FESTIVAL DE BRASÍLIA CHEGA À 55ª EDIÇÃO

 


Agora é oficial: está dada a largada para o 55ª Festival de Brasília do Cinema Brasileiro! De 14 a 20 de novembro, o mais longevo festival de cinema do país chega a sua nova edição e a programação, com mais de 40 títulos de todas as regiões brasileiras, foi anunciada nesta quarta-feira (26/10), em coletiva de imprensa realizada no Cine Brasília. O Festival de Brasília é realizado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal e pela organização da sociedade civil Amigos do Futuro.


O evento contou com transmissão online, para que veículos de mídia de todo o país pudessem acompanhar a divulgação dos filmes selecionados e da extensa programação, que envolve a exibição de seis longas e 12 curtas metragens nacionais na Mostra Competitiva; quatro longas e oito curtas do Distrito Federal na Mostra Brasília; além de mostras paralelas, sessões especiais, oficinas e o Ambiente de Mercado. Confira a programação completa no site do festival: https://festcinebrasilia.com.br/


Durante a coletiva, o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues lembrou que, mesmo com todas as dificuldades dos últimos anos, o Festival não foi interrompido, sendo realizado em duas edições virtuais, e que agora é o momento de celebrar sua volta ao presencial. “O Festival de Brasília é financiado pelo Estado, mas ele existe sem amarras. A orientação que eu tenho dado é de que façam tudo que pode ser feito para que ele seja digno de recolocar Brasília em sua posição de sediar um dos grandes festivais de cinema do país. Queremos que ele tenha condições de ser o palco de grandes debates. Foi dessa forma que o Festival foi concebido e tem atravessado tantos anos. O cinema brasileiro tem essa característica de ser uma trincheira de resistência permanente”, registrou.


Assim, essa edição 2022 está focada no retorno ao ambiente de exibições presenciais e na reconstrução de políticas do audiovisual brasileiro sob a direção artística de Sara Rocha, gestora cultural e produtora premiada do DF. “É uma alegria gigante estar de volta nesse festival que forjou minha trajetória e personalidade cinematográfica”, celebrou ela, que já foi diretora executiva do Festival de Brasília em outras três edições. “Temos o grande desafio e responsabilidade de realizar isso de forma presencial e voltar a olhar o Festival como uma política pública do DF para todo o Brasil. Essa volta está sendo muito esperada, o público de Brasília está saudoso dessa sinergia. É a hora de abraçar e acolher os traumas que a gente viveu e transformá-los em coisas novas e belas para o futuro.”


Uma das novidades anunciadas na coletiva é que o Festival de Brasília inicia os trabalhos já com a Mostra Competitiva Nacional, ainda na noite de abertura. Os filmes competem por quase 30 troféus Candango, em sessões apresentadas sempre às 20h30, de 14 a 19 de novembro. O 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, data escolhida não por acaso como destacou a diretora artística, será dedicado à cerimônia de premiação e encerramento. E o grande homenageado do ano será o diretor Jorge Bodanzky, paulista, que iniciou sua carreira na Universidade de Brasília (UnB).


COMPETITIVA NACIONAL


Entre os anúncios da coletiva está um feito inédito da história do Festival. Dois longas da Mostra Competitiva Nacional são produções do Distrito Federal: Mato seco em chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, obra futurista que explora os impactos da presença da extrema-direita em ambientes de favela; e Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo, sobre a trajetória de implementação das cotas raciais em universidades brasileiras.


Ainda na programação de longas estão o documentário fluminense Mandado, de João Paulo Reys e Brenda Melo Moraes, que investiga o sistema penal brasileiro; e o paulista-amazonense A invenção do outro, de Bruno Jorge, que acompanha a expedição humanitária do indigenista Bruno Pereira na Amazônia, em busca da etnia isolada dos Korubos. Entre as ficções selecionadas, o mineiro Canção ao Longe, de Clarissa Campolina, debate questões de classe, família, tradição, raça, gênero e identidade, e o pernambucano Espumas ao vento, de Taciano Valério, contrapõe o labor da arte à expansão de igrejas neopentecostais pelo Brasil.


Entre os curtas da Competitiva Nacional do 55º Festival de Brasília, um panorama da produção nacional traz títulos de Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul. A ficção Big bang (MG/RN), de Carlos Segundo, debate a sistemática exclusão social; enquanto Ave Maria (RJ), de Pê Moreira, pensa afetos e relações familiares; e Lugar de Ladson (SP), de Rogério Borges, discute acessibilidade a partir da história de um garoto cego que não sai de casa, buscando em seu celular um encontro amoroso. Calunga maior (PB), de Thiago Costa, se inspira na cultura bantu para abordar relacionamentos afetivos e memórias da diáspora africana; e Sethico (PE), de Wagner Montenegro, explora a tragédia colonial ante as vidas negras no Recife.

 

Anticena (DF), de Tom Motta e Marisa Arraes, traz o tom da competição ao tratar de arte, oportunidade e empregabilidade no Brasil. Do Rio de Janeiro, Nossos passos seguirão os seus…, de Uilton Oliveira, resgata a memória de Domingos Passos, militante anarquista do movimento operário brasileiro. Escasso, do duo Encruza (Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles), se estrutura como falso documentário a narrar os anseios de uma passeadora profissional de pets em busca da casa própria.


De São Paulo, São Marino, de Leide Jacob, conta a história de um monge transmasculine do século VI canonizado como Santa Marina; e de Pernambuco, Capuchinhos, de Victor Laet, narra uma bem-humorada saga de duas jovens por conexão de internet em meio a uma floresta. A liberdade feminina é mote explorado em Nem o mar tem tanta água (PB), de Mayara Valentim; e conflitos de tradição indígena entre meninas e mulheres ganha a tela em Um tempo para mim (RS), de Paola Mallmann de Oliveira.


A comissão de seleção de longas é formada pelo crítico de cinema André Dib, o cineasta e curador Erly Vieira Jr, a curadora e produtora Rafaella Rezende e a pesquisadora Janaína Oliveira. Para os curtas, a seleção se deu através dos olhares do jornalista e pesquisador Adriano Garrett, a programadora e produtora Bethania Maia, a curadoras e realizadoras Camila Macedo e Flavia Candida, a atriz e roteirista Julia Katharine e o pesquisador e curador Pedro Azevedo.


MOSTRA BRASÍLIA


Na tradicional Mostra Brasília, uma seleção de quatro longas e oito curtas-metragens produzidos no Distrito Federal disputa 13 troféus Candango, acompanhados de R$ 240 mil em prêmios concedidos pela Câmara Legislativa do DF, incluindo R$ 100 mil para o melhor longa e R$ 30 mil para o melhor curta pelo júri oficial. Na categoria júri popular, o longa vencedor receberá R$ 40 mil, enquanto o curta agraciado ficará com R$ 10 mil. A comissão de seleção de filmes é formada pelo produtor Sidiny Diniz, o publicitário Allyson Xavier, a produtora Simônia Queiroz, o cineasta Péterson Paim e o curador e crítico Sérgio Moriconi.


Entre os longas, O pastor e o guerrilheiro marca o retorno do veterano cineasta José Eduardo Belmonte ao festival que o revelou. A produção debate os conflitos históricos e o triste legado da ditadura militar brasileira. O diretor Felipe Gontijo, por sua vez, apresenta Capitão Astúcia, aventura que une neto e avô para debater envelhecimento. Realizador de Sobradinho, Pedro Lacerda documenta os livreiros candangos Ivan Presença e Chiquinho da UnB nos desafios impostos pelos novos modelos de negócio do mercado editorial em Profissão Livreiro; e Wesley Godim fecha a seleção de lonas com Afeminadas, documentário sobre o universo drag queen de Brasília.


A seleção de curtas também aponta para um vasto panorama da nova produção local. Desamor, de Herlon Kremer, aborda o delicado tema da separação; Super-heróis, de Rafael de Andrade, celebra os heróis do cotidiano; Plutão não é tão longe daqui, de Augusto Borges e Nathalya Brum, cria a fictícia favela Plutão, às margens da Ceilândia, onde se abrigam opositores de um governo autoritário; e Manual da Pós-verdade, de Thiago Foresti, investiga o lugar da produção jornalística em meio às fake news.


Carolina Monte Rosa apresenta Tá tudo bem, curta que debate diferenças sociais atenuadas pelo isolamento social; e Juliana Corso exibe Virada de jogo, filme que conecta narrativas femininas através da dor e do amor próprio. Marcelo Cuhexê traz ao festival Levante pela Terra, obra captada no acampamento homônimo, realizado durante a pandemia, em Brasília, contra o avanço de leis que impactariam nos direitos indígenas; e Vínícius Schuenquer apresenta Reviver, filme sobre perdas do passado e superação.


MOSTRAS PARALELAS E SESSÕES ESPECIAIS


O encerramento do Festival de Brasília contará com sessão hors-concours do filme Diálogos com Ruth de Souza, da diretora paulista Juliana Vicente, antecedendo a cerimônia de premiação, que acontece no Dia da Consciência Negra. A data marca também o retorno do Prêmio Zózimo Bulbul, concedido pelo festival em parceria com a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) e o Centro Afrocarioca de Cinema. Na sequência, haverá sessão especial do documentário Quando a coisa vira outra, de Marcio de Andrade, em homenagem a Vladimir Carvalho, pioneiro do cinema brasiliense. Também no fim de semana, dias 19 e 20, acontece o Festivalzinho, com programação voltada ao público infantil.


Em tributo ao diretor Jorge Bodanzky, o 55º FBCB apresenta ao público uma pequena mostra com produções do homenageado da edição. O diretor realizou obras junto a Hector Babenco, Antunes Filho e outros, sendo Iracema – Uma transa Amazônica (1974), seu mais conhecido filme. Ao longo do festival, tal homenagem traz ao Cine Brasília Distopia Utopia (2020) e, em caráter inédito, Amazônia, a nova Minamata? (2022). Além desses, o público poderá assistir à cópia restaurada de Compasso de Espera (1969), longa de Antunes Filho, cuja direção de fotografia é assinada por Bodanzky.


Além dessa extensa programação, outras obras também compõem o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2022 em sessões especiais, com títulos prestigiados do cinema nacional, integrando duas mostras paralelas: Reexistências e Festival dos Festivais. Na mostra Reexistências, quatro longas exploram narrativas do presente e do passado, pensando a diversidade em todas suas formas de expressão. Do Rio de Janeiro, o longa Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor, de Luis Carlos de Alencar, aborda a perseguição contra a população LGBT durante a ditadura militar brasileira. Do Amazonas, Uýra – A retomada da floresta, de Juliana Curi, conta a história de uma artista trans indígena em sua jornada de autodescoberta. 


O título mineiro-fluminense O Cangaceiro da moviola, de Luís Rocha Melo, homenageia o montador de cinema pernambucano Severino Dadá, um baluarte da filmografia brasileira, enquanto repensa a dominação da produção sudestina ante os eixos de produção audiovisual nacionais. Por fim, o paraibano Cordelina, de Jaime Guimarães, se apresenta como roadmovie a explorar o universo feminino e as memórias a partir de personagem em peregrinação entre Pernambuco e Paraíba.


Conhecido por dar preferência a títulos inéditos, o Festival de Brasília ganha também a Mostra Festival dos Festivais, para apresentar três filmes com passagens bem sucedidas por outras competições nacionais.  São eles: o cearense A filha do palhaço, de Pedro Diógenes, sobre a relação entre pai e filha nos tempos atuais; o paulista Três tigres tristes, de Gustavo Vinagre, que narra a saga de três jovens queer numa São Paulo assolada por uma pandemia cujo vírus afeta a memória; e o goiano Fogaréu, de Flávia Neves, uma produção ambientada em meio à modernidade do agronegócio em Goiás, onde se discutem origens familiares e segredos do passado. 


AMBIENTE DE MERCADO


O 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro retoma as atividades do Ambiente de Mercado, que volta após a pandemia, em sua quarta edição para estimular, fomentar e mediar rodadas de negócios, pitchings e encontros com players. Uma novidade para este ano será a realização da Clínica de Projetos, uma atividade presencial preparatória para as rodadas de negócios e os pitchings abertos do Ambiente de Mercado. 


Nos dias 14 e 15 de novembro, a clínica apresentada por Krishna Mahon oferece cinco consultorias para realizadores que puderem estar presentes na semana do festival e quiserem preparar a venda de projetos para o mercado audiovisual. Além da Clínica de Projetos, o Festival de Brasília promoverá encontros e pontes entre criadores, especialistas, realizadores e importantes players na programação do Ambiente de Mercado nos dias 17 e 18 de novembro, presencialmente, nas dependências do hotel-sede do festival. 


O objetivo da iniciativa é promover trocas de experiências, enriquecer redes de contatos, negociar projetos, fortalecer o produtor brasileiro independente e fomentar a produção cinematográfica do Centro-Oeste. Para participar da Clínica de Projetos, das Rodadas de Negócio e dos Pitchings Abertos do Ambiente de Mercado é necessário se inscrever até o dia 31 de outubro por meio de formulário disponibilizado no site do festival.

 

Além disso, serão realizadas ainda oficinas gratuitas de Assistência de Direção, Distribuição e Comercialização, Desenvolvimento de Roteiro para Webseries, Treinamento de atuação para cinema, além de uma formação em jogos digitais apresentada pela Associação dos Desenvolvedores de Jogos Eletrônicos do Distrito Federal (Abring). A proposta é de democratizar o acesso e o conhecimento para todo o Brasil, oferecendo as atividades formativas de forma online, pela plataforma Zoom, durante os dias do festival.


As inscrições também estão abertas somente até o dia 31 de outubro, por meio de preenchimento de formulário de inscrição no site do festival. As oficinas oferecem 100 vagas para ouvintes sem interação e 30 vagas participativas, que serão preenchidas após processo seletivo. A lista de pessoas selecionadas será divulgada no site do festival, no dia 7 de novembro, e os participantes receberão certificado, caso tenham 75% de presença ao final dos workshops.


Legenda: Coletiva de imprensa movimenta o Cine Brasília com a divulgação da programação do Festival de Brasília. Fotos: Hugo Lira/ Ascom Secec


Fonte: Assessoria de Imprensa

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