Entre os dias 3
e 7 de abril, o Pavilhão da Bienal sedia a 15ª edição da SP-Arte – Festival
Internacional de Arte de São Paulo, evento que reúne renomados expositores
nacionais e internacionais, entre galerias de arte e design e instituições.
Juntos, apresentam mais de 2 mil artistas, entre nomes consagrados do período
moderno e emergentes da cena contemporânea. Em meio aos trabalhos expostos, o
público poderá conferir três projetos curados: Solo, Masters e Performance,
concebidos com o objetivo de expandir e diversificar a programação do Festival.
Na ocasião dos
quinze anos da SP-Arte, o evento chega à maturidade renovando a equipe de
curadores. Alexia Tala (Chile) assume a curadoria do setor Solo; a antiga seção
Repertório ganha direção de Tiago Mesquita e é rebatizada como Masters; e
Marcos Gallon inova o formato do setor Performance.
Confira abaixo
um pouco mais sobre cada um desses espaços:
Solo
Nesta edição, a
SP-Arte dedica o setor Solo à América Latina e reaproxima o Brasil da região.
Criado em 2014, o Solo promove mostras individuais de artistas contemporâneos,
proporcionando ao público uma imersão nas práticas apresentadas. A curadoria de
Alexia Tala estabelece um diálogo entre projetos distintos que questionam o
estatuto das identidades latino-americanas e costuram relações entre narrativas
aparentemente desconexas. Nesse sentido, são traçados diálogos por meio de
eixos curatoriais que aproximam produções brasileiras a outras da região
latino-americana.
A curadora
propõe desconstruir a visão eurocêntrica que a América Latina tem de si – terra
que se vislumbra descoberta e civilizada a partir do contato com os europeus. A
seleção de Alexia explora olhares críticos sobre as consequências da exploração
de recursos naturais, os territórios reais e imaginários do continente,
ancestralidade e tradição, além da mescla entre estratégias documentais e
narrativas poéticas.
Autor de uma
obra que recupera o sagrado afro-brasileiro sob uma perspectiva decolonial, Ayrson
Heráclito (Portas Vilaseca, Brasil) é um dos grandes destaques da edição, assim
como o paraguaio Feliciano Centurión (Walden, Argentina), artista cuja obra se
caracteriza pelos bordados em mantas e almofadas, apropriando-se de técnicas
tradicionais para expressar imagens e palavras de seu mundo interior.
Recentemente, um recorte significativo de sua produção foi apresentado na 33ª
Bienal de São Paulo. O bordado também surge na obra recente de Randolpho
Lamonier (Periscópio, Brasil), artista que aborda criticamente questões
políticas perenes e urgentes do cotidiano nacional.
Entre as
estreias internacionais, a Feira recebe as galerias Bendana-Pinel Art
Contemporain (França), Die Ecke Arte Contemporáneo (Chile) e Patricia Ready
(Chile). A primeira apresenta trabalhos de Sandra Vásquez de la Horra (Chile),
artista que toma o desenho como principal linguagem para retratar figuras que
fundem culturas, mitos e crenças. Com forte carreira internacional, sua última
passagem pelo Brasil foi na 30ª Bienal de São Paulo.
Já a Die Ecke
traz a obra de Alejandra Prieto (Chile), que faz uso metonímico de materiais
como o cobre e o lítio para tratar do sistema de exploração mineral que
sustenta a economia de seu país. Fechando o time chileno, Patricia Ready
apresenta María Edwards, artista emergente que reconfigura o espaço e os
objetos através de suas instalações.
A galeria
espanhola Espaivisor retorna à Feira com uma individual de Fernando Bryce
(Peru), cujo trabalho se concentra na apropriação de documentos de cultura de
massa. O artista participou da histórica 28ª Bienal de São Paulo, curada por
Ivo Mesquita. A também peruana Nicole Franchy (IK Projects, Peru) se vale da
fotografia, da colagem e do desenho para criar instalações a partir de um olhar
mais etnográfico.
De Caxias do
Sul, Rafael Pagatini (OÁ, Brasil) realiza gravuras, fotografias e instalações
para investigar as relações entre arte, memória e política. A dupla Manata
Laudares (Sé, Brasil) marca presença com trabalhos de formatos diversos, que
discutem as ambiguidades do mundo virtual, circulação de informação e música.
Masters
Antes chamado de
Repertório, o setor chega à sua terceira edição sob curadoria de Tiago
Mesquita. O crítico e professor de história da arte herda seção de Jacopo
Crivelli Visconti, próximo curador da Bienal de São Paulo. O projeto visa
contribuir para a formação de um repertório mais aprofundado acerca de
determinado recorte histórico e artístico. Um dos propósitos da seção é
apresentar para o público artistas ou trabalhos de relevância que, por motivos
diversos, tenham sido pouco expostos.
Desta vez, as
obras exibidas abarcam o arco entre os anos 1950 e 1980. "Dei prioridade a
artistas que pensam as vanguardas depois que as promessas utópicas da
modernidade se dissiparam", afirma Mesquita. Problemáticas inerentes ao
período, tais como crises de representação e um viés conceitual de tom crítico,
permeiam essas produções – todas de artistas do Sul Global. Em seu recorte, Mesquita
prezou pela diversidade estética das obras, cuja seleção inclui vídeo artistas,
pintores, performers e artistas conceituais.
Com trabalhos
expostos em duas das principais exposições paulistanas de 2018, Mulheres
radicais, exibida pela Pinacoteca do Estado, e Histórias da sexualidade, do
Museu de Arte de São Paulo (Masp), Letícia Parente (Jaqueline Martins, Brasil)
marca presença no setor como uma das pioneiras da videoarte no Brasil. A ela se
junta a também precursora do vídeo Analívia Cordeiro (Aninat Galería, Chile),
bailarina e coreógrafa que investiga as artes do corpo em associação com as
mídias eletrônicas. Outra artista fundamental na arte brasileira presente na
mostra é LygiaPape (Almeida e Dale, Brasil), nome seminal do movimento
neoconcreto que contribuiu para a expansão dos limites artísticos e deixou um
legado multidisciplinar.
Representante do
Uruguai na Bienal de Veneza deste ano, o artista Yamandú Canosa (Zielinsky,
Espanha) revela o interesse por temas como identidade cultural, memória,
relações interpessoais e migrações. A edição conta ainda com a presença icônica
de Lothar Charoux (Berenice Arvani, Brasil), concretista de origem austríaca
que fez do Brasil o seu país logo aos dezesseis anos.
Reconhecido pelo
rigor formal e intelectual, Carlos Fajardo (Marcelo Guarnieri, Brasil) tem
exibida sua produção das décadas estudadas pelo setor. Contemporâneos, Pedro
Escosteguy e Rubens Gerchman (Superfície, Brasil) também participam do projeto.
Ambos integraram a histórica exposição Opinião 65, coletiva realizada pelo
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro que enunciou a nova figuração no país,
com fortes tendências críticas. Do mesmo período, é destacado Carlos Zilio
(Cassia Bomeny & Raquel Arnaud, Brasil), artista cuja trajetória se
mescla com a de militante político, tendo a ditadura militar influência direta
em suas criações.
Por fim,
designer, arquiteto e artista plástico, José Ricardo Dias, mais conhecido como
Ridyas (Central, Brasil), tem sua curta trajetória celebrada pela curadoria.
Autor de uma obra concisa, ele faz o uso da palavra para a criação de gráficos
irônicos, com uma boa dose de crítica social.
Performance
Um dos grandes
destaques da edição anterior, o setor Performance surge em novo formato: deixa
de ter um espaço específico e volta a espalhar-se pela Bienal. Marcos Gallon,
diretor artístico da Verbo – Mostra de Performance Arte, assume a curadoria do
núcleo.
As seis
performances selecionadas refletem a diversidade de práticas que constituem o
campo da performance. "Consigo identificar algumas características das
performances feitas no Brasil: há artistas que se aproximam de ideias
ancestrais; artistas que empregam outras mídias, criando ferramentas ou extensões
do corpo; artistas que se aproximam da literatura, entre outros. Me interessam
essas questões práticas do fazer, que integram fortemente o campo da
performance", afirma Gallon.
Numa colaboração
entre a SP-Arte e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o time de curadores do
museu escolherá uma das performances apresentadas para integrar o seu acervo. A
doação da Feira visa incentivar a presença desta modalidade artística nos
contextos comercial e institucional da arte.
"Há
artistas que autorizam que o registro da ação seja apresentado, assim como sua
reencenação em contextos específicos. Mas há outros que privilegiam a
experiência ao vivo. Apesar de complexo, o ato de colecionar performances é
possível por meio de registros audiovisuais ou documentais. Queremos justamente
fomentar coleções desse tipo no Brasil", completa o curador.
Durante o
Festival, o avaf (assume vivid astro focus) (Casa Triângulo, Brasil) apresenta
performance inédita que embaralha cultura popular e danças contemporânea e
afro. A coreografia é executada junto a um tapete dançante na companhia de uma
trilha sonora produzida ao vivo.
Cadu (Vermelho,
Brasil) convida tricoteiras profissionais para a criação de um trabalho que
deixará vestígios pelos corredores do Pavilhão. Ele toma como inspiração uma
senhora artesã que conheceu em uma residência artística na Polônia, fazendo um
cruzamento com o mito grego das Moiras.
Cristiano
Lenhardt (Fortes D'Aloia & Gabriel, Brasil) conta com a participação de
Ayla de Oliveira para criar roupas e objetos cênicos com recortes de jornais,
em meio a entoação de prosas poéticas que se desdobram para fora do Pavilhão.
Jorge Soledar (Portas Vilaseca, Brasil), por sua vez, encena dois tipos comuns
da contemporaneidade – um homem investidor e uma mulher blogueira – em uma
performance que reflete acerca da desumanização na sociedade moderna.
Formada em
dança, Maria Noujaim (Galeria Jaqueline Martins, Brasil) apresenta uma
performance que toma a linguagem como um sujeito que atua diretamente no
espaço. Cada ação da artista se estende por três horas, sendo que o espaço da
performance é construído junto à arquitetura rítmica presente em desenhos em
vinil espalhados pelo local.
O artista
JaimeLauriano (Galeria Leme/AD, Brasil) completa o grupo de performances na
SP-Arte e realiza uma ação participativa em que mudas de Pau-Brasil substituem
as vinte e sete estrelas da bandeira nacional. As plantas serão distribuídas ao
público, propondo uma reflexão sobre os acontecimentos políticos recentes no
Brasil.
Serviço:
15ª edição da
SP-Arte
Preview para
convidados:
3 de abril
Datas abertas ao
público:
4 a 6 de abril –
Quinta-feira a sábado, das 13h às 21h.
7 de abril –
Domingo, de 11h às 19h.
Local:
Pavilhão da
Bienal - Parque Ibirapuera, Portão 3 - São Paulo, Brasil
Entrada:
R$ 50,00 [geral]R$
20,00 [meia promocional*]
*estudantes,
portadores de deficiência e idosos com mais de sessenta anos [necessária a
apresentação de documento]. O Vale-Cultura poderá ser utilizado para o
abatimento de 50% do valor do ingresso. Crianças de até dez anos não pagam
entrada.
A bilheteria
encerra suas atividades trinta minutos antes do término do evento.
Ênio Cesar para
SP-Arte/2018 – Legenda: O trabalho do russo Ilya Fedotov-Fedorov na Fragment.
Fonte:
Assessoria de Imprensa
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