pedia
dinheiro emprestado – com previsão de devolução com juros e correção monetária
– tinha o direito inalienável de definir no que queria gastar o dinheiro”,
recorda-se Lisete Arelaro em seu artigo. Quem também contribui para a obra é o
filósofo Mario Sergio Cortella, que exalta o papel de liderança de Freire:
“Quando saiu da gestão cotidiana, em maio de 1991, não ficamos “órfãos”, dado
que se assim o fosse seria a negação da sua (na época ainda não publicada)
Pedagogia da Autonomia; se órfãos nos sentíssemos teria falhado a postura e
ação pedagógica de quem, como ele, nos ensinava a romper dependências”.
A coletânea traz ainda um encarte com imagens marcantes da passagem de
Freire pela secretaria, reprodução de documentos e a transcrição de
conferências.
Paulo Freire (Recife, 1921–São
Paulo, 1997) é Patrono da Educação Brasileira. É um dos brasileiros mais
célebres e um dos filósofos do século XX mais lidos do mundo, segundo
levantamento do Massachusetts Institute of Technology. Escreveu dezenas de
livros, entre eles, Pedagogia do oprimido, a terceira obra de ciências sociais
e humanas mais citada no mundo, de acordo com a London School of Economics.
TRECHOS:
“A democratização da gestão, a política de educação de jovens e adultos, a
democratização de acesso e uma nova qualidade do ensino, como princípios
maiores e objetivos da gestão de Paulo Freire, foram incorporados e divulgados
com veemência na sua plataforma política da SMEd/SP para a conscientização dos
direitos e dos deveres dessa população paulistana, grandemente abandonada,
assim, não apenas priorizando o ensino dos conteúdos programáticos. Enfim,
intencionalmente, Paulo abriu a possibilidade de garantir os direitos humanos
fundamentais na Rede Municipal de Educação, como caminho para a luta da
transformação social, econômica, política e ética de todos e todas que viviam
na cidade de São Paulo, com vistas ao país inteiro”. Trecho da apresentação de
Nita Freire.
“Paulo Freire era um ser humano, eu diria, completo do ponto de vista de
sentir-se igual aos outros, no verdadeiro sentido da fraternidade, da
solidariedade, da igualdade. Por exemplo, o compromisso que ele tinha com as
questões de gênero e de raça; o respeito que devotava às mulheres; sua
dedicação à luta em defesa dos direitos negros, indígenas e de todos os
marginalizados do planeta, são prova de que a proposta de educação de Paulo
Freire é essencialmente política e inspirada na doutrina dos Direitos Humanos,
que impregna sua leitura do mundo, sua teoria de educação e sua práxis
educacional revolucionária”. Trecho do testemunho de Luiza Erundina.
Serviço
DIREITOS HUMANOS E EDUCAÇÃO LIBERTADORA
Paulo Freire (org. Ana Maria Araújo Freire e Erasto Fortes Mendonça)
352 páginas | R$ 39,90
Paz & Terra | Grupo Editorial Record
Siga as redes sociais
Fonte:
Assessoria de Imprensa
Postar um comentário