Esses dias me deparei com um dado da
Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da
Informação e Comunicação) que me deixou extremamente
intrigado: Em apenas três anos, a demanda
por profissionais de tecnologia no Brasil será de 420
mil profissionais.
Me recordei ainda de um outro dado
que aponta que a média
de profissionais formados em TI é de apenas 46 mil ao
ano, ou seja, se seguirmos nesse ritmo, nós precisaríamos de 10 anos para
formar o que o mercado precisará em apenas três. Isso quer dizer que
a disputa por eles será enorme!
Como headhunter da
área de tecnologia há mais de 12 anos, essa é uma realidade que me preocupa,
uma vez que observo uma demanda crescente
por profissionais qualificados de tecnologia, porém, um déficit cada
vez maior na oferta qualificada destes.
Isso porque, o que acreditávamos ser
aspectos do ‘futuro do trabalho’, já é o nosso presente. As relações de
trabalho, as formas de contratação, os processos seletivos e a forma
de se consumir produtos, serviços e informações mudaram de forma
consubstancial a partir de 2020. E isso, consequentemente, tornou
algumas funções em tecnologia muito mais valiosas do que antes.
Ainda que dados do IBGE apontem que
há 14 milhões de brasileiros desempregados, posso dizer, com toda a
certeza e responsabilidade profissional que, 2021 ficará
marcado como um ano de grande disputa por profissionais da
área de tecnologia. A oferta de vagas continuará sendo muito maior do que a
disponibilidade de profissionais.
Mas, afinal quais funções e/ou
áreas estarão mais aquecidas este ano?
Eu destaco cinco. São elas:
· Engenheiros de
Cibersegurança: entre os especialistas mais disputados, muito impulsionado pela
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e por constantes ataques a
organizações e base de dados governamentais;
· Cientistas e Engenheiros
de Dados: que se concentram em transformar
dados em informações que impulsionem o negócio das empresas ou
melhorem a qualidade da tomada de decisão;
· Engenheiros de
software: que atuam no desenvolvimento de código orientado a sistemas,
aplicativos, etc;
· Arquitetos
Corporativos / Enterprise Architects: profissionais com vasta experiência
de aplicação de sistemas e com ampla visão de negócios. Garantem que
a estratégia atual e futura da corporação esteja em linha
com uma arquitetura de tecnologia sustentável e inovadora;
· Líderes em TI:
capazes de assumir cargos de gerência e diretoria da área.
Só na Yoctoo, consultoria
especializada no recrutamento e seleção de executivos de
tecnologia e digital, em 2020, a demanda por
especialistas em cibersegurança correspondeu a 22% do total de vagas
trabalhada no período, enquanto especialistas em engenharia de
software representou 27%.
Diante da grande oferta de vagas,
os profissionais mais qualificados nas áreas as quais destaquei
possuem o privilégio de escolher seu próximo emprego. Dessa forma, as empresas
apresentam um desafio enorme não só para atrair, mas
principalmente, reter esses talentos.
Por esse motivo, uma parte delas
estão experimentando os benefícios do employee experience, que nada
mais é do que cuidar de cada detalhe da jornada do colaborador dentro da
corporação, desde seu acolhimento até seu plano de
capacitação e crescimento.
Além de um bom ambiente de trabalho,
que privilegie a autonomia e espaço para experimentação, a empresa
precisa oferecer uma grande pluralidade de tecnologias, permitindo que o
colaborador tenha a oportunidade de conhecer, testar e estar sempre
antenado ao que existe de mais novo nesse universo.
Vemos também em alguns
casos, empresas estruturando planos de retenção, que além do
salário e benefícios, oferecem também o ILP – Incentivo de Longo
Prazo. Algumas, chegam a pagar quantias significativas para estimular a
permanência desses profissionais por um determinado período
(em média 18 meses). Caso o profissional peça seu desligamento antes desse
período, o bônus, ou parte dele, deve ser devolvido. Passado esse tempo, um
novo bônus é oferecido no intuito de incentivar sua permanência.
As empresas também têm adotado novas
metodologias de entregáveis e ferramentas colaborativas que
acompanhem a produtividade dos times e mantenham o engajamento mesmo
com a distância física. Entre os frameworks em alta
destaco o Ágil, que preza pela fragmentação dos projetos em etapas de
curta duração (chamada de sprints), onde equipes conseguem
colaborar em busca de um mesmo entregável.
Por fim, a mensagem que ressalto aqui
é que as empresas não têm poupado recursos na hora
de atrair e reter esses talentos. A eles, cabe o papel de
se manterem sempre atualizados do ponto de vista técnico, sem deixar de lado
as soft skills – habilidades comportamentais.
Competências como: resiliência, visão de negócios, adaptabilidade,
humildade, comunicação e bom relacionamento com
pares e superiores também
continuam em alta em 2021.
Paulo Exel é
administrador de empresas com MBA em Gestão Estratégica de
Negócios e Certificação Profissional em Coach. Apaixonado
por pessoas e tecnologia, há 12 anos atua como headhunter
de TI. Desde 2017, está no comando da operação da Yoctoo na América
Latina. É palestrante e tem diversos artigos publicados na mídia.
Fonte/Foto-reprodução-divulgação: Assessoria de Imprensa
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