FLUP 2025 ANUNCIA SUA PROGRAMAÇÃO

 


A 15ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) será realizada entre 19 e 23 de novembro e 27 e 30 de novembro, ocupando o Viaduto de Madureira, a CUFA (Central Única das Favelas) e o Zê êne, no bairro de Madureira, berço do samba e coração da Zona Norte do Rio de Janeiro, em uma celebração que reúne autores, artistas e pensadores da diáspora negra do Brasil, África, Caribe, América do Norte e Europa. Com o tema “Ideias para reencantar o mundo”, a Flup 2025 conta com patrocínio master da Shell e homenageia Conceição Evaristo, uma das mais importantes vozes da literatura contemporânea e a primeira autora viva a ser homenageada pelo festival.

Considerada um dos mais relevantes festivais literários do país e um espaço de encontro entre palavra, corpo e território, a Flup celebra a força da imaginação e da escrita como práticas de resistência e reconstrução simbólica. “Ao homenagear Conceição Evaristo, a Flup reconhece a escrevivência como um gesto político e poético, capaz de reencantar o mundo a partir das vozes negras e periféricas”, afirma Julio Ludemir, diretor, curador geral e idealizador da iniciativa

Assim como em 2024, a curadoria internacional é assinada pela professora e pesquisadora franco-senegalesa Mame-Fatou Niang. Ela compartilha como tem sido surpreendente e desafiador compreender a presença negra na cultura brasileira, a partir de sua presença na Flup. “Pra mim, o Brasil é um mistério. Eu cresci assistindo novelas, amando Pelé, o futebol e o Carnaval em fevereiro, mas eu não sabia que o Brasil era um país negro — porque não é isso que é mostrado. Nas novelas, todas as mulheres são brancas, e quando aparece uma mulher negra, ela costuma ser miscigenada. Então, descobrir a negritude do Brasil — a força na culinária, na música, na literatura, em tudo — foi uma loucura. Mas, ao mesmo tempo, me despertou o interesse em entender como isso pode ser escondido. Quero conhecer mais e levar essa riqueza para a França”, aponta.

Neste ano, a Flup assume um papel central na programação da Temporada Cultural França-Brasil, reafirmando seu compromisso como um espaço de trocas entre saberes periféricos, línguas ancestrais, músicas e tradições que atravessam o tempo e os territórios. Com essa proposta, a iniciativa se fortalece como uma plataforma de encontros e narrativas diversas, apontando caminhos para a construção de um futuro mais justo, plural e conectado com as raízes e vozes que historicamente foram silenciadas.

“Somos parceiros da Flup há quatro anos e temos muito orgulho desse festival, que se consolidou como um dos principais eventos culturais e literários do Brasil. Através do nosso apoio, possibilitamos juntos a visibilidade e valorização de artistas periféricos e de grupos sub-representados. Essa parceria é um reflexo da nossa agenda de patrocínios culturais que reitera o compromisso da Shell com a sociedade brasileira ao apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento e a inclusão social”, comenta  Glauco Paiva, Gerente Executivo de Comunicação e Marca da Shell Brasil.A Flup 25 é apresentada pelo Ministério da Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Shell. Tem patrocínio master da Shell, patrocínio da Motiva (por meio do seu Instituto), do Instituto Cultural Vale e Itaú Unibanco, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. E Lei Municipal de Incentivo à Cultura da cidade do Rio de Janeiro (Lei do ISS). O apoio é da Fundação Ford, Imaginable Futures, do BNDES e Embratur. Realização: Suave, Na Nave, Ministério da Cultura, Governo Federal.

Sobre a Shell - Há 112 anos no país, a Shell Brasil é uma companhia de energia integrada, com participação nos setores de Petróleo e Gás, Soluções Baseadas na Natureza, Pesquisa & Desenvolvimento e Trading, por meio da comercializadora Shell Energy Brasil. A companhia está presente ainda no segmento de Biocombustíveis por meio da joint-venture Raízen, que no Brasil também gerencia a distribuição de combustíveis da marca Shell.

A Shell Brasil trabalha para atender à crescente demanda por energia de forma econômica, ambiental e socialmente responsável, avaliando tendências e cenários para responder ao desafio do futuro da energia. Reconhecida em 2023 como Patrimônio Cultural de natureza imaterial pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, a Flup é gratuita e para todas as idades. Confira a programação completa abaixo. 

PROGRAMAÇÃO PARALELA

A programação da Flup se espalha por outros endereços ao longo do festival. No primeiro fim de semana, a CUFA Madureira recebe o primeiro Festival Literário da Igualdade Racial (FLIIR), com mesas e oficinas dedicadas à valorização da literatura negra e indígena. Já o espaço Zê Êne sedia as semifinais do Slam BR — Campeonato Brasileiro de Slam Poetry —, com duas disputas intensas de poesia falada: a primeira das 19h às 21h, e a segunda das 21h30 às 23h30.

No segundo fim de semana, a Zê Êne recebe atividades das editoras parceiras e a CUFA sedia uma mostra especial dedicada ao cineasta britânico Steve McQueen, em diálogo com a literatura e as narrativas negras contemporâneas, além de debates com a presença do artista e outros convidados.

Esses são apenas alguns dos destaques da programação paralela que está sendo consolidada e será divulgada nos próximos dias.

PROGRAMAÇÃO FLUP 2025  

Atualizado em 31/10 e sujeito a alterações

Entre 19 e 30 de novembro, Temporada França-Brasil. 

19 DE NOVEMBRO (QUARTA-FEIRA)

14h - 18h | Viaduto de Madureira

Batalha da Memória - FINAL 1

Após três meses de desafios semanais, 16 escolas municipais se enfrentam na primeira parte da Batalha da Memória, processo formativo da Flup dedicado a crianças e adolescentes. 

18h - 18h45

Abertura da Exposição  “Fanon, revolucionário anticolonial: um programa de desordem absoluta”

No centenário do psiquiatra negro martinicano e naturalizado argelino Frantz Fanon, autor de Pele negra, máscaras brancas e Os Condenados da Terra, a FLUP traz para Madureira uma exposição sobre a vida, a obra e o legado do pensador e militante anticolonial e antirracista. Através de documentos, imagens e textos, alguns ainda inéditos no Brasil, propomos uma imersão no universo fanoniano, para pensar o hoje e o amanhã, numa conexão entre as periferias do mundo. 

Para Fanon, a descolonização deve ser "um programa de desordem absoluta", um processo de ruptura do qual emerge uma nova humanidade, sem as hierarquias, racismo, opressão e violência da ordem colonialista. A partir dessa proposta, o coletivo de artistas Códigos Negros utiliza a inteligência artificial como ferramenta de criação de obras que pensam um novo mundo possível e necessário, para onde Fanon nos convida. 

Curadoria de conteúdo para a FLUP 2025: Handerson Joseph e Sílvia Capanema

18h45 - 19h15 | Viaduto de Madureira

Performance artística Ziel

Ziel Karapotó é multiartista, curador e cineasta. Atua entre as linguagens da arte contemporânea e os saberes tradicionais. Também participou da 60ª Bienal de Veneza (2024), foi indicado ao prêmio PIPA 2024, realizou sua primeira individual na Europa em 2025 e desenvolve projetos curatoriais em museus e festivais indígenas.

19h30 - 20h30 | Viaduto de Madureira

Abertura Institucional

A Flup encontra os parceiros que acreditam em Ideias para Encantar o Mundo e tornam possível essa grande festa.

20h30 - 22h | Viaduto de Madureira

O Sonho de nossos heróis, que precisamos manter vivo

Conceição Evaristo e Mireille Fanon

Mediação: Mame-Fatou Niang  (Seguida da mesa de autógrafos)

Às vésperas do Dia da Consciência Negra, a mesa de abertura da Flup 25 reúne a força literária da Escrevivência de Conceição Evaristo e a lucidez política de Mireille Fanon. Será um encontro histórico: a filha de Frantz Fanon, um herói internacional do sonho de liberdade, e a escritora homenageada do festival, que, como Zumbi dos Palmares, mantém vivo o brilho das ideias que reencantam o mundo. Elas celebram os heróis que nos inspiram a sonhar e a resistir, conectando as lutas do Brasil e do Caribe e honrando os lugares de onde brotam novas formas de bem viver. A conversa vai explorar o poder transformador de conhecer nosso passado e honrar a memória daqueles que vieram antes de nós.

22h | Lançamento | Livraria 

Nosso sol, de Simone Mota e Isabela Santos 

Livro em homenagem a Conceição Evaristo.

22h45 - 23h45 | Viaduto de Madureira

Jonathan Ferr e Trio de Cordas

Jonathan Ferr é um pianista e compositor nascido e criado em Madureira que ficou conhecido por criar o "urban jazz", um gênero que funde jazz com outros estilos musicais, como o hip-hop, funk carioca, rap, soul e música eletrônica. Seu trabalho busca desmistificar a imagem elitista do jazz e aproximá-lo das origens populares, abordando ancestralidade, espiritualidade e questões sociais. É reconhecido como um dos principais nomes do afrofuturismo brasileiro.

20 DE NOVEMBRO (QUINTA-FEIRA)

14h - 15h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Monde En Vues 

O corpo que dança outro tempo

Lena Blou e Leda Maria Martins
Mediação: Carmen Luz

A coreógrafa guadalupense Lena Blou e a pensadora brasileira Leda Maria Martins se encontram para revelar como a dança e os saberes do corpo criam mundos inteiros fora do tempo linear. Nesta conversa, elas mostram que os passos, os ritmos e os gestos ancestrais são formas de rebeldia no tempo e no espaço, uma verdadeira revolução que chamam de "cronodissidência" e “revolta espacial”. Elas vão nos guiar por uma jornada onde a dança de matriz africana desarruma as certezas ocidentais e inventa novas linguagens para conectar o que vemos e o que sentimos, o corpo e o espírito. Uma mesa para entender como o corpo negro, em movimento, é um portal para outras dimensões de existência e resistência. Vamos descobrir com elas como a dança é muito mais que movimento: é uma forma de conhecimento espiritual e político, que conecta o visível e o invisível.

16h - 17h30 | Viaduto de Madureira

Ideias para reencantar o mundo

Conceição Evaristo e Bonaventure Ndikung

Mediador: Sil Bahia 

Num mundo assombrado pelo horror da guerra, pelo avanço do conservadorismo e pela crise ambiental, ainda é possível manter a esperança? Este encontro propõe um contraponto radical à desesperança. A força literária da escrevivência de Conceição Evaristo encontra o pensamento curatorial de hospitalidade radical de Bonaventure Ndikung. Juntos, eles partem de uma pergunta urgente e prática: como a arte, a literatura e o pensamento crítico podem reacender uma esperança ativa? “Reencantar o mundo” não é uma fuga da realidade. É um ato de resistência. É buscar no colo da ancestralidade, nas ruínas do presente e na ousadia da arte as ferramentas para não apenas suportar o mundo, mas para transformá-lo. Uma conversa para reencontrar a magia e a potência que habitam no próprio ato de lutar por um futuro mais justo.

18h - 19h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs 

Beco da memória, mangue do futuro 

Ana Maria Gonçalves e Felwine Sarr

Mediação: Ernesto Mané

A escritora Ana Maria Gonçalves e o pensador-músico Felwine Sarr se encontram no "Beco da Memória" para construir pontes entre Brasil e Senegal. Nesta conversa, eles mostram como a memória não é um arquivo parado, mas um terreno fértil para semear futuros de reencantamento. Conceitos como Escrevivência e sentipensar guiam essa jornada, revelando como a reconexão com histórias apagadas nos permite reinventar comunidades, nosso vínculo com a natureza e o próprio tempo. Eles partem de um pressuposto urgente: o futuro do planeta está na África, continente da população mais jovem. Nesse sentido, revisitar e reivindicar o passado não é um ato nostálgico, mas um gesto radical de invenção do amanhã. Uma mesa para descobrir como as ferramentas para o futuro estão guardadas nas nossas memórias.

18h - 19h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | British Council e National Poetry Centre

 Performance poética “Atlântico Negro”

Khadijah Ibrahim, Omari Swanston-Jeffers, Jamila Gomes Pereira e Kadish Morris

20h - 21h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Open Society Foundation 

O Alvo de sempre

Raull Santiago entrevista Michelle Alexander 

A qualquer momento, um jovem negro na rua pode ser preso só pelo fato de existir. A premiada autora Michelle Alexander, com seu livro fundamental “A Nova segregação”, não só previu essa realidade nos EUA, mas detectou uma onda de encarceramento em massa que se atualiza pelo mundo e assusta em seus números: hoje, há mais gente presa nos Estados Unidos, por exemplo, do que pessoas escravizadas antes da abolição. Nesta conversa urgente com o criador de projetos e negócios sociais, o ativista e cria da Favela, Raull Santiago, Michelle Alexander reflete sobre seu trabalho pioneiro e seus ecos no Brasil. Ela mostra como o sistema prisional é a continuação de uma lógica histórica, operando como uma ferramenta de controle social com impacto devastador sobre as populações negras e indígenas. Mas a conversa não para na denúncia: Alexander também aponta caminhos de resistência, oferecendo ferramentas para desafiar as políticas racistas e imaginar futuros mais justos em todo o continente americano.

21h30-23h| Praça das Mães | Parceria | Festival de Madureira. 

Fuzuê d’Aruanda 

O Fuzuê d'Aruanda é uma roda de Jongo e danças populares que já acontece há mais de 15 anos, sempre na terceira quinta-feira de cada mês, sob o Viaduto Negrão de Lima em Madureira, mais especificamente na Praça das Mães. A Companhia de Aruanda, formada em 2007 por jovens de comunidades cariocas, foca na preservação e divulgação das tradições da cultura popular brasileira. Através de projetos culturais prévios, como Jongo da Serrinha e Afroreggae, buscam democratizar o acesso à cultura, promovendo manifestações nas zonas norte, oeste e baixada fluminense, contribuindo para a transformação social e cultural através de oficinas, palestras e eventos diversos.

00h - 1h30 | Viaduto de Madureira

Show 

Mano Brown

Mano Brown é rapper, compositor e um dos integrantes do grupo Racionais MC’s. O artista nascido no Capão Redondo (SP) é referência da música brasileira por abordar desigualdade social e a vida nas periferias. Além do Racionais, lançou o álbum solo Boogie Naipe (2016) e mantém presença ativa na cultura e no debate social. Em 2021, iniciou o podcast Mano a Mano no Spotify, onde entrevista diversas personalidades e discute temas como música, política, cultura e questões sociais.

21 DE NOVEMBRO (SEXTA-FEIRA)

14h-15h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Arquipélago Édouard Glissant

Redesenhando imaginários: vozes poéticas, do Pacífico ao Atlântico  

Denis Pourawa, Ryane Leão e Eliane Marques
Mediação: Genesis

Quem são as pessoas que estão redesenhando o nosso imaginário? Nesta mesa, as poetas brasileiras Ryane Leão e Eliane Marques, e o poeta Denis Pourawa, da Nova Caledônia, respondem a essa pergunta. Entre os oceanos atlântico e pacífico, eles mostram que há outra imaginação vinda das margens, e suas ferramentas são a oralidade e a força das palavras. Esta conversa é uma viagem pela potência das vozes que o mundo tenta calar. Eles nos guiam por formas inovadoras de contar histórias, pensar e criar laços através do espaço e do tempo. Venha se reencantar com o poder transformador da poesia para construir pontes e inspirar uma nova imaginação coletiva.

15h30-15h50 | Viaduto de Madureira | Parceria | Arquipélago Édouard Glissant
CHAOS-OPERA 

Performance poética de Ryane Leão, Eliane Marques, Denis Pourawa e Gênesis

15h30 - 16H | Praças das Mães | Parceria | Festival Madureira

Agbara Dudu 

O nome Agbara Dudu (“Força negra” em yorubá). Considerado o primeiro bloco afro do Rio de Janeiro, foi fundado em 1982, no bairro de Madureira, inspirado em grupos como Ilê Aiyê e Olodum. Tem em sua trajetória 36 anos de existência com inúmeros trabalhos Afro Culturais e musicais. 

16h - 17h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Arquipélago Édouard Glissant

No olhar, no cheiro, no corpo: como sabemos o que sabemos?  

Manthia Diawara e Anne Lafont

Mediação: Angélica Ferrarez 

E se o conhecimento não estiver só na mente, mas também no olhar, no cheiro, no corpo? Neste encontro, os historiadores da arte Manthia Diawara (Mali) e Anne Lafont (França) nos guiam em uma reflexão urgente: como as lentes que usamos para enxergar o mundo determinam o que somos capazes de ver. Como especialistas da imagem, eles nos convidam a uma revolução sensorial: abraçar novos jeitos de ver, cheirar e experimentar a realidade. A proposta é afiar nossos sentidos para, finalmente, enxergar o que sempre esteve escondido diante de nós. Uma conversa para quem quer repensar a própria percepção e descobrir novas formas de se relacionar com tudo ao redor.

17h30 - 18h | Viaduto de Madureira | Parceria | Arquipélago Édouard Glissant 

Chaos-opera 

Performance poética de Olinda Tupinambá

18h30 - 20h | Viaduto de Madureira | Parceria | Arquipélago Édouard Glissant 

O futuro tem voz de mulher negra
Nadia Yala Kisukidi e Alex Ratts

Mediação: Alice Hasters

E se as chaves para entender o mundo estiverem nas mãos de quem o mundo sempre ignorou? Nadia Yala Kisukidi e Alex Ratts, biógrafo da Beatriz Nascimento, nos conduzem em uma jornada para resgatar o trabalho intelectual das mulheres negras, mostrando sua contribuição essencial – e sistematicamente apagada – para o pensamento social global. Esta conversa conecta saberes diaspóricos e feminismo, com a realidade afro-brasileira, revelando insights poderosos sobre identidade e resistência anticolonial. Um diálogo necessário para amplificar vozes, fomentar a troca cultural e inspirar iniciativas que corrijam essa invisibilidade. Uma celebração do pensamento feminino negro como força motriz para a justiça e a transformação.

20h30 - 22h | Viaduto de Madureira | Parceria | Arquipélago Édouard Glissant

O que a literatura pode fazer quando não pode mais fazer nada?

Conceição Evaristo e Patrick Chamoiseau 

Mediação: Alan Miranda

E quando as palavras são tudo o que nos resta para reencantar o mundo? Nesta conversa, Conceição Evaristo e Patrick Chamoiseau partem da filosofia de Édouard Glissant para explorar o poder de fogo da literatura. Como as ideias de "arquipélago" e "crioulidade" soam no Brasil, um país de muitas cores e profundas feridas raciais? Chamoiseau, grande divulgador de Glissant, e Evaristo, mestre em tecer memória e identidade, mergulham nesse debate. Eles mostram como a figura do “crioulo” no Brasil complica e fortalece a noção de negritude aqui, e como a escrita pode ser um ato de reparação. Esta mesa é um convite para imaginar, através da poética das relações, futuros radicalmente novos para as pessoas negras nas duas margens do Atlântico.

22h - 23h30 | Praça das Mães | Parceria | Festival de Madureira

Bateria da Portela

A bateria da Portela, conhecida como Tabajara do Samba, é uma das mais renomadas e tradicionais do Carnaval carioca. Fundada em 1923 no bairro de Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio de Janeiro, a Portela é a mais antiga escola de samba em atividade contínua da cidade. A escola acumula 22 títulos de campeã do Carnaval carioca, sendo referência para toda a cultura do samba.

23h30 - 1h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Monde En Vues 

FANSWAKIYO

Fanswa Ladrezeau lidera a dinâmica do movimento do grupo AKIYO e na Flup apresenta o projeto inédito "Énewjika", um projeto que pulsa ao ritmo do KA, das memórias caribenhas e da espiritualidade dos afrodescendentes. Com "Énewjika", ele questiona as raízes, as rupturas e os renascimentos que fundamentam nossos lugares, tantas vezes chamados de insulares. 

00h30 - 1h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Festival de Madureira 

AWURÊ 

O grupo musical “Awurê” criado em 2018 em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro, tem como objetivo evidenciar os ritmos brasileiros e sons africanos. Seu trabalho destaca a diversidade de sons e o respeito ao sagrado como forma de preservação da memória e resgate da identidade através da cultura e ritmos em diáspora. 

22 DE NOVEMBRO (SÁBADO)

14h - 15h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs e União Europeia

Mapas do eu: escrever a própria terra  

Ananda Devi, Ghayat Almadhoun e Olinda Tupinambá 

Mediação: Evandro Luiz da Conceição 

Quando o seu corpo é um território em disputa, escrever torna-se um ato de soberania. Ghayat Almadhoun (Palestina), Olinda Tupinambá (Brasil) e Ananda Devi (Ilhas Maurício - Oceano Índico) se encontram para explorar como a literatura dá voz ao deslocamento e à resistência cultural. Suas histórias, que passam por campos de refugiados, florestas ancestrais e ilhas oceânicas, revelam como a escrita pode preservar o que está sob ameaça e sonhar novos mundos possíveis. Eles refletem sobre o direito ao retorno, a reconexão com a terra e a luta contínua dos povos originários. Uma conversa poderosa sobre como a palavra é usada para cartografar a existência e garantir o direito de pertencer.

15h30 - 16h | Viaduto de Madureira | Parceria | Festival de Madureira 

Madureira Toca, Canta e Dança

O projeto “Madureira Toca, Canta e Dança”, desenvolvido por Mestre Galo em Madureira, nasceu na quadra da escola de samba Portela, em 1996. O projeto tem como objetivo manter viva a tradição e a cultura do samba, oferecendo aulas de dança, desenho artístico e criação de fantasias e adereços para crianças e adolescentes.

16h - 17h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs 

Olhar é também um ato político

Olivier Marboeuf e Itamar Vieira Junior

Mediação: Nadia Yala Kisukidi 

Quem define o que é uma "boa imagem"? E quem essa definição silencia? O curador francês Olivier Marboeuf e o escritor brasileiro Itamar Vieira Junior se unem para desmontar os cânones coloniais que ainda ditam nossa cultura. Esta conversa é um mergulho no poder (e no perigo) das representações. Eles partem de um questionamento direto: as instituições estão dispostas a redistribuir não apenas espaços, mas o próprio poder de decidir o que é arte e conhecimento? Ao conectar França e Brasil, eles exploram como a emoção, a autoria coletiva e novas pedagogias podem ser ferramentas para imagens que, de fato, nos libertem. Uma reflexão necessária sobre como olhar é também um ato político.

18h - 19h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs 

Os saberes das beiras

Michael Roch e Geni Núñez

Mediador: Audrey Célestine

Como construir novos mundos com as ferramentas da arte? O pensador Michael Roch e a psicóloga e ativista indígena Geni Núñez se unem para mostrar que a criação é um ato político. Em seu trabalho, eles usam a ficção, os afetos e os saberes das beiras para desafiar noções rígidas de tempo e identidade, abrindo espaço para epistemologias alternativas. Este diálogo é um convite para repensar as realidades sociais a partir de "outros espaços", aqueles que existem além do cânone ocidental. Uma troca inspiradora sobre como a criatividade pode ser a chave para imaginar e forjar futuros baseados no entendimento e na justiça.

20h - 21h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs 

Somos os sonhos de nossas mães

Yanick Lahens e Conceição Evaristo
Mediação: Maria Eduarda Nascimento

E se o mapa do Atlântico Negro fosse redesenhado pelas mãos das mulheres? Neste encontro histórico, que acontece pela segunda vez nos palcos da Flup, Yanick Lahens e Conceição Evaristo respondem a essa pergunta. Elas constroem, a partir da intimidade e dos saberes das margens, uma nova região do mundo: a do pensamento e da escrita de mulheres negras. Esta conversa restaura a transmissão quebrada pela história, celebrando as redes e genealogias femininas que foram esquecidas. Elas mostram como a criatividade e a organização das mulheres são ferramentas de sonho e de esperança, capazes de criar utopias concretas. Um diálogo para completar a história, mostrando que o futuro da diáspora é indissociável das vozes que sempre o imaginaram.

21h30 - 00h | Praça das Mães | Parceria | Festival de Madureira

Filhos da Águia, Império do Futuro, Nilce Fran, Soninha Bumbum e Karin Rodrigues e Lemi Ayó 

22h - 5h | Viaduto de Madureira

Baile Charme

23 DE NOVEMBRO (DOMINGO)

14h - 15h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs e União Europeia 

A herança colonial na nossa mesa e no nosso clima 

Malcom Ferdinand e Audrey Pulvar

Mediadora: Andréia Coutinho 

A forma como comemos, vivemos e habitamos o planeta carrega uma herança colonial. Nesta mesa, o pensador Malcolm Ferdinand e a jornalista Audrey Pulvar, ambos da Martinica, exploram essa conexão urgente. Eles partem do conceito de “habiter colonial” para mostrar como o colonialismo forjou os padrões de consumo que hoje alimentam a crise climática. A conversa vai além da denúncia: é um chamado para desmontar essas lógicas. Eles discutem como transformar nossos hábitos e lutar por justiça ambiental e climática são formas de reparação necessárias. Um diálogo para entender como a desigualdade do passado ainda determina quem sofre mais com a crise do planeta, e como podemos construir futuros verdadeiramente sustentáveis e justos.

16h - 17h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs e MansaA

Para reescrever o por vir: a escrita do futuro começa no sul 

Fabienne Kanor e Liz Gomis

Mediação: Mame-Fatou Niang

Quem tem o poder de escrever o futuro? Nesta conversa fundamental, a curadora Liz Gomis e Fabienne Kanor, partem de um pressuposto: as ferramentas para imaginar amanhãs mais justos estão no Sul Global. Eles mostram como a imaginação e os saberes africanos e diaspóricos podem ressignificar a história, a memória e o sentido de comunidade. O diálogo é um convite para confrontar os legados coloniais e amplificar vozes que o mundo insiste em ignorar. Ao conectar o pensamento africano com a realidade brasileira, eles não só criticam o presente, mas oferecem ferramentas concretas para repensar o tempo e a possibilidade. Uma aula sobre como a resiliência cultural é o ponto de partida para reescrever o porvir.

17h30 - 18h | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs

Fabienne Kanor 

 Uma escritora e cineasta premiada, a Dra. Fabienne Kanor dedica sua carreira a revelar as vozes não ouvidas e não reconhecidas na história colonial. Parte de seu trabalho aborda os efeitos traumáticos do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas sobre africanos e seus descendentes.

18h - 19h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Étonnants Voyageurs

O Quilombo dentro de nós: outro lado de nossas peles 

Dénétem Touam Bona e Tiganá Santana

Mediação: Brendow Gabriel

Onde a gente encontra refúgio em um mundo moldado pela herança colonial? Neste diálogo, o filósofo Dénétem Touam Bona e o artista Tiganá Santana partem da história dos quilombos para encontrar a resposta. Eles mostram que a fuga não é só um ato do passado, mas uma arte para o presente: uma forma de criar novos espaços de liberdade com a linguagem, a música e o pensamento. A conversa pergunta: que línguas falamos para sermos livres? Como transformar o silêncio em potência? Juntos, eles revelam como a filosofia e a arte podem descolonizar nossos sentidos, ressignificar o tempo e abrir veredas inexploradas para a criatividade e o conhecimento. Uma jornada para descobrir o quilombo dentro de nós.

20h - 21h30 | Viaduto de Madureira

O amanhã será ainda mais nosso

Meryanne Loum-Martin e Conceição Evaristo 

Mediação: Tatiana Alves 

Como construir um futuro com mais vozes, mais corpos e mais poder negro? Neste encontro, a força empresarial de Meryanne Loum-Martin encontra a potência literária de Conceição Evaristo. Elas partilham suas jornadas para amplificar as experiências das mulheres na diáspora, mostrando como o conceito de Escrevivência transforma a vida em luta e arte. A conversa aborda o desafio de ser “a primeira” em muitos espaços, mas foca na energia coletiva que rompe essa solidão. Suas narrativas não são apenas histórias; são ferramentas para desafiar o passado e afirmar um futuro mais justo. Uma celebração do poder feminino negro que já está moldando o amanhã, aqui e do outro lado do oceano.

21h30- 23h | Praça das Mães 

Gaymada

23h - 00h30 | Viaduto de Madureira

Show

Majur

Majur é uma cantora e compositora brasileira de Salvador, Bahia, conhecida por sua música que mistura pop, R&B, funk e bases de matriz africana. Sua carreira é marcada por mensagens de diversidade, afeto e autoconhecimento, e por sua forte presença artística, que lhe rendeu participações em grandes festivais como o Lollapalooza Brasil, e a tornou uma figura de representatividade para a comunidade LGBTQIA+ e para pessoas negras. 

27 DE NOVEMBRO (QUINTA-FEIRA)

16h - 17h30 | Viaduto de Madureira | Parceria British Council e National Poetry Centre 

Criar com coragem: que nossos filhos possam sonhar 

Conceição Evaristo e Patricia Kingori
Mediação: Luciany Aparecida 

Como criar filhos e cuidar de uma comunidade em um mundo doente? Como ser mãe diante de tantas catástrofes? Neste diálogo profundo, a força da Escrevivência de Conceição Evaristo encontra a pesquisa de Patricia Kingori sobre poder e desigualdade. Elas partem da vida concreta das mulheres negras para explorar os desafios de proteger a integridade física e mental dos nossos, num contexto de injustiça. Mas a conversa não para no sofrimento; é um farol de esperança. Elas discutem como, mesmo assim, é possível nutrir o sonho nas novas gerações, praticar o cuidado coletivo e forjar estratégias de justiça a partir da nossa própria experiência. Um debate sobre como o ato de criar e proteger a vida é, em si, a semente de um mundo mais saudável.

18h - 19h30 | Viaduto de Madureira 

Não haverá limite para os meus sonhos

Carla Akotirene e Audrey Célestine
Mediadora: Maboula Soumahoro

Não haverá limite para os meus sonhos. Esta afirmação radical é o ponto de partida para as pesquisadoras Carla Akotirene e Audrey Célestine. Em um mundo que tenta impor barreiras à nossa existência, elas exploram como podemos escapar do cerceamento mental do racismo e do colonialismo para reivindicar o direito pleno de imaginar. A conversa é um combate à raiva e um exercício de futuros descolonizados. Elas questionam: como criar novas formas de ser e de pertencer, para além da violência racial? Como queremos viver, e não apenas sobreviver? Neste diálogo, o sonho deixa de ser fuga e se torna a mais potente prática criativa de libertação.

20h - 21h30 | Viaduto de Madureira

O Brasil que a gente tece em família

Barbara Cruz, Eliana Alves Cruz, Paulo Vicente Cruz e Adriana Cruz

Mediador: Gilberto Porcidônio

Neste diálogo, os irmãos Cruz se propõem a atravessar juntos os territórios da memória, da justiça, do tempo, da morte, da escuta e do cuidado e o que esse cruzamento possibilita para repensar o país. Partindo do encontro entre as diferenças e afinidades em suas trajetórias, a mesa entrelaça a construção intergeracional e os percursos singulares de cada um para pensarem sobre os caminhos de continuidade em um mundo marcado pela antinegritude.

00h - 1h30 | Viaduto de Madureira

Luedji Luna

Luedji Luna é uma cantora e compositora baiana nascida em Salvador, conhecida por sua música que aborda temas como ancestralidade, racismo e feminismo. Formada em Direito, ela usa a música para expressar suas vivências e militações, tendo lançado álbuns como "Um Corpo no Mundo" (2017) e "Bom Mesmo É Estar Debaixo D'Água" (2021), que lhe renderam reconhecimento e indicações a prêmios como o Grammy Latino. 

28 DE NOVEMBRO (SEXTA-FEIRA)

9h - 14h | Viaduto de Madureira

Finalíssima Batalha da Memória
Após três meses de desafios semanais, 16 escolas municipais se enfrentam na segunda parte da Batalha da Memória, processo formativo da Flup dedicado à crianças e adolescentes.

16h - 17h30 | Viaduto de Madureira

O rosto da liberdade negra no século 21 

Jean-Claude Barny e Deivison Faustino

Mediador: Elisiane dos Santos 

Como se constrói a libertação negra hoje? Quais são seus contornos, suas estratégias e suas novas linguagens? Neste diálogo transatlântico, o cineasta Jean-Claude Barny (Guadalupe) e o pesquisador Deivison Faustino (Brasil) unem suas expertises para responder a essa pergunta urgente. Eles partem de uma análise das "pós-vidas do colonialismo", os rastros da opressão que ainda moldam nossa realidade, para investigar as lutas atuais por justiça racial. A conversa é um convite para recuperar histórias apagadas, enfrentar o racismo sistêmico e, o mais importante, forjar ferramentas concretas para imaginar futuros de empoderamento e solidariedade. Uma reflexão poderosa sobre os caminhos da liberdade, do Brasil à Europa.

17h30-18h30 | Viaduto de Madureira | Parceria | Instituto Cervantes e União Europeia 

A arte convoca o reencantamento do mundo 

Fred Kuwornu e Laurent Léger-Adame 

A arte pode nos tornar inteiros novamente? O cineasta Fred Kuwornu e o fotógrafo e documentarista Laurent Léger Adame partem dessa pergunta para uma conversa comovente sobre o poder reparador da criação. Eles exploram como o cinema e a literatura podem resgatar histórias apagadas pela violência do tempo e das instituições. Diante de traumas do passado e do presente, qual é o verdadeiro alcance da arte? Ela pode, de fato, restaurar o que foi perdido? Esta mesa é um mergulho nos limites e nas possibilidades infinitas do discurso artístico como um instrumento de reconstrução de memórias, identidades e futuros. Um diálogo sobre usar a criação como um ato de cura coletiva e reencantamento. 

19h-20h30 | Viaduto de Madureira

Navegando afeto: atrás de um porto seguro

Alexis Pauline Gumbs e Jeferson Tenório 

Como navegar um oceano de saudades para encontrar um porto seguro? Nesta conversa, Alexis Pauline Gumbs e Jeferson Tenório tomam o leme do Atlântico Negro para contar uma nova história: uma escrita pela perspectiva negra. Eles celebram as vozes e memórias da diáspora, refletindo sobre como a errância e a perda também podem nos levar de volta para casa. Esta é uma viagem íntima de resgate. Juntos, eles fazem com que as histórias submersas ressurjam, não como fantasmas, mas como alicerces para futuros radicalmente novos. Um diálogo para quem acredita que a maior força da diáspora vem da memória tatuada no corpo. 

21h - 23h3| Viaduto de Madureira | Parceria | União Europeia, British Council e National Poetry Centre

Gira de cineastas: o filme como semente de comunidade 

Steve McQueen encontra Gabriel Martins, Safira Moreira, Dione Carlos, Grace Passô, Juliana Vicente e Patricia Kingori

Mediação: Janaína Oliveira

Em uma roda de conversa, o olhar singular do cineasta Steve McQueen se encontra com a diversidade de vozes do cinema brasileiro. O tema central é a força coletiva da imagem em movimento: como o ato de filmar pode ser um gesto de cuidado com a memória e uma ferramenta ativa para tecer comunidades? Esta não é uma palestra, mas uma gira de ideias. Uma troca sobre como as lentes podem arquivar não só o que foi, mas também ajudar a imaginar e a construir o que queremos ser, todo mundo junto.

00h - 1h30 | Viaduto de Madureira

Mart'nália

Mart'nália é uma cantora, compositora e instrumentista brasileira, filha de Martinho da Vila e Anália Mendonça, nascida no Rio de Janeiro. Ela iniciou sua carreira fazendo backing vocals para o pai e, a partir dos anos 90, estabeleceu-se como artista solo, tocando em bares, casas noturnas e teatros. Seu estilo mistura samba com MPB, e ela ganhou reconhecimento internacional e dois Grammys Latinos. 

29 DE NOVEMBRO (SÁBADO)

14h - 15h30 | CUFA

Em nome da mãe: reinventando heranças 

Conceição Evaristo e Zahy Tentehar

Mediação: Sandra Benites

Elas levam o futuro nos ombros como uma promessa. Neste diálogo, Conceição Evaristo e Zahy Tentehar partilham o ato poderoso de recusar um destino pré-moldado pelo racismo e pelo colonialismo. Ao dizer "não", elas reiventam suas próprias heranças. Falando como uma mulher negra e uma mulher indígena, elas mostram que a cura para as dores do passado está na arte, na memória viva e na força da comunidade. Sua conversa é uma semente de um país menos cínico, lembrando que o futuro começa quando paramos para ouvir umas às outras, a sabedoria da terra e os sussurros que a história não conseguiu apagar.

 15h30 - 17h | Viaduto de Madureira

Os nós em nós: curar a mente, libertar o corpo 

Thamy Ayouch e Isildinha Baptista Nogueira 

Mediação: Érico Andrade 

Como curar as feridas que o colonialismo deixou na nossa psique? Neste diálogo urgente, a psicanalista Thamy Ayouch e a pensadora Isildinha Nogueira partem de Frantz Fanon para investigar a construção da identidade e a subjetividade negra. Ayouch propõe uma psicanálise "queerizada" e descolonial, enquanto Isildinha traz a memória e a arte afro-brasileira como antídotos. Juntas, elas perguntam: como o corpo e a mente colonizados podem se libertar da violência, mesmo hoje? Como receber Fanon, no seu centenário de nascimento, no Brasil de 2025? Uma conversa para desatar os nós invisíveis que a história amarrou em nós, abrindo caminho para futuros de justiça e criatividade.

18h - 19h30 | Viaduto de Madureira

Onde a vida não seja apenas possível 

Dionne Brand e Christina Sharpe

Mediador: Mame-Fatou Niang

O que significa estar “no rastro” da história? Nesta conversa poderosa, Christina Sharpe, com seu conceito de “wake” (que é rastro, vigília e esteira de navio) e Dionne Brand, com sua poesia que recusa o mundo como ele é, nos guiam por uma reflexão urgente. Elas partem da memória diaspórica para pensar as formas de violência e apagamento que persistem, mas também as possibilidades radicais de se viver de outro jeito. Ao conectar esse pensamento com a realidade brasileira, a mesa vira uma oficina de futuros. Elas não só analisam o presente, mas nos equipam para sonhar e construir futuros negros onde a vida não seja apenas possível, mas floresça com justiça e beleza.

20h - 19h | Viaduto de Madureira | Parceria | Instituto Cervantes e União Europeia 

A diáspora em Madureira: As histórias que devem ser fotografadas 

Johny Pitts e Lúcia Mbomio 

Mediação: Emílio Domingos

Da Espanha ao Reino Unido, passando pelo coração do Rio de Janeiro: o que as lentes negras da diáspora estão capturando? Nesta mesa, os fotógrafos Johny Pitts e Lucía Mbomio partilham seus olhares sobre raça e pertencimento, mostrando como a imagem constrói pontes entre realidades distantes. Em um diálogo situado em Madureira, bairro de resistência negra, eles mostram como a fotografia desafia estereótipos e conta as histórias que precisam ser vistas. Através do seu compromisso com a justiça, eles revelam como uma foto pode, onde as palavras falham, iniciar uma revolução de entendimento. 

23h - 00h | Viaduto de Madureira

Roda de Samba

 00h - 05h | Viaduto de Madureira

Baile Charme com participação de Sandra Sá 

Sandra Sá é uma cantora, compositora e atriz carioca, nascida em Pilares, em 1955, conhecida como a "rainha do soul brasileiro". Cresceu imersa na cultura do Movimento Black Rio e estreou na música quando sua composição "Morenando" foi gravada por Leci Brandão em 1978. Ganhou notoriedade nacional no festival MPB 80 da TV Globo com "Demônio Colorido" e lançou seu primeiro álbum solo de sucesso nesse mesmo período. 

30 DE NOVEMBRO (DOMINGO)

14h - 15h30 | Viaduto de Madureira | Parceria União Europeia

Desmontando o racismo estrutural: para quem serve essa teoria?

Cida Bento e Maboula Soumahoro

Mediadora: Alexis Pauline Gumbs

O que o racismo estrutural tem a dizer sobre o Brasil e as Américas hoje? Quem precisa ouvir sua mensagem? As pensadoras Cida Bento e a Maboula Soumahoro, ambas profundas conhecedoras da história da escravidão e da resistência negra, partem dessas perguntas para um debate necessário. Elas exploram os novos caminhos e os grandes desafios dessa teoria, investigando sua potência como ferramenta pedagógica e política. Essa é a ferramenta certa para desfazer o "pacto de branquitude" e construir um novo lugar para todos? Um diálogo para quem quer ir além da superfície no combate ao racismo.

16h - 17h | Viaduto de Madureira | Parceria | União Europeia 

Estrangeiro na sua própria terra

Cacique Valdelice e Cristina Roldão
Mediação: Renata Tupinambá

O que une a luta de um povo indígena por seu território no Brasil e a de uma comunidade negra por pertencimento na Europa? Neste diálogo urgente, a Cacique Valdelice e a pesquisadora Cristina Roldão exploram uma dolorosa semelhança: a experiência de ser tratado como estrangeiro na própria terra. Seja pela falta de um documento, pela violência do Estado ou pela barreira da imigração, o sentimento de desenraizamento é uma ferramenta de opressão. Juntas, elas constroem uma ponte de solidariedade entre essas lutas, mostrando como a defesa dos direitos coletivos e o cuidado com o planeta são a base para criar comunidades verdadeiramente acolhedoras, para além de todas as fronteiras. Os povos originários são raízes que respiram entre a adversidade, como um belo manguezal.

17h30 - 18h30 | Viaduto de Madureira

Um mapa de fuga do pensamento único  

Conceição Evaristo e Denise Ferreira da Silva

Mediação: Fernanda Rodrigues de Miranda

Neste encontro histórico, duas das maiores vozes do pensamento contemporâneo brasileiro, Conceição Evaristo e Denise Ferreira da Silva, se encontram no Viaduto de Madureira. Da Escrevivência que narra a vida concreta das margens, à filosofia radical que desmonta os alicerces coloniais do mundo, elas traçam um mapa de fuga do pensamento único. Este diálogo íntimo e potente pergunta:  como a literatura e a filosofia, juntas, podem tecer novos futuros e reencantar o mundo? Uma conversa para quem acredita que a liberdade é um projeto que começa no território e se expande sem fronteiras, irradiando do coração do subúrbio carioca para o mundo.

19h - 20h30 | Viaduto de Madureira

Imaginação para decodificar promessas tecnológicas 

Ruha Benjamin e Sil Bahia
Mediação: Janaína Damasceno 

E se Inteligência Artificial, que sabemos não ser neutra, estiver apagando nossas histórias? Nesta conversa urgente, a pensadora Ruha Benjamin e a ativista Sil Bahia desvendam como os algoritmos, linguagens generativas e os arquivos digitais podem reforçar o racismo e a desigualdade. Elas partem de um questionamento direto: contra a branquitude da “biblioteca digital” das IAs, quem decide o que é visto, lembrado ou apagado? Juntas, elas não só denunciam o problema, mas investem na imaginação para criar tecnologias inclusivas. Um diálogo para quem acredita que a justiça social também se conquista nos códigos, nos dados e na luta por uma memória digital que nos represente. 

21h30 - 22h30 | Viaduto de Madureira

Roda de Samba

Sobre a Flup – A Festa Literária das Periferias-Flup tem como missão propor outras experiências literárias; por isso, atua em territórios periféricos, abrindo caminhos para que livros, ideias e experiências antes à margem cheguem mais longe. Em 13 anos atuando no Rio de Janeiro, a Flup já passou pelo Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira, Babilônia, Vidigal, Cidade de Deus, Maré, Biblioteca Parque, Museu de Arte do Rio - MAR, Providência e Circo Voador (Lapa), promovendo encontros entre grandes personalidades da literatura, tanto nacionais quanto internacionais. A Flup recebeu prêmios e reconhecimento, entre eles o Faz diferença de 2012 e o Retratos da Leitura de 2016, respectivamente outorgados pelo jornal O Globo, a London Book Fair e o Instituto Pró-Livro. Em 2020, foi vencedora do Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura. Em 2023, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro declarou a Flup patrimônio cultural imaterial. A Flup é um festival feito por equipes de produção majoritariamente negras e com mulheres em cargos de liderança.

ENDEREÇOS

Viaduto de Madureira

(Viaduto Prefeito Negrão de Lima)

Rua Francisco Batista, 01, Madureira, Rio de Janeiro ) 

CUFA - Central Única das Favelas, Madureira

Rua Francisco Batista, 01, Madureira, Rio de Janeiro

Zê ene

Rua Carvalho de Souza, 182, Loja F, em Madureira, Rio de Janeiro

Foto/crédito: Hildemar Terceiro - Legenda: Mame-Fatou Niang 

Fonte: Assessoria de Imprensa

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem