FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ LANÇA CATÁLOGO DA MOSTRA DA TERRA BRASILIS À ALDEIA GLOBAL


No dia 10 de julho, a Fundação Edson Queiroz lança o catálogo de Da Terra Brasilis à Aldeia Global, exposição que ocupa o Espaço Cultural Unifor e que marca os 45 anos da Universidade de Fortaleza (Unifor). O lançamento será realizado no próprio espaço, às 8h30, e será ainda seguido por uma visita guiada. Com 190 páginas, o catálogo apresenta ao público registros de algumas das mais de 270 obras que compõem a mostra, abrangendo um arco temporal que se estende entre os séculos XVI e XXI. A publicação traz ainda textos de Denise Mattar, curadora da exposição, e apresentação de Lenise Queiroz Rocha, presidente da Fundação Edson Queiroz.

Inaugurada em 20 de março de 2018, a mostra segue em cartaz até 24 de março de 2019, reunindo trabalhos dos principais artistas do Brasil e também de estrangeiros que muito bem retrataram o País. De modo cronológico e didático, a exposição percorre todos os movimentos da arte brasileira, partindo do livro Americae Tertia Pars, do livreiro belga Theodore de Bry, chegando até a contemporaneidade. Cada um dos períodos é contextualizado, evidenciando o reflexo que seus respectivos momentos histórico, político e social tiveram em sua concepção.

"Acredito que esta exposição reflete muito mais do que uma exibição de arte. Neste espaço, que já abrigou grandes artistas cearenses, brasileiros e internacionais, tivemos vivências imensuráveis", pontua Lenise Queiroz. "Selecionamos, com toda consonância curatorial, aquilo de mais representativo para mostrar que o valor artístico continua vivo. Vivo para as pessoas, para a História, para tudo aquilo que tem significado de fato. Queremos comemorar os 45 anos de nossa querida Unifor, mas também queremos convidar a todos para uma caminhada histórica e simbólica", completa.

Randal Pompeu, vice-reitor de Extensão da Universidade de Fortaleza, lembra que a arte e a cultura fazem parte da atuação da instituição desde sua criação, em 1973, quando foi realizada a primeira mostra. "Desde então, a Unifor realizou sucessivas exposições e, em paralelo, a Fundação Edson Queiroz constituiu uma das coleções de artes visuais mais importantes do país, hoje reconhecida e exposta nacional e internacionalmente", destaca.

Subordinada durante séculos às correntes artísticas internacionais, a arte brasileira sempre viveu sob o constante processo de cópia e repetição, adaptação e transformação, conseguindo poucas vezes imprimir a sua produção um sabor nacional. Barroco, Academia, Modernismo, Abstracionismo, Concretismo, Nova Figuração, Conceitualismo, Transvanguarda e Neoexpressionismo foram se sucedendo de forma cada vez mais veloz. Essa dinâmica começou a se reverter no final da década de 1980, quando se abriu espaço para a internacionalização e a arte realizada aqui começou a se integrar ao circuito de arte mundial.

Além de traçar esse roteiro com o exterior, Da Terra Brasilis à Aldeia Global aponta como a questão centro e periferia se repetiu internamente no Brasil, sempre privilegiando os centros econômicos. No início da colonização, até então situados nas regiões Norte e Nordeste, esses centros deslocaram-se para o Rio de Janeiro, em função da descoberta do ouro – até a absoluta predominância do eixo Rio-São Paulo.

"A excepcionalidade da coleção da Fundação Edson Queiroz permite contar essa história, quase sem lacunas, pois seu acervo excede em qualidade e quantidade a de muitos museus do eixo Rio-São Paulo", pontua Denise Mattar. Neste contexto, a curadora destaca ainda a produção de artistas cearenses, integrando-os a cada um dos movimentos apresentados pela mostra.

Da Terra Brasilis à Aldeia Global: a arte brasileira em 9 módulos

Módulo 1: Terra Brasilis (1500–1637)

Constam as obras Primeira Missa, de Victor Meirelles, Primeira Missa em São Vicente, de Johann Moritz Rugendas, além de quatro óleos de Frans Post e Vista do Recife e seu porto, de Gillis Peeters.
Módulo 2: A matriz barroca (séc. XVII-XVIII)

Consta o conjunto de quatro obras denominado Os Quatro Continentes, pinturas de forros caixotonados de autor desconhecido, usuais nas igrejas, capelas e salas senhoriais desse período. Segundo Denise Mattar, esses trabalhos guardam similaridade com o forro da Igreja Matriz de Aquiraz, datada de 1713. A exposição terá vídeo sobre essa igreja, mostrando a herança barroca presente na primeira capital do Ceará. O vídeo será produzido pelo professor Glauber Filho, do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor, com apoio técnico da TV Unifor.

Módulo 3: Reais mudanças (1808-1821)

Constam, entre outras, as obras Retrato de D. Pedro I (1829), óleo de Simplício de Sá Rodrigues, que tem um similar no Museu Imperial de Petrópolis (RJ), e Juramento da Regência Trina (1831), de Araújo Porto Alegre, que retrata, em proporções murais e com riqueza de detalhes, a cerimônia de posse da Regência Trina, realizada no Paço Imperial.

Quase todos os integrantes da Missão Francesa estão representados no grupo A Presença Francesa, destacando-se as obras São João(1799), de Nicolas Antoine Taunay, e Cascatinha da Tijuca (1840), de Félix-Emile Taunay. O módulo encerra-se com o conjunto O Olhar Estrangeiro, que inclui ainda pinturas, gravuras e álbuns de viagens, destacando-se obras de Adolphe D'Hastrel, August Müller, Durand-Brager, Conde de Clarac, Arnaud Julian Pallière e Johann Moritz Rugendas.

Módulo 4: Uma Academia nos trópicos (1826 -1922)

Seleção de obras de artistas influenciados pela Academia Imperial de Belas Artes (AIBA). A Coleção da Fundação Edson Queiroz reúne os mais importantes artistas acadêmicos brasileiros desse período. Fazem parte do núcleo obras de Belmiro de Almeida, Eliseu Visconti, Almeida Júnior, Rodolpho Amoedo, Vicente Leite e Raimundo Cela.

Módulo 5: Modernidade (1917-1950)

A Coleção da Fundação Edson Queiroz tem obras dos principais artistas do Primeiro Modernismo, dentre os quais, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Ismael Nery, Gomide, entre outros. A criação dos Museus de Arte Moderna em São Paulo e Rio, entre 1947 e 1948, encerra o ciclo do Segundo Modernismo, abrindo espaço para a chegada do Abstracionismo. Obras de Pancetti, Guignard, Segall, Volpi, Bruno Giorgi, Flávio de Carvalho, Ceschiatti e Aldemir Martins completam o módulo, que prestará homenagem especial a três artistas brasileiros, com salas em separado: Di Cavalcanti, Milton Dacosta e Candido Portinari.

Módulo 6: A Força da Abstração (final dos anos 1940 até a atualidade)

Dele fazem parte artistas abstrato-informais da Coleção: Vieira da Silva, Antonio Bandeira, Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Walber Batinga, Iberê Camargo e Frans Krajcberg. Dos grupos de Concretos e Neoconcretos, integram a exposição Ivan Serpa, Abraham Palatnik, Franz Weissmann, Hélio Oiticica e Lygia Clark. Sem fazer parte dos grupos citados, outros artistas desenvolveram, ao longo dos anos, sua pesquisa no abstracionismo geométrico, e por isso merecem destaque na exposição. São eles Aldo Bonadei, Heloísa Juaçaba, Mira Schendel e Eduardo Frota.

Módulo 7: Tempos difíceis (1960-1970)

O título que dá nome ao módulo faz alusão ao período da Ditadura Militar. Entre os artistas deste período, Antonio Dias, Wesley Duque Lee, Sérvulo Esmeraldo, Lygia Pape, Cildo Meireles e Waltércio Caldas.

Módulo 8: Chuvas de verão (1980 - 1990)

Agrupa os artistas da chamada "Geração 80", reunindo obras dos principais nomes desse período: Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Daniel Senise, Francisco de Almeida, João Câmara Filho, Leda Catunda e Leonilson.

Módulo 9: A Aldeia Global (de 1990 até a atualidade)

Denise Mattar selecionou obras significativas da Arte Contemporânea presentes na Coleção da Fundação Edson Queiroz. São trabalhos de artistas como Adriana Varejão, Mariana Palma, Vik Muniz, José Tarcísio, Luiz Hermano e Efrain Almeida.

Sobre a Fundação Edson Queiroz

Como poucas instituições no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, a Fundação Edson Queiroz construiu amplo acervo de arte brasileira, sobretudo do século 20, com obras de artistas do porte de Lygia Clark, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Hélio Oiticica, Candido Portinari, Alfredo Volpi, entre outros. A articulação entre a educação superior e as artes faz parte da essência da Fundação EdsonQueiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), onde a comunidade acadêmica convive em harmonia com as artes visuais, o teatro, a música e a dança, por meio da realização de exposições, espetáculos e do apoio permanente a seus grupos de arte – Big Band, Camerata, Cia. de Dança, Coral, Grupo Mirante de Teatro e Grupos Infantis de Sanfona, Flauta, Violino e Piano. Criado em 1988 e instalado no campus da Universidade, o Espaço Cultural Unifor apresenta exposições de grandes artistas internacionais, como Rembrandt, Rubens e Miró, artistas brasileiros e jovens talentos locais. A Fundação mantém ainda a Biblioteca Acervos Especiais, composta por cerca de 8 mil livros raros, que datam desde o século XV, incluindo parte significativa da coleção que pertencia a Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccilo Matarazzo, aberta à visitação pública sob agendamento.

Serviço

Lançamento do catálogo: Da Terra Brasilis à Aldeia Global

Local: Espaço Cultural Unifor

Data: 10 de julho de 2018, às 8h30

Período expositivo: de 20 de março de 2018 a 24 de março de 2019

Visitação: de terças a sextas-feiras, das 9h às 19h; sábados e domingos, das 10h às 18h

Mais informações: (85) 3477.3319

Acesso gratuito

Fonte/Foto-reprodução/divulgação: Assessoria de Imprensa - Legenda: Capa de Da Terra Brasilis à Aldeia Global | Coleção Fundação Edson Queiroz Unifor - 45 anos

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