FERNANDO VILELA DIRIGE MONTAGEM DE BASH, DO ESTADUNIDENSE NEIL LABUTE, QUE ESTREIA NO DIA 13 DE ABRIL NO ESPAÇO ELEVADOR

 


naturalização e banalização da violência na sociedade em nome da manutenção dos privilégios de uma elite ultraconservadora é tema de Bash, texto do dramaturgo e cineasta estadunidense Neil LaBute que acaba de ganhar uma montagem dirigida por Fernando Vilela. O espetáculo estreia no dia 13 de abril no Espaço Elevador, onde segue em cartaz até 12 de maio, com apresentações aos sábados e domingos, às 19h.

O trabalho começou a ser desenvolvido em 2022, quando Vilela estava finalizando uma temporada na Argentina e procurava um texto para viver novamente como ator. E, na montagem, ele também está em cena ao lado de  Filipe Augusto, Júlia Caterina e Malú Lomando.

“Acho que muito do que eu sei como diretor, sei, porque, antes de qualquer coisa, sou ator - vejo e entendo as engrenagens de dentro. Quando encontrei Bash foi como um raio certeiro, luminoso e fulminante. Entendi que muito do que eu procurava já estava ali, organizado entre palavras e imagens titânicas, encadeado por mitologias e mortalidades descomunais. Aquilo que existe de mais contraditório e complexo em cada um, a própria existência. A vida na sua força elástica máxima”, comenta Vilela. 

termo Bash, em inglês, pode ser traduzido tanto como o ato de se bater com força, esmagar e criticar quanto como uma festa, celebração, acontecimento. E o texto explora justamente o ponto de intersecção entre essas antíteses, expondo que essas forças binárias – o bem e o mal, a festa e a tragédia – coabitam dentro de nós. “É só apertar os botões certos”, como define LaBute.

A obra se divide em três cenas delineadas, sendo que duas delas dialogam diretamente com as tragédias gregas de Eurípedes, Ifigênia em Áulis e Medeia. Com isso, o autor destaca a continuidade da natureza humana ao longo dos séculos e sua potencialidade para a violência. LaBute, grande cineasta que é, constrói uma miríade de imagens vibrantes, furiosas para ancorar e corporificar a tragédia em uma realidade identificável, mostrando que ainda hoje estamos na iminência de um rompante.

Sobre essa atemporalidade das tragédias, Fernando Vilela comenta: “tudo está ali nas tragédias. Tudo. Nossos desejos, nossos ímpetos, nossos entraves, nossas desmedidas, nossas insistências. As consequências delas. Tudo. E acredito que elas sejam grandes mananciais para que qualquer dramaturgo, intérprete, pessoa possa olhar e metabolizar. Pois elas falam da gente. Do nosso estado-limite puro. Esse texto escrito em 1999, com o mundo apoiado em outros paradigmas, permitiu que a nossa relação com ele se estabelecesse de outra forma. Uma forma muito diferente de como olhamos para ele hoje em 2024”.

Na primeira cena, em “Ifigênia em Orem”, um homem conta como a morte de sua filha pôde lhe garantir a permanência no emprego e no estilo de vida que construiu ao longo dos anos para ele e sua família. Na segunda, “Um Bando Santos”, um casal universitário rememora o aniversário de namoro em uma viagem especial para Nova York, até que um evento violentamente inesperado acontece. E, na terceira, “Medeia Redux”, uma mulher relata como foi seduzida por um professor em sua época da escola e como isso lhe rendeu uma série de consequências descomunais até resultar na mais drástica entre todas.

“O que mais me chama atenção no texto de LaBute é a forma corajosa com que ele coloca os assuntos na mesa. Suas personagens estão sozinhas, em situação limite, precisando falar. E falar não é fácil. Não tem rota de fuga, não tem desvio. Por isso, são trágicas. E toda essa realidade invocada em cena, acaba invocando outras realidades fora dela. Formando pontos de interseção, próximos ou distantes. Mas ainda sim sobre nós”, reflete Vilela.

Ainda segundo o diretor, a montagem dialoga com questões que se mostram urgentes e severas para o nosso contexto atual no Brasil e no mundo, como a violência de gênero, a ascensão do conservadorismo no espectro político e a manutenção dos privilégios da branquitude. “A grandeza dessa obra de LaBute se dá pelos múltiplos aspectos que ela faz emergir, objetivos e subjetivos. Questões que continuam ruminando e efervescendo interna e externamente, no individual e no coletivo”, acrescenta.

Em relação à encenação, Vilela conta que optou por seguir um caminho apontado pelo próprio autor do texto no prefácio da obra, no qual diz que “parte da razão pela qual eu escrevi essas peças foi por uma tentativa minha de ver por quanto tempo eu conseguiria manter o interesse do público em cima de uma única pessoa […] em cena contando uma história”. 

“Não tinha como ser diferente. Estava aí a nossa coluna vertebral, a nossa linguagem - a raiz do teatro, dos mitos - uma pessoa contando para outras uma história. É o dispositivo mais simples e mais complexo ao mesmo tempo. Pois exige de ambos os lados ação. Falar, receber e elaborar juntos”, explica.

Já a cenografia “ou falta dela”, como brinca o encenador, está presente apenas para dar suporte a essa base. “Um espaço que ajuda a sustentar e a dar foco, igual a uma galeria de arte ou um estúdio fotográfico. Que tudo conflui para o objeto em destaque, mesmo no vazio. Algumas obras do Peter Welz (Alemanha), suas instalações fotográficas, serviram como referência para construir essa atmosfera”, antecipa.

Um pouquinho sobre Neil Labute

Premiado dramaturgo, cineasta e roteirista norte-americano. Suas peças incluem Bash, The Shape of Things, The Distance From Here, The Mercy Seat, Fat Pig (Oliver Award indicado em Melhor Comédia), Some Girl(s), Reasons To Be Pretty (Tony Award indicado como Melhor peça), In A Forest, Dark and Deep, uma nova adaptação de Senhorita Julia e Reasons To Be Happy. Ele também é autor de Seconds of Pleasure, uma coleção de contos, e recebeu em 2013 o Prêmio de Literatura da Academia Americana de Artes e Letras.

O trabalho de Neil LaBute no cinema e na televisão inclui In the Company of Men (Prêmio do Círculo de Críticos de Nova York de Melhor Primeiro Filme e Troféu do Cineasta no Festival de Cinema de Sundance), Seus Amigos, Seus Vizinhos, Enfermeira Betty, Possessão, A Forma das Coisas, Lakeview Terrace, Morte no Funeral, Some Velvet Morning, Dez Por Dez, Encontro Selvagem (Dirty Weekend), Full Circle, Billy & Billie, e o recente, House of Darkness. 

Sinopse:

Composta por três cenas, Bash é um mosaico daquilo que é mais abafado e reprimido dentro de nós e que explode à superfície de maneira furiosa. Um homem conta como a morte da sua filha pôde lhe garantir a permanência no emprego. Um casal universitário rememora o aniversário de namoro em uma viagem especial até que um evento violentamente inesperado acontece. E uma mulher relata como foi seduzida pelo seu professor na época da escola e como isso lhe rendeu uma série de consequências descomunais até resultar na mais drástica entre todas.

Ficha Técnica

Texto: Neil LaBute

Direção: Fernando Vilela

Com: Filipe Augusto, Júlia Caterina, Fernando Vilela, Malú Lomando

Luz: Ariel Rodrigues

Preparação Vocal: Malú Lomando

Direção de Arte: Fernando Vilela

Foto: Sarah Ferreira

Assistente de Foto: Jefferson Ferreira

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Realização: Fresta

SERVIÇO

Bash, de Neil LaBute

Temporada: 13 de abril a 12 de maio

Aos sábados e aos domingos, às 19h

Teatro Elevador – Rua Treze de Maio, 222, Bela Vista

Ingressos: R$60,00 (inteira) e R$30,00 (meia-entrada)

Vendas online em Sympla

Bilheteria: Abre 1 hora antes

Classificação: 16 anos

Duração: 170 minutos (com 1 intervalo de 10min)

Capacidade: 45 lugares

Acessibilidade: Sem acessibilidade

Foto/Crédito: Sara Ferreira

Fonte: Assessoria de Imprensa

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