O médico sueco
Hans Rosling, especialista em saúde global, adotou como missão de vida provar
por A + B que, nas últimas décadas, o mundo está se tornando um lugar melhor
para se viver - e não apenas em seu país-natal que tem um dos melhores índices
de desenvolvimento humano. Começou sua tarefa com palestras para variadas
audiências ao redor do mundo, nas quais apresentava dados oficiais sobre saúde,
educação e acesso a serviços. Com a rara exceção do aquecimento global, todas
as outras estatísticas revelam melhorias. O resultado de décadas de estudos
está em Factfulness: O hábito libertador de só ter opiniões baseada em
fatos (Editora Record), livro que conquistou fãs como o fundador da
Microsoft Bill Gates. Hans Rosling contraria o senso comum e combate o que ele
chama de visão de mundo superdramática com informações apresentadas de forma
didática e atraente, em infográficos inovadores desenvolvidos por uma
ferramenta criada por seu filho Ola Rosling e sua nora Anna Rosling
Rönnlund. Factfulness traz ainda um questionário para testar
os conhecimentos gerais do leitor sobre o mundo (confira ao lado
algumas questões factuais). No fim é possível comparar seu índice de
acertos com as respostas de diferentes audiências. Caso o seu seja baixo, não
se preocupe: em média, elas acertaram apenas duas das treze questões.
“Tive um momento marcante em janeiro
de 2015, no Fórum Econômico Mundial, na pequena e sofisticada cidade suíça de
Davos. Mil dos mais poderosos e influentes líderes políticos e econômicos,
empresários, pesquisadores e ativistas de todo o mundo, e até mesmo muitos funcionários
do alto escalão da ONU, fizeram fila para conseguir um lugar na principal
sessão do fórum sobre desenvolvimento socioeconômico e sustentável, que teria
Bill Gates (confira o vídeo aqui), Melinda Gates e eu. Examinando o salão ao
subir ao palco, notei vários chefes de Estado e um ex-secretário-geral da ONU.
Vi diretores de agências da ONU, líderes de grandes multinacionais e
jornalistas que reconheci da TV. Em alguns instantes, eu iria perguntar à
plateia três questões factuais – sobre pobreza, crescimento populacional e
índices de vacinação – e estava bastante nervoso. Se a plateia soubesse as
respostas, então nenhum dos meus elaborados slides, que revelavam o quanto
estavam errados e o que deveriam ter respondido, funcionaria. Minha preocupação
foi em vão. Aquela plateia internacional de elite, que passaria os dias
seguintes explicando o mundo uns aos outros, realmente sabia mais sobre pobreza
do que o o público em geral. Impressionantes 61% responderam corretamente. Mas
nas duas outras perguntas, sobre o futuro do crescimento populacional e a
oferta de assistência de saúde básica, eles também se saíram pior do que os
chimpanzés. Eram pessoas que tinham acesso a todos os dados mais recentes e a
conselheiros que poderiam atualizá-los continuamente”.
Que porcentagem da população mundial vive na pobreza? Qual é
o número de crianças vacinadas no mundo hoje? Quantas meninas terminam a
escola? Quando confrontadas com perguntas simples a respeito das tendências
globais, as pessoas sistematicamente dão respostas incorretas. Isso acontece
quando nos preocupamos com tudo o tempo todo em vez de compreendermos as coisas
como realmente são, e perdemos a capacidade de nos concentrar nas verdadeiras
ameaças. Tomando emprestado o conceito de mindfulness (o ato de ter atenção
plena nas experiências, atividades e sensações do presente), os autores propõem
a ideia de Factfulness: o hábito libertador de só ter opiniões baseadas em
fatos. Inspirador,
bem-humorado e cheio de histórias emocionantes, este é um livro urgente e
essencial que mudará a maneira como você vê o mundo e o capacitará a responder
melhor às crises e oportunidades do futuro.
Os estudos de Hans Rosling embasaram
uma mudança na forma como o Banco Mundial classifica os países: no lugar da
nomenclatura países desenvolvidos e em desenvolvimento surge a divisão em
quatro níveis de renda média por dia. A grande maioria dos 7 bilhões dos
habitantes da Terra se encontra nas faixas intermediárias, que correspondem a
uma renda média por dia entre 2 dólares e 32 dólares. “Foram necessários
dezessete anos e mais catorze palestras minhas até o Banco Mundial finalmente
anunciar publicamente que estava abandonando os termos “em desenvolvimento” e
“desenvolvido” e que, a partir de então, dividiria o mundo em quatro grupos de
renda. A ONU e a maioria das demais organizações globais ainda não fizeram essa
mudança”, exalta-se o autor de Factfulness, que costumava
apresentar ele próprio em suas falas públicas o número de circo de engolir
espadas, como “forma de mostrar que o aparentemente impossível pode ser
possível.
Hans morreu em 2017 – não foi numa
demonstração do número com espadas, mas em decorrência de um câncer no
pâncreas. Desde então, seu filho Ola, co-autor do livro, mantém viva a missão
paterna. A ferramenta por ele desenvolvida, a Trendalyzer, foi adquirida em
2007 pelo Google e, desde então, Ola está à frente da área de dados públicos da
gigante de buscas. Os gráficos-bolha gerados pela Trendalyzer ilustram o verso
da capa de Factfulness mostrando a posição dos países em
relação à expectativa de vida e à renda. É possível concluir rapidamente
que o Brasil, tanto num índice quanto no outro, está atrás de Cuba, Argentina,
México, Uruguai, Panamá, Chile e Costa Rica, apenas para citar outras nações
latino-americanas. O Brasil aparece ainda com destaque no trecho sobre
desigualdade, apresentando dois gráficos. Um deles mostra uma comparação entre
a renda total na mão dos 10% mais ricos em 1989 e em 2015. O percentual caiu de
metade para 41%. A quantidade de habitantes vivendo em cada um dos quatro
níveis de renda adotados pelo Banco Mundial.
“Considere o Brasil, um dos países
mais desiguais do mundo. Os 10% mais ricos no Brasil têm 41% da renda total.
Perturbador, não? Soa alto demais. Rapidamente imaginamos uma elite roubando
recursos de todo o resto. A mídia apoia isso com imagens dos muito ricos –
frequentemente não os 10% mais ricos, mas provavelmente o 0,1% mais rico, os
ultrarricos – e seus iates, cavalos e imensas mansões. Sim, o número é
perturbadoramente alto. Ao mesmo tempo, atingiu o ponto mais baixo em muitos
anos. Estatísticas frequentemente são utilizadas de maneiras dramáticas com
fins políticos, mas é importante que também nos ajudem a navegar pela
realidade. (...) A maioria das pessoas no Brasil saiu da extrema pobreza. A
grande saliência [ver gráfico da página 53] está no Nível 3. É onde você
consegue uma motocicleta, óculos de leitura e economiza dinheiro no banco para
pagar o ensino médio e algum dia comprar uma máquina de lavar roupa. Na
realidade, mesmo em um dos países mais desiguais do mundo, não há lacuna. A
maioria das pessoas está no meio”, argumenta.
Respostas do teste de conhecimento:
1: C | 2: B | 3: C
Hans Rosling (1948-2017)
estudou estatística e medicina, obtendo o título de doutor em 1976. Foi
professor de Saúde Internacional no Instituto Karolinska, na Suécia. Em 2005,
criou a Fundação Gapminder, juntamente com Ola e Anna, com a missão de combater
a ignorância devastadora a partir de uma visão de mundo baseada em fatos que
todos possam compreender. Mundialmente conhecido por suas palestras TED, Hans
foi listado como um dos cem principais pensadores globais pela revista Foreign
Policy em 2009, uma das cem pessoas mais criativas nos negócios pela
revista Fast Company em 2011 e uma das cem personalidades mais
influentes do mundo pela revista Time em 2012.
Ola Rosling e Anna
Rosling Rönnlund, filho e nora de Hans, são cofundadores da Fundação
Gapminder, e Ola foi seu diretor de 2005 a 2007 e de 2010 até o momento. Quando
o Google adquiriu a Trendalyzer, ferramenta de gráfico-bolha criada e
desenvolvida pelos autores, Ola se tornou chefe da Equipe de Dados Públicos do
Google e Anna passou a trabalhar na empresa como designer sênior. Ambos
receberam premiações internacionais por seu trabalho.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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