Selecionada pelo curador geral
Gabriel Pérez-Barreiro para apresentar um projeto individual na 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades
afetivas, Denise Milan (São Paulo, Brasil, 1954) participa da mostra com uma instalação
inédita composta por pedras como cristais e ametistas.
Pedras, especialmente as de
origem brasileira, constituem seu principal objeto de pesquisa artística desde
1986, quando a artista, que até então trabalhava com obras luminosas, interessou-se
pelos cristais por sua qualidade condutora de luz. Ao aprofundar seus estudos
sobre os processos geológicos e estender seu conhecimento formal sobre os
cristais e os geodos que viriam a constituir a linguagem artística que
desenvolve há mais de 30 anos, Milan deparou-se
com a impossibilidade de intervir escultoricamente sobre os materiais, dada a
perfeição de suas formas naturais. Ela, então, desenvolveu um processo criativo
configurado pelo deslocamento desses materiais para contextos artísticos e
expositivos e pela criação de narrativas visuais simbólicas acerca dos
processos formativos das pedras e, por extensão, do planeta e tudo o que o
constitui, inclusive os seres humanos.
O projeto da Bienal surge como uma ampliação da instalação com cristais Magma
cristalino, de 2005, agora apresentada ao lado de geodos de ametista
de diversos tamanhos, formados há mais de 220 milhões de anos e encontrados em
cavernas brasileiras. Alguns deles, gigantes, foram selecionados pela artista
por sua semelhança com figuras humanas, o que propicia ao espectador uma
identificação, abrindo espaço para a inclusão dos seres humanos na narrativa do processo de criação da Terra abordada
por Milan a partir de elementos minerais.
"Esta instalação propõe uma cura de um olhar aprisionado, que encara a
pedra apenas como um objeto de extrativismo e sem relação com o processo de
formação do planeta. Com minha obra, proponho um deslocamento do que é
precioso, porque preciosos somos nós. Na medida
em que olharmos o processo e nos identificarmos como parte daquele todo,
podemos entender a importância da participação de
cada um de nós como um átomo na gestação do
mundo", afirma.
Sobre a 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades
afetivas
Apontado pela Fundação Bienal de São Paulo para assumir a curadoria da 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas por sua
proposta de organizar o evento a partir de um "sistema operacional"
alternativo, Gabriel Pérez-Barreiro concebe uma Bienal que privilegia o olhar dos artistas sobre seus
próprios contextos criativos e evita a realização de uma grande
exposição temática em favor de experiências curatoriais múltiplas.
Como indicado pelo título –
inspirado pelo romance Afinidades eletivas (1809), de Johann
Wolfgang von Goethe, e pela tese "Da natureza afetiva da
forma na obra de arte" (1949), de Mário
Pedrosa –, a 33ª Bienal de São Paulo pretende
valorizar a experiência individual do espectador na apreciação
das obras em vez de um recorte curatorial que condiciona uma compreensão
pré-estabelecida. O título não serve como direcionamento temático para
a exposição, mas caracteriza a forma de conceber a mostra a partir de vínculos,
afinidades artísticas e culturais entre os artistas envolvidos.
Com esse pano de fundo, a 33ª Bienal de São Paulo será composta pela
soma de doze projetos individuais selecionados por Gabriel Pérez-Barreiro
a sete mostras coletivas concebidas pelos artistas-curadores: Alejandro Cesarco
(Uruguai/EUA, 1975); Antonio Ballester Moreno (Espanha, 1977); Claudia Fontes
(Argentina, 1964); Mamma Andersson (Suécia, 1962); Sofia Borges (Brasil, 1984);
Waltercio Caldas (Brasil, 1946) e Wura-Natasha Ogunji (EUA/Nigéria, 1970).
A seleção de Gabriel
Pérez-Barreiro inclui uma série icônica de Siron Franco (Goiás Velho, Brasil,
1947); homenagens a três artistas falecidos: Aníbal López (Cidade da
Guatemala, Guatemala, 1964 - 2014), Feliciano Centurión (Paraguai, 1962 -
Argentina, 1996) e Lucia Nogueira (Brasil, 1950 - Reino Unido, 1998); além de
projetos comissionados de oito artistas: Alejandro Corujeira (Argentina, 1961),
Bruno Moreschi (Brasil, 1982), Denise Milan(Brasil, 1954), Luiza Crosman (Brasil, 1987), Maria Laet
(Brasil, 1982), Nelson Felix (Brasil, 1954), Tamar Guimarães (Brasil, 1967) e
Vânia Mignone (Brasil, 1967).
A Fundação por trás da 33ª Bienal
A proposta
apresentada por Gabriel Pérez-Barreiro e selecionada pela Fundação Bienal para a 33ª edição
da mostra encontra ressonância não apenas na vocação
própria da instituição, mas também no desafio de se manter contemporânea em
pleno século 21. Ao questionar modelos estabelecidos e repensar a própria forma
de se fazer exposições de arte de grande escala, o projeto vai ao encontro da
atividade cotidiana da Fundação Bienal, que consiste
em olhar sempre para o novo sem perder de vista suas mais de seis décadas de
história.
Serviço
33ª Bienal de São Paulo – Afinidades
afetivas
De 7 de setembro a 9 de dezembro de 2018
Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera
Foto/crédito: Thomas Susemihl
Fonte: Assessoria de Imprensa
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